Brasília – Pela
primeira vez, a União Africana, que reúne 53 países, será comandada por uma
mulher. Nkosazana Dlamini-Zuma, da África do Sul, foi eleita secretária-geral
da entidade, derrotando Jean Ping, do Gabão, que tentava a reeleição. Porém, em
janeiro deste ano, nenhum dos dois conseguiu a maioria de dois terços dos votos
entre os membros da instituição. Ping ficou mais seis meses no cargo até
encerrar o impasse.
A nova líder é
ex-mulher do presidente sul-africano Jacob Zuma e uma das ministras há mais
tempo no cargo em seu país. Analistas indicam que sua candidatura quebra uma
tradição extraoficial do continente que costuma evitar membros dos grandes
países africanos no posto de liderança do bloco.
Além dos objetivos
permanentes de promover a paz e a segurança, a União Africana se propõe a
avançar no progresso social e econômico. A agenda do bloco inclui um incentivo
ao comércio entre os membros do continente, a instabilidade política no Mali, a
crescente violência na República Democrática do Congo e a tensão entre o Sudão
e o Sudão do Sul.
A União Africana teve
um papel de destaque durante os conflitos na Líbia. O Brasil é um dos parceiros
do bloco.
Quem é Nkosazana
Dlamini-Zuma?
Joanesburgo - A
sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma, eleita domingo (15.7.2012) secretária geral da Comissão da
União Africana, é uma diplomata experiente de carácter bem temperado e de
convicções forjadas nos anos de militância contra o apartheid.
Aos 63 anos, a
ministra sul-africana do Interior é considerada como a mulher mais forte ou
mais influente da sua geração na África do Sul, após dez anos nos Negócios
estrangeiros de 1999 a 2009.
O seu estilo é a
antítese do seu antecessor na Comissão da UA, o gabonês Jean Ping. "É uma
combatente da liberdade e não uma burocrata ou uma diplomata", disse o
presidente ugandês, Yoweri Museveni, logo após a sua eleição.
Os seus adversários
consideram talvez que ela foi a arquitecta da "diplomacia tranquila"
para o grande vizinho da África do Sul, o Zimbabwé.
Contra ventos e mares,
Dlamini-Zuma manteve esta política de boa vizinhança com Harare apesar da crise
política iniciada em 2000.
Ela foi igualmente um
elemento-chave dos acordos de paz na República Democrática do Congo (RDC),
assinados perto de Pretoria em 2003 para pôr fim à guerra civil.
O rigor da ex-esposa
do atual chefe de Estado Jacob Zuma permitiu-lhe repor a ordem numa casa que
era notoriamente mal administrada. No seio da União Africana, prometeu
"tentar tornar a administração mais eficiente" e descartou os receios
de uma imposição sul-africana sobre a organização.
"A África do Sul
não se vai mudar para Addis com o objectivo de dirigir a União Africana, mas
será Nkosazana Dlamini-Zuma, caso vença, que virá para cá e não Africa do
Sul", declarou pouco antes da sua eleição.
A antiga militante da
luta anti-apartheid, pediatra de formação, é considerada austera e capaz de
rodear-se de administradores de qualidade.
Nascida a 27 de
Janeiro de 1949, a sul-africana lançou-se na política durante os seus anos de
estudante para se juntar ao ANC, que iniciava na época a sua luta anti-apartheid.
Na mira da polícia do
regime, num momento em que os militantes do ANC arriscavam as suas vidas, ela
optou rapidamente pelo exílio, para prosseguir os seus estudos nas
universidades britânicas de Bristol e de Liverpool. De lá contribuiu a
organizar a luta do ANC a partir do estrangeiro.
Ao subir de escalões
no seu partido, Dlamini-Zuma dividiu o seu tempo entre Londres e a África
Austral. E foi na Swazilândia, onde trabalhou como pediatra num hospital, que
encontrou Jacob Zuma. Ela tornou-se em 1982 a terceira esposa do futuro
presidente, tendo se divorciado em 1998.
Regressou à África do
Sul apenas em 1990, quando o ANC foi novamente legalizado. Em 1994, Nelson
Mandela, na sua chegada ao poder, confia-lhe a pasta da Saúde, com a enorme
tarefa de restabelecer o sistema de saúde pública, que baseava no princípio da
segregação racial.
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