13/07/2012 |
Rosinha Martins
O 3º
Congresso Missionário promoveu na manhã desta sexta, 13, dois painéis
temáticos: o primeiro discorreu sobre o mundo secularizado e pluricultural e
foi assessorado pelo Irmão José Nery. O segundo painel teve como assessor o
teólogo padre Paulo Suess que refletiu sobre o tema: "Discipulado
missionário: do Brasil para um mundo secularizado e pluricultural, à luz do
Vaticano II".
Em sua fala padre Paulo destacou os impulsos do Concílio que evidenciam os passos dados em vista da abertura da Igreja para o mundo no sentido de tornar o povo sujeito de uma Igreja que continua a obra do próprio Cristo que veio ao mundo para dar testemunho de verdade, para salvar e não para condenar, para servir e não para ser servido", o que ele chamou de "virada popular". Para o teólogo, há 50 anos da realização do Concílio essa virada está inibida e destacou alguns elementos que possam favorecer a desinibição dessa virada: o aggiornamento como orientação programática, como abertura ao mundo, que segundo ele significa deixar a realidade do mundo entrar na Igreja e entrar na realidade do mundo.
"E essa
realidade tem várias dimensões: a dimensão macrocultural da modernidade
secularizada e a dimensão da convivência concreta no mundo pluricultural. O
aggiornamento expressa a vontade de construir duas pontes de mão dupla: uma
entre Igreja e a dimensão universal das conquistas do mundo moderno, e outra,
entre Igreja e o mundo local e cultural, onde o povo vive, se encontra e se
comunica", afirmou.
De acordo
com o assessor, a Igreja Lationoamericana traduziu esse aggiornamento como
opção preferencial pelos pobres e "libertação", retratado na
Conferência de Medellín (1968), "participação", "assunção"
e "comunidades de base", em Puebla (1979), como "inserção"
e "inculturação", em Santo Domingo (1992) e como "missão",
"testemunho" e "serviço" de uma Igreja samaritana e
advogada da justiça e dos pobres, em Aparecida (2007).
A fidelidade
e audácia frutos do Concílio, ajudam a Igreja a repensar a missão no contexto
dos 50 anos do início do Vaticano II e aprofundar o alcance da natureza
missionária da Igreja.
Outro
elemento fundamental para o discípulo missionário, fruto dessa virada popular
pós-concílio é o reconhecimento e a consciência de que ele não tem luz própria.
"Nossa luz como missionários vem de Jesus. Ser luz, farol de Jesus é
acompanhar os pobres nas suas alegrias e tristezas. No ser transparente e no
estar próximos aos crucificados na história temos o núcleo da "virada
popular" do discipulado missionário, disse.
O assessor
fez referência à cura do cego na piscina de Siloé. Com a colocação do barro nos
olhos do cego, Jesus reproduz, simbolicamente, a criação do mundo novo, o fim
das trevas e da cegueira naquele que renasce da água e do Espírito Santo. O
ungido com o barro é enviado para lavar-se na piscina de Siloé e Siloé
significa: "enviado". "Vai lavar-te na piscina de Siloé",
abre os olhos, você é enviado para ser luz do mundo! Dar vista aos cegos é um
sinal messiânico da salvação definitiva.
"O
Vaticano II produziu muitos frutos, mas falta desinibir essa virada popular. O
povo de Deus precisa de autonomia. As supervisões afastam o discípulo
missionário do rosto concreto dos pobres. A luz de Cristo não vem do brilho do
Belo Monte e de outras hidrelétricas, mas da cura das nossas cegueiras. O
missionário precisa lavar-se na piscina de Siloé e ser enviada como cordeiros
entre lobos, concluiu.
Fonte:
Assessoria de Comunicação do 3ºCMN
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