O PIRARUCU SAFADO

O banquete da floresta

José Ribamar Bessa Freire


  Pode reparar: no fundo, no fundo, por trás de qualquer safadeza, existe sempre uma dose de frescura ou, como diria o saudoso senador Fábio Lucena que se amarrava num latinorum, “nulla lascivia sine frigidarium”. Por isso, todo pirarucu safado é fresco, embora nem todo pirarucu fresco seja necessariamente safado. Já o tucunaré, quando corre na floresta, cheio de frescurite, fica metido à besta. Há quem prefira uma piranha rabuda, fresquinha e sem bucho, mas piranha assim é mais difícil de encontrar do que piranha suada, salgada e rodada.

Medalhão de Pirarucu Safado, Tucunaré Metido à Besta, Mojica de Piranha Fresquinha, Risoto de Tucumã com Banana Pacovã, Farofa de Pupunha – esses nomes tão sugestivos, maliciosos e saborosos são alguns dos pratos criados por Charufe Nasser, em mais de trinta receitas que estão no livro escrito por ela e Liduína Moura.

O livro, intitulado “Banquete de Lendas – Mitos e Sabores do Amazonas no Oráculo das Coniupuiaras”, está saindo do forno nas próximas semanas. Chachá entra com as receitas e suas histórias de vida, Liduína com as narrativas míticas, Leônide Príncipe com as fotos e esse locutor que vos fala com a apresentação (e como cobaia).

Só as formas de preparar o pirarucu são mais de dez: escondidinho, pirarucu de casaca à moda Charufe, filé do dito cujo nativo, virado de pirarucu seco, moqueca de pirarucu garantido, pirarucu caprichado, pirarucu de forno que delícia ou à milanesa com castanha do Pará e purê de banana pacovã.

Outras receitas fazem poesia com tambaqui, piranha, bodó e tucunaré. Esse último, metido à besta, é bordado com brócolis, alcaparras, cogumelo fresco e vinho branco. Tem ainda receita de bolo de pupunha, mousse de palmito, geléia de cupuaçu, pudim de açaí. Mas o forte mesmo são as receitas de peixe.

Os peixes são cantados por Liduína, que recria as encantarias das águas e o lendário amazônico, lembrando que “o peixe, pão, vida e habitante das profundezas das emoções humanas, a água, nos oferece um banquete de símbolos: está presente na astrologia, na mitologia, no nosso prato, nas conversas de pé de fogo, com mentirinhas ou lorotas de pescadores ou com a magia dos ‘kumu’, contadores de histórias, mitos e lendas que nos arrebatam com o olhar estrangeiro da descoberta de um mundo novo”.

O verbo se fez peixe

Charufe Nasser, filha de libaneses e da floresta, nasceu no seringal Príncipe, nos barrancos do rio Juruá. Essa sultana do seringal tem o lirismo e tudo aquilo que um poeta precisa para o seu ofício. Adora brincar com as palavras, com aquela sacanagem lúdica que é um convite irrecusável para o banquete da vida. Mas brinca, sobretudo, com os temperos, fazendo surpreendentes combinações com os peixes e frutas da Amazônia, demonstrando um domínio absoluto da sintaxe gastronômica. Com Chachá, o verbo se fez peixe e habitou entre nós (Babá e João, 1: 1,14).

Quando entra no forno a palavra que não é encarnada, mas empeixada - se me permitem o neologismo - carrega consigo talento, criatividade, imaginação. Chachá aprendeu os segredos da cozinha com sua avó, no barracão, observando a comida do seringueiro que tinha no peixe moqueado a grande iguaria que o libertava do trivial: jabá, corned beef e feijão enlatado. “Ainda sinto na boca o gosto do mandi salgado pela vovó” – ela diz meio século depois - lembrando as festas de aniversário no barracão, que duravam dias.

Desde pequena, Chachá observou a comida do seringueiro e brincava na casa de boneca, com sua irmã Leila, com panelinhas e fogareiros, preparando farofas imaginárias de tripas de galinha, ovos fritos e cozidos, arroz, feijão e outras iguarias. Depois, acompanhava seu avô à horta, maravilhada com os canteiros de berinjelas, maxixes, quiabos, cheiro, cebolinha, salsa, hortelã, milho, tomate, couve, pimentão e mandioca, que nos dá a farinha, sem a qual o seringueiro não vive. Foi daí, da floresta, do seringal, do barracão, que Chachá tirou sua inspiração.

Aos dezesseis anos, o velho Nasser, podre de rico, internou as duas filhas – ela e Leila – no Colégio Santa Marcelina, no Rio de Janeiro. Morrendo de saudade, ela pediu e o pai mandou, de avião, no constellation da Panair, quilos de tartaruga congelada. Chachá arrebentou: na cozinha do colégio fez um sarapatel para as freiras e trinta colegas. A madre superiora saiu miando, ficou de joelhos e rezou 5 mil jaculatórias: “Graças sejam dadas a todo o momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento”.

Mas olhem só o que a danada da Chachá aprontou. Deixou a madre superiora de quatro, suspirando, e fugiu pra terra de seus pais, onde fez uma espécie de mestrado em culinária. Morou um ano no Líbano, “onde aprendi quase tudo o que sei de sabores e temperos”. Ao tucumã, pupunha, açaí, cupuaçu acrescentou as oliveiras, macieiras, videiras, pereiras, figueiras e outras frutas até então desconhecidas. Observou como os seus tios faziam o azeite em casa e como preparavam conservas caseiras de azeitona, nabo, pepino, rabanete.

De lá, saiu pra fazer um verdadeiro doutorado na Europa. Com os portugueses, conheceu os vários tipos de azeite e azeitonas e as formas de preparar bacalhau. Na Espanha, fez curso intensivo de paella, cujos pré-requisitos eram as disciplinas ‘calamares en su tinta’, ‘porquinho a pururuca’ e ‘tortilla de batatas com cebola’.

Daí, deixou o mundo ibérico e percorreu a Itália, olhando como as nonnas de Toscana fazem o molho de tomate. Viveu um tempo na França das manteigas, queijos, vinhos, mostardas e molhos. Finalmente, curtiu os embutidos da Alemanha, seus chucrutes, joelho de porco e strudels, antes de retornar para nós.

Chachá nos une

Chachá é isso ai: uma mistureba de índio, seringal, arigó, Líbano, várias europas, uma síntese maravilhosa do bom e do belo de tantas matrizes culturais que nos formaram como identidade regional dentro do Brasil. Ela carrega nossa história e expressa como ninguém o sentimento e o gosto dos amazônidas, resultado dessa salada híbrida.
 
Na culinária, a sultana dos seringais é imbatível e tão representativa daquilo que a gente sente e saboreia, daquilo que a gente é, quanto, na música, o maestro Cláudio Santoro, ou na poesia, Thiago de Mello e Luiz Bacellar. Todos eles, ela incluída, nos tornam universais e reforçam o orgulho do que somos: amazonenses. [...]

Essa culinária está para a Amazônia como o futebol está para o Brasil. O meu grito de gol se mistura ao do Sarney, Collor, Maluf e Renán Calheiros. É terrível admitir, mas nessa hora a gente compartilha os sentimentos com grandes pilantróides e reconhecidos crápulas. Que o diga o meu sobrinho Pão Molhado, que teve uma crise ideológica depois de morrer e renascer no sarapatel da Chachá. “Ninguém consegue ser subversivo após uma feijoada”, já nos advertia Barbosa Lima Sobrinho, do alto da experiência de seus cem anos de vida. [...]

Pirarucu grelhado com tucupi
A cozinha da Chachá, quando se mostra, aproxima o humano do divino. Ela não é afobada, não come cru, consciente de que a pressa é inimiga da refeição. Charufe Nasser, artista, debochada, lírica, sacana, poderosa, amiga, fiel, inventiva, capaz de rir de si mesma, é mais importante para a identidade da Amazônia do que ela própria suspeita, porque não só domina os temperos, mas a linguagem da culinária regional, a ponto de torná-la universal, reelaborando suas experiências de vida na Amazônia no diálogo com outras culturas.

Quem comeu o croquete de macaxeira dela, que deixa no chinelo o bolinho de bacalhau da Fabíola, de insensato coração, sabe do que estou falando. O livro de Charufe Nasser e Liduína Moura compartilha, com generosidade e sabedoria, o saber e o sabor nosso de cada dia, lembrando:

“Não podes consumir além do teu apetite. A outra metade do pão pertence a outra pessoa e deves deixar um pouco do pão para o hóspede inesperado”.

Que todo cidadão tenha o direito de degustar o pirarucu safado, o tucunaré metido a besta e - por que não? - a mojica de piranha fresquinha, saboreando aquela outra metade que Chachá nos convida, a nós, hóspedes inesperados!

[Texto na íntegra: 
Diário do Amazonas (19/06/2011) e

Terras estão mais concentradas e improdutivas no Brasil


 
Não esquecer a Reforma Agrária!


 
21 de junho de 2011
Por Igor Felippe Santos
Da Página do MST
Latifúndio bem servido

Dados do cadastro de imóveis do Incra, levantados a partir da auto-declaração dos proprietários de terras, apontam que aumentou a concentração da terra e a improdutividade entre 2003 e 2010 (veja tabela no início do texto).

Atualmente, 130 mil proprietários de terras concentram 318 milhões de hectares. Em 2003, eram 112 mil proprietários com 215 milhões de hectares. Mais de 100 milhões de hectares passaram para o controle de latifundiários, que controlam em média mais de 2.400 hectares.

Os dados demonstram também que o registro de áreas improdutivas cresceu mais do que das áreas produtivas, o que aponta para a ampliação das áreas que descumprem a função social. O aumento do número de imóveis e de hectares são sinais de que mais proprietários entraram no cadastro no Incra.

Em 2003, eram 58 mil proprietário que controlavam 133 milhões de hectares improdutivos. Em 2010, são 69 mil proprietários com 228 milhões de hectares abaixo da produtividade média. “Essas áreas podem ser desapropriadas e destinadas à Reforma Agrária”, afirma José Batista de Oliveira, da Coordenação Nacional do MST.

Os critérios para classificar a improdutividade dessas áreas estão na tabela vigente dos índices de produtividade, que tem como base o censo agropecuário de 1975.

O número de propriedades improdutivas aumentaria se fosse utilizado como parâmetro o censo agropecuário de 2006, que leva em consideração as novas técnicas de produção agrícola que possibilitam o aumento da produtividade.

“Há um amplo território em todas as regiões do país para a execução da reforma agrária com obtenção via desapropriação, sem ameaçar a ‘eficiência’ da grande exploração do agronegócio”, afirma Gerson Teixeira, ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e integrante do núcleo agrário do PT. 
 



ÁRVORES CORTADAS, TERRAS ROUBADAS, MIGRANTES NA BEIRA DA ESTRADA

Lonas pretas, retratos de dor

e sofrimento de um povo!

Fotos: Gapin - Grupo de Apoio aos Povos Indígenas
O vento frio soprava sobre as chamas de um pequeno fogo no chão. No céu, uma lua clara iluminava a fumaça que subia, como que indo ao seu encontro. Ao redor do fogo algumas mulheres, homens e crianças em silêncio contemplavam a noite. A tranquilidade daquele momento, à luz da lua, ao calor do fogo, era quebrada pelos sons inquietantes e quase que ininterruptos dos caminhões que trafegavam pela estrada. À beira de uma rodovia, os barracos de lonas pretas servem de abrigo e lar para a comunidade Guarani Mbyá do Arenal, localizada sobre o barranco da BR-392, na cidade de Santa Maria/RS. 
O silêncio naquele início de noite, segunda-feira, 13 de junho de 2011, tinha uma única razão. O luto. Morreu, dois dias depois de nascer, Rodrigo Martins. A mãe, Suzana Benites, acometida por uma pneumonia deu a luz prematuramente ao menino. Ela permanece internada em estado grave.
Em 09 de junho de 2011 nasceu mais um Mbya na beira da estrada, debaixo de um barraco de lona preta, sob o frio intenso e úmido de outono. No dia 11 de junho de 2011 ele foi acolhido por Ñhanderu. Foram apenas dois dias vividos. Tempo suficiente para que Rodrigo sentisse no corpo a dor e a angústia de seu povo.
O pequeno Rodrigo veio habitar um mundo doente. Mesmo no ventre de sua mãe sofreu, junto com ela, o descaso, a omissão e a negligência do poder público. Ele foi concebido sob o abrigo das lonas e sobre o chão molhado. Lá, no barranco da estrada, sem as mínimas condições de vida, passou sua gestação guardado e amparado pelo ventre da mãe que adoecia. Ela, mesmo doente, o amou e sonhou com a possibilidade de que o filho pudesse ter uma vida melhor do que a dela e a de seu marido, o Karaí (líder religioso) da comunidade, Marcelino Martins.
A morte do Rodrigo aconteceu porque os órgãos de assistência, especialmente a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena (SESAI) e a Prefeitura Municipal de Santa Maria, desprezam o povo Guarani. Desprezam o seu modo de ser. Desrespeitam seus direitos humanos e constitucionais. Os governos federal, estadual e municipal não reconhecem estes direitos. O abandono e a omissão parecem ser parte de uma política previamente planejada.
Não é por acaso que este povo vive, resiste e reclama direitos nas margens de estradas ou em pequenas áreas de terras sem água potável, sem saneamento básico, sem terra para plantar e produzir seu sustento. E na noite em que Suzana Benites dava a luz a Rodrigo, as lideranças Guarani do Arenal reivindicaram apoio médico, bem como solicitaram uma ambulância. E certamente não foi por acaso que elas não foram atendidas.[...]
O Povo Guarani, assim como os demais povos indígenas, está entre aqueles que os governantes, desde a ditadura militar, gostam de classificar como estorvo, penduricalhos ou entraves. É por isso que não se demarcam as terras, não lhes são destinadas políticas públicas adequadas e coerentes. O máximo que lhes oferecem são esmolas, através de cestas básicas ou as sobras de alguns medicamentos, ou os resquícios de alguma capoeira nas margens de domínio das estradas e/ou pedaços de lonas pretas. Lonas que na essência da imagem são como que retratos da dor e do sofrimento do Povo Guarani no Rio Grande do Sul.
Nisto se resume a política do Estado Brasileiro para os Guarani Mbya. As condições a que se submetem estes homens, mulheres e crianças, são desumanas e inaceitáveis: viver em acampamentos provisórios, desprovidos de tudo o que pode assegurar a vida. E eles seguem vivendo, não por dias ou meses, mas por anos e anos uma situação de desesperadora espera pela ação do poder público, pela constituição de GTs de identificação e delimitação territorial, pela demarcação e garantia das terras. [...]
O que certamente incomoda os governos é constatar que apesar de suas políticas e artimanhas os Guarani não desistem de lutar pelos seus direitos. E certamente incomoda ainda mais as autoridades o fato de que as lutas Guarani não são convencionais ou previsíveis, elas são cotidianas, insistentes e contínuas, tal como o seu modo de viver, num contínuo caminhar. Elas são centradas na crença de que há "uma terra sem mal" e que esta deve ser buscada e conquistada através do diálogo, da tolerância, da perseverança, não como uma utopia, mas como possibilidade real.
Os Guarani do Arenal já apresentaram às autoridades municipais, estaduais e federal um programa de ações para solucionar os problemas a curto, médio e longo prazo. Querem assistência continuada em saúde. Querem também que a Funai crie um grupo de trabalho para proceder aos estudos de identificação e delimitação de uma terra dentro do vasto território Guarani. E desejam ainda que, enquanto isso não acontece, seja destinada uma área para o assentamento das famílias que vivem em beira de estradas, mas este local precisa oferecer condições adequadas para viver, tendo água potável, casas, saneamento básico, assistência em saúde, educação. As propostas são simples, viáveis e pouco dispendiosas. No entanto, os entes públicos não esboçaram nenhuma intenção em implementá-las. Ao que parece, a omissão, a negligência ou o mero assistencialismo são os traços marcantes de uma política destinada aos povos indígenas, que se concretiza cruelmente na realidade dos acampamentos à beira de rodovias.
Os barracos de lona parecem sinalizar que as reivindicações dos Guarani não têm  a menor importância e que a existência deste povo não interessa ao poder público.  Também não interessa à sociedade que sequer percebe a presença deste povo em acampamentos que agora estão como que incorporados à paisagem.
Esta dura realidade ofende não somente o modo de ser dos Guarani Mbya, como também um conjunto de princípios e de direitos, cunhados com suor e sangue, para resguardar nossa humanidade. Ao submeter os Guarani Mbya a esta condição desumana, o poder público insinua, em síntese, que não há lugar para este povo, num mundo em que a propriedade e a máxima produtividade definem o que conta e o que pode ser descartado. Nega-se assim o direito, nega-se a diferença, nega-se a vida.





Roberto Antonio Liebgott
[texto integral: www.cimi.org.br]

No Dia do Migrante, protesto indígena na Paulista

"Eu sou você amanhã"


Fotos: Antonio Leandro da Silva
Protesto contra Belo Monte na Paulista
Movimento Brasil organiza mais uma manifestação contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte e a aprovação do novo Código Florestal.




"Quais os problemas que a construção da hidrelétrica de Belo Monte pode trazer" e "O que a aprovação do Novo Código Florestal poderiam implicar?" confere junto com os vídeos: http://brasilpelasflorestas.blogspot.com

19 DE JUNHO/2011: DIA NACIONAL DO MIGRANTE

Da migração forçada à caminhada gratuita

Portinari, Migrantes
O Dia Internacional dos Migrantes, que parte do calendário oficial da ONU, é o dia 18 de Dezembro. Essa data lembra o dia da adoção da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias (resolução 45/158 da Assembleia-Geral das Nações Unidas). No Brasil celebramos no dia 19 de junho o Dia Nacional do Migrante com vários eventos organizados pela Pastoral do Migrante.
A migração é resultado de um mundo fragmentado por grandes desigualdades materiais e sociais. Refletir a causa dos migrantes e refuguados permite analisar dois processos opostos: um emerge da desigualdade, enquanto o outro procura contribuir para superar a razão de ser da migração, a desigualdade.

Desigualdade criminosa

177 imigrantes interceptados
pela guarda costeira italiana
O primeiro é imposto pelo capitalismo, cuja configuração neoliberal induz indivíduos e grupos sociais a migrar para grandes cidades ou países do Norte, em busca de trabalho e sobrevivência. Mas, também nas grandes cidades grupos cada vez maiores perdem trabalho, casa e território. A crise da urbanização latino-americana causa novas ondas migratórias. O mundo neoliberal, movido pela hegemonia dos mercados e sua avaliação da atividade humana meramente sob o aspecto de custos e benefícios, gira em torno de uma lógica de desterritorialização.

Nesta lógica, identidades construídas a partir de territórios com fronteiras e soberanias espaciais, atrasam, complicam e encarecem a atividade econômica. O neoliberalismo globalizado configura um mundo sem fronteiras para o fluxo dos capitais e de competição generalizada. Ao lado do mercado de trabalho e de bens, surge o mercado dos servidos sociais, o do lazer, da escola, da saúde e do transporte, que se tornaram igualmente mundos de competição, de corrupção e violência. Na raiz da violência sem fronteiras, que repercute na violência contra os migrantes, está a lei do mais forte de um novo darwinismo socioeconômico.

Igualdade em construção

O segundo processo emerge da prática do peregrino de Nazaré, que se fez Caminho. Os cristãos realizam Seu projeto na caminhada. O "ser caminho" liberta da ansiedade e da pressão competitiva da chegada. O caminhar dos cristãos está marcado pela urgência do aqui e agora, e pela misericórdia para com os mais lentos. O sofrimento do pobre não permite atrasos burocráticos. A caminhada não produz feitorias contabilizáveis, mas "relações", "diálogo", "abertura" e um "coração ardente", que mudam a realidade.

Na origem da migração está uma violência imposta; na origem da caminhada está uma opção pela gratuidade.

Desafios da caminhada

É possível articular a alienação da terra perdida com a libertação do desejo de "possuir terra"? Perda e posse não são dois lados da mesma moeda? Quem trabalha com o mundo dos migrantes certamente já se perguntou se existe a possibilidade de vincular honestamente migração, caminhada e peregrinação. Existe a possibilidade de forjar, no interior da migração imposta, a força espiritual do homo viator? A mística da peregrinação não se tornaria, neste caso, uma justificativa da violência que os migrantes sofrem?

O campo religioso não dispõe de soluções para os migrantes, que possam dispensar as lutas políticas e a assunção da modernidade como limite e horizonte do "estar no mundo". Um fundamentalismo pré-moderno, por exemplo, propenso a substituir a ordem democrática, constitucional e racional por condutas autoritárias ou apelos fundamentalistas aos santos de casa, certamente, não pode oferecer soluções históricas. A libertação do estado da tutela clerical e a libertação da religião da instrumentalização política e econômica, hoje, são pressupostos de qualquer reflexão adulta.

A partir do evangelho, porém, temos sonhos de um convívio social, que propõem prioridades e opções políticas, que questionam radicalmente o grande relato da "desigualdade natural" do mercado. A luta por justiça se apoia nas conquistas da modernidade. Para os cristãos, a derrota do reino da necessidade e a recuperação de um espaço alternativo de não mercado e gratuidade são possíveis. Esse espaço está configurado na gratuidade da cruz de Jesus de Nazaré. A partir da cruz, o cristianismo não só dispensa outros sacrifícios redentores, mas ativamente rejeita todo poder que sacrifica vítimas humanas. A cruz é o último sacrifício com o "aval" de Deus. O "sacrifício" pós-pascoal é "memória", "ação de graças" (Eucaristia) e "solidariedade com os sacrificados" até os confins do mundo.

Aprender dos migrantes

Os migrantes, como portadores do evangelho do caminho, advertem as comunidades cristãs para os perigos que decorrem da domesticação, do sedentarismo e da adaptação aos modismos. Uma Igreja instalada sempre cairá nas malhas de estruturas pesadas e doutrinas complicadas que aprisionam o Espírito. Uma Igreja a caminho é uma Igreja simples e transparente. A mediação do caminho para a “vida em abundância” acontece no "enredo" de solidariedade com as vítimas. O espaço da gratuidade é delineado pela solidariedade desinteressada. A partir da libertação na cruz, compreendemos também a encarnação de Jesus de Nazaré como modelo de solidariedade e impulso de transformação.

Os migrantes não procuram voltar para a pátria com as mesmas estruturas que os excluiu. Se a migração não tivesse uma força transformadora sobre aqueles mecanismos que a produziram, ela seria apenas uma fuga sem fim. Na própria migração encontram-se os antídotos contra a reprodução daqueles mecanismos que reforçam a escuridão arcaica e as ambivalências da modernidade, a ambição pela propriedade individual que destrói as relações humanas. A migração inspirada pela caminhada aponta para novas relações humanas, a partir de uma nova visão do mundo.

Do Nordeste ao Canavial Paulistano
Também o peregrino não quer possuir o "objeto" de seu desejo, que é Deus; quer vê-lo face a face. A radical alteridade de Deus possibilita o reconhecimento da alteridade do outro. O "desejo missionário" não procura uma propriedade, mas uma alteridade reveladora, que está na brisa suave do caminho, no brilho dos olhos tristes e alegres do pobre, na caminhada despojada. O caminho, a relação e os pobres são lugares da experiência de Deus e da opção pelos pobres.

Migrantes Nordestinos
Os migrantes lembram às comunidades cristãs que caminhar é a forma mais radical da partilha. No desapego do caminho está a plenitude da missão, porque a plenitude não está na posse de coisas, mas no acesso à rede social e à casa maior, que é a natureza. Importante é ter "acesso à rede". De qualquer lugar podemos ter acesso à rede da gratuidade e partilha, que questiona a acumulação, à rede da proximidade, que contesta a indiferença e a exclusão, e à rede da universalidade que contracena com a globalização restritiva. O Reino de Deus é semelhante a uma rede lançada ao ar.

Paulo Suess

A proposta indígena do "Bem Viver"



Seminário Macro Regional do Cimi Rondônia

O evento contou com a participação de missionários do Conselho Indigenista Missionário dos regionais Norte I, Mato Grosso, Amazônia Ocidental e Rondônia, além do secretário executivo do organismo, Éden Magalhães. Na assessoria do seminário estiveram o antropólogo e jesuíta Xavier Albó e Armengol Caballero, diretor da Oficina Regional do Centro de Investigación e Promoción del Campesinado (Cipca) Norte, da Bolívia, além de Iremar Antônio Ferreira, do Instituto Madeira Vivo.

Confira abaixo o Documento Final do Seminário:

Bem Viver, alternativa ao modelo desenvolvimentista

Ser rico, não é ter mais, mas necessitar menos

 Com mentes e corações militantes, estivemos reunidos/as nos dias 13 a 15 de junho de 2011, em Porto Velho – Rondônia, missionários (as) do CIMI-Regional Mato Grosso, Amazônia Ocidental, Norte I, Rondônia, Secretariado Nacional, Povos Indígenas: Mayoruna, Marubo, Kassupá, Arara, Bororo, Wapixana, Apurinã, Apolima-Arara, Kaxinawá, Wajoro, Movimentos dos Atingidos por Barragens, Centro Burnier Fé e Justiça, Comissão Pastoral da Terra, Instituto Madeira Vivo e Centro de Investigación y Promoción del Campesinado en Bolívia, refletimos sobre o tema “Bem Viver, alternativa ao modelo desenvolvimentista”.
  O processo colonizador da Amazônia, iniciado na década de 60, foi marcado pelo avanço das frentes econômicas caracterizado pela construção de rodovias, hidrelétricas e do avanço do agronegócio sobre territórios dos povos indígenas e comunidades tradicionais, afetando toda a biodiversidade e estes povos que dela dependem para sua sobrevivência.
Na década de 70, as investidas mais sérias foram a abertura de estradas, rodovias e projetos de mineração. Nos anos 80, surge a tragédia decorrente da construção das hidrelétricas de Balbina, Samuel e Tucuruí.
Na década de 90 entre outros empreendimentos, a rota de saída para o Pacífico concretiza a estratégia de exportação de soja, madeira e minério.
Atualmente, se Belo Monte se constitui como “questão de honra” para o governo, numerosas PCHs se enfileiram ao longo dos rios Juruena, Madeira, Teles Pires, Tapajós, além das hidrovias do Araguaia, do Madeira e do gasoduto de Manaus, todos estes empreendimentos visando a exploração da natureza para a acumulação e reprodução do capital. [...]
Os Povos Indígenas não se cansam de elencar uma série de denúncias contra a violação de seus direitos garantidos pela Constituição Federal assim como pela Convenção 169 da OIT. As denúncias se referem à invasão de seus territórios que afetam diretamente a manutenção do modo de vida de cada povo. É gritante o descaso na atenção à saúde indígena, constatando-se uma série de óbitos que ocorrem cotidianamente na região amazônica, e nas demais regiões do Brasil, a exemplo do que ocorre no Vale do Javari, por omissão do Estado.
Em toda a Amazônia, o risco de vida que atinge as diferentes etnias vem afetando com maior intensidade os mais de 90 povos isolados, que continuam sendo alvo de inúmeras invasões e frequentes massacres.
A luta pela integridade do território constitui-se como o eixo que desencadeia os processos de criminalização, cooptação e violência contra os povos e suas lideranças. Nesta perspectiva, a ausência de uma política em relação às fronteiras, provoca uma série de problemas para as comunidades que vivem nestas regiões.
Este conjunto de ameaças à integridade física, cultural e territorial atenta contra os projetos de vida de cada povo, incidindo diretamente nas condições imprescindíveis ao seu Bem Viver.
Para os povos indígenas é fundamental a garantia de seus territórios demarcados como condição imprescindível para o fortalecimento de seu projeto de Bem Viver, entendido como um relacionamento harmonioso consigo mesmo, com os outros e com a natureza, valorizando os saberes e fazeres ancestrais, construindo coletivamente a utopia da Terra Sem Males, a partir de suas próprias cosmovisões.
Missionária Beth Amarante
e assessor Xavier Albó
De forma cada vez mais intensa os povos compreendem o valor da organização e da unificação de suas lutas nas diferentes regiões e além fronteiras. São importantes as alianças com outros setores, que a partir de suas experiências e reflexões, proporcionam outro mundo possível, mais sóbrio, sem desperdícios e mais solidário, para que todos e todas compartilhem o Bem Viver.
Questionados/as por esta realidade e inspirados/as pela proposta do Bem Viver, que está emergindo também entre outros povos do mundo, nos comprometemos a rever nossas próprias atitudes de vida e, no cotidiano de nossa convivência com os povos indígenas, contribuir no processo de construção do Bem Viver como alternativa ao modelo desenvolvimentista, pois o Bem Viver nasce de profundas raízes, estando aquém e além dos modelos preconizados pelos sistemas capitalista e socialista.
Este seminário reacendeu em nós sonhos de mística e militância que queremos partilhar, em consonância com a experiência dos povos indígenas que, apesar da secular violência, celebram a VIDA.
Porto Velho, 15 de junho de 2011.

“GARDÊNIA” – Cenas de “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel García Márquez, no Teatro João Caetano, São Paulo

Amor sob a bandeira amarela da peste


Gardênia: El Otro Núcleo de Teatro
com Cybele Jácome e Luís Mármora
Há meses não assisto a uma peça de teatro tão impactante, como Gardênia. O espetáculo segue livremente a saga de Fermina Daza e Florentino Ariza, seu amor de juventude, suas vidas separadas por mais de cinquenta anos e o reencontro na velhice. Depois de assistir à peça, corri para a Livraria Cultura e comprei o texto-matriz de Gardênia, “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel García Márquez, autor dos “Cem anos de solidão” e prêmio Nobel de literatura.
O núcleo da narrativa: Florentino Ariza e Fermina Daza à procura de espaço e tempo para seu amor. Já no inverno de suas vidas descobrem que vida amorosa numa casa convencional lhes seria alheia para sempre. Criam seu espaço de viver e amar no camarote do navio Nova Fidelidade. No fim da narrativa, Samaritano, o comandante do navio, olhando para Florentino e Fermina, serenos avós numa viagem lunática (não propriamente de lua de mel!), se assustou com a suspeita tardia “de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites”.
Não é que a vida não tenha limites. É possível afastá-los? Os limites são os parentes, os vizinhos, os olheiros, os paparazzi, os voyeurs. O que eles dirão de nós? Por causa desta pergunta repressiva, Fermina deixou de realizar muita coisa em sua vida, coisas geniais e loucuras. Os limites também são pontes.
O navio, que transportou carga de subida até o porto de Dourada, na descida recebeu passageiros que começaram a entrar no Nova Fidelidade. Entre eles, Fermina Daza logo notou muitas caras conhecidas, algumas de amigos que, fazia poucas semanas, a haviam acompanhado em seu luto de viuvez. Às pressas, Fermina refugiou-se no camarote. Florentino a encontrou consternada: “preferia morrer a ser descoberta pelos seus numa viagem de prazer, pouco tempo depois da morte do marido”.
Florentino, então, procura o comandante Samaritano. Ao final de uma conversa sobre despesas e entradas dessas viagens, Florentino pergunta, falando por hipótese: “Seria possível fazer uma viagem direta sem carga nem passageiros, sem tocar em porto nenhum sem nada?” Samaritano, um homem esperto que soube soltar palavrão de carroceiro e que entendeu perfeitamente a “hipótese” de Florentino, não pensou duas vezes: “A única coisa que permitia saltar por cima de tudo era um caso de peste a bordo. O navio se declarava de quarentena, içava-se a bandeira amarela e se navegava numa emergência.” O comandante Samaritano tinha tido que fazê-lo várias vezes devido a casos de cólera, mas também para burlar impostos ou impedir buscas inoportunas. “Pois bem – disse Florentino – façamos isso.”

A bandeira amarela simulando o cólera permitiu a Florentino Ariza e Fermina Daza, que exatamente depois de cinquenta e três anos, sete meses e onze dias, derrubaram a fronteira do “o quê os vizinhos dirão de nós”, e se uniram para fazer um amor antes nunca experimentado, porque cada ato de amor é obra nova de arte e vida. “Era como se tivessem saltado o árduo calvário da vida conjugal, e tivessem ido sem rodeios ao grão do amor. Deixavam passar o tempo como dois velhos esposos escaldados pela vida, para lá das armadilhas da paixão.”
Na realidade, não derrubaram a fronteira do controle social. Sob o pretexto da peste empurraram as fronteiras para fora do navio, pedindo tempo e espaço sem vigias de convenções funerárias para sua travessia. E Fermina descobriu nessa viagem “que as rosas cheiravam mais que antes, que os pássaros cantavam ao amanhecer muito melhor que antes, que Deus tinha feito um peixe-boi e o pusera na praia de Tamalameque só para que a acordasse”.
Quando chegaram ao porto final, a patrulha armada queria saber que tipo de peste grassava a bordo e que possibilidades havia de novos contágios. Mas a patrulha sanitária não ficou satisfeita com as respostas do comandante Samaritano e mandou que saíssem da baía e esperassem nos pântanos, enquanto se preparavam os trâmites para que o navio ficasse de quarentena.
Samaritano tentando "pôr-se de acordo com a própria raiva", não descobria como sair da embrulhada em que se metera com a bandeira do cólera. Florentino Ariza olhou pelas janelas, o horizonte nítido, o céu de dezembro sem uma única nuvem, as águas navegáveis para sempre, e disse: “Sigamos em linha reta, reta, reta, outra vez até a Dourada”. Fermina Daza estremeceu, porque reconheceu a antiga voz iluminada pela graça do Espírito Santo. O comandante olhou Fermina e, depois, Florentino, seu domínio invencível, seu amor impávido e perguntou: “Até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho?” Florentino Ariza tinha a resposta preparada ainda no tempo quando procurou agradar a amada com gardênias: “Toda a vida”, disse.



POST SCRIPTUM SOBRE BANDEIRAS E CAUSAS

Para não continuar por “toda a vida” em linha reta, “neste ir e vir do caralho”, protegidos dos paparazzi pela astúcia da peste simulada, mas isolados dos amigos, depois da terceira viagem, Florentino Ariza e Fermina Daza decidiram recolher a bandeira amarela. Sentiram que ser livres não significava livrar-se dos outros ou fingir luto de viuvez. Consideravam envolver seu amor em outras bandeiras. No calor da discussão de causas e bandeiras em que se mesclavam o privado e o público, Fermina e Florentino sentiram em seu amor, novamente, faíscas de paixão. Sentiram que estavam vivos e verdadeiramente livres, ainda que tarde.
Bandeira do Tawantinsuyo
Bandeira do Povo Palestinense


Bandeira do MST


Bandeira do Divino

No Pará, 98% das mortes no campo ficam impunes

Um levantamento inédito do governo federal mostra que quase 98% dos casos de assassinatos no campo do Pará ocorridos nos últimos dez anos ficaram impunes. Foram analisadas 180 situações que resultaram em 219 mortes no Estado, entre 2001 e 2010.
A reportagem é de João Carlos Magalhães e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 07-06-2011 e pelo Instituto Humanitas Unisinos. 
Apenas quatro (2,2%) delas geraram boletins de ocorrência, inquéritos policiais, denúncias de promotorias, processos judiciais e, por fim, alguma condenação.
Outros três casos chegaram a ser julgados, mas os réus foram absolvidos.
O trabalho, desenvolvido pela Ouvidoria Agrária Nacional e Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, mostra também que a maioria dos assassinatos no campo paraense (61%) não chega à Justiça. Dois em cada dez casos nem foram investigados.
O levantamento indica que a maioria das mortes (162) têm relação com disputas por terras e recursos naturais, como madeira.
Além do Pará, as ouvidorias analisaram também as mortes ocorridas no campo de Mato Grosso e Rondônia.
Na zona rural de Rondônia foram 47 situações, em que 71 pessoas foram mortas. Quase a metade (45%) gerou processos e em apenas 13% delas houve condenação.
No Mato Grosso, foram 50 mortes em 31 casos - 58% chegaram à Justiça, mas 90% continuam impunes.
Os dados serão entregues a governadores, Tribunais de Justiça e Ministério Públicos de Estados da Amazônia Legal, na tentativa de pressioná-los a acelerar apurações ou julgamentos do crimes.
Nas últimas duas semanas, o governo vem tentando responder à sequência de assassinatos de líderes extrativistas e trabalhadores rurais na Amazônia. Apenas no Pará foram quatro mortes.
Michel Misse, do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e autor de um dos poucos estudos empíricos sobre o tema, afirma que os índices revelados pelo levantamento são "absurdos" e cita duas hipóteses para explicar o cenário de impunidade.
 A primeira é a existência de uma "rede" que liga os operadores do sistema penal, como policiais, juízes e promotores, aos criminosos. A segunda é o medo dos operadores independentes de desafiar essa "rede".
 "Não acredito em ausência estatal. Pode ter uma presença fraca, incompetente ou cúmplice, mas tem."

Primeiro aniversário de Páscoa (1.6.2011): Homenagem a Pedro Yamaguchi Ferreira


Pedro, missionário leigo, enviado dia 25 de fevereiro
 de 2010 para Amazônia, morreu no dia 1 de junho
 do mesmo ano, afogado no Rio Negro (AM) 
Missa do Envio para Amazônia, celebrada na Igreja
Nossa Senhora da Boa Morte, no dia 25 de fevereiro 2010,
(foto: Douglas Mansur).

Primeiro aniversário da Páscoa de Pedro, celebrada
 no dia 3 de junho de 2011,  nas dependências do Educafro,
Paróquia São Francisco (foto: Douglas Mansur)