CHICO BUARQUE " MINHA HISTÓRIA ": Me conhecem só pelo meu nome de Menino Jesus






Minha história (Gesù bambino)
Dalla - Palotino - versão de Chico Buarque/1970
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Notas  
Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente

Ele assim como veio partiu não se sabe pra onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido cada dia mais curto

Quando enfim eu nasci minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré

Minha mãe não tardou a alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor

Minha história é esse nome que ainda hoje carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de Menino Jesus 
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A música “Minha História” tem alguns fatos curiosos na sua gênese e na própria justificativa do seu nome. A música original, 4 marzo 1943, também é conhecida como Gesú Bambino - Menino Jesus em italiano - foi composta no início dos anos setenta na Itália por Lúcio Dalla (foto a esqueda) e Palotino e abordava a história das mães solteira adolescentes sob a ótica dos filhos, frutos de relacionamentos com soldados estrangeiros no período da 2° grande guerra, daí seu subtítulo: “Os filhos da guerra”. A versão italiana foi premiada com o 3º lugar do Festival de San Remo de 1971. 

Chico Buarque, amigo de Dalla, com o brilhantismo de sempre, adaptou a letra para nossa realidade tratando a música sob o prisma de um filho de uma prostituta de caís. O compositor brasileiro brincava em relação ao subtítulo da música italiana – Filhos da Guerra -dizendo que sua música seria chamada filhos da Puta. Brincadeiras à parte, Buarque resolveu colocar o nome de “Menino Jesus”. Era tempo de ditadura, os militares não gostaram e, como era comum na época, censuraram. O cantor resolveu colocar o nome definitivo “Minha história”. 





Abertura do Ano Santo e da Porta da Miserícórdia




Eleitos por misericórdia, enviados para servir



          No dia 8 de dezembro de 2015, festa da Imaculada Conceição e dia do cinquentenário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, o Papa Francisco inicia a celebração de um “Jubileu Extraordinário da Misericórdia”, com a abertura da Porta Santa. O papa aproveita uma antiga tradição judaico-cristã (cf. Lev. 25), que a cristandade celebrou pela primeira vez no ano 1300, para envolver povo e hierarquia na continuidade criativa do Concílio, e para cobrar da Igreja a Missão de anunciar e praticar o “Evangelho da Misericórdia” (EG 188). Ao mesmo tempo pode-se entender esse Ano Santo antecipado ou “extraordinário” como sutil aviso, que o Papa Francisco não conta alcançar, em sua função de “bispo de Roma”, o próximo Ano Santo Ordinário, que seria em 2025.


          Já na Evangelii gaudium Francisco nos avisou: “O tempo é superior ao espaço” (EG 222-225). O tempo significa “processo”, “transformação”, “saída”, “kairós”, “Igreja acidentada, ferida, enlameada”. O espaço, porém, significa “poder”, “colonização”, “latifúndio”, “escravidão”, “desigualdade”, “Igreja – Cidadela privilegiada” ((Misericordiae vultus/MV, 4). O Ano Santo procura recuperar o horizonte do bem viver e interromper os vícios do espaço.


 Maria, a misericordiosa desatadora dos nós



          Em 1986, por ocasião de sua estadia de alguns meses na Alemanha, o então Jorge Mario Bergoglio descobriu em Augsburg, na Igreja dos jesuítas de São Pedro, o original da imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Logo, Bergoglio tornou-se um eficiente divulgador e adepto dessa devoção à qual até então ninguém deu a mínima atenção. Através da imagem de “Maria Desatadora dos Nós”, Francisco transformou a imagem da “Puríssima” (em Cuba) e da “Imaculada Conceição”, cujo olhar é voltado ao céu, em mulher do povo. A “Desatadora dos Nós” olha sempre para os que vieram da grande aflição e pedem “sua mão” para desatar o emaranhado de nós de sua vida. A Desatadora dos Nós nos aguarda na “Porta da Misericórdia” (MV 3), não em Roma para conseguir, ex opere operato, uma “indulgência plenária” e animar o comércio local. A “Porta da Misericórdia” encontramos aberta sempre quando alguém “rompe a barreira de indiferença” (MV 15) “nas mais variadas periferias existenciais”.


Deus olhou nele com misericórdia



          Desde jovem estudante, o Papa Francisco se achou guiado pela misericórdia de Deus. Seu escudo de bispo e papa resume essa experiência de Deus misericordioso em sua vida: “Olhou-o com misericórdia e o escolheu” (miserando atque eligendo). É na casa de Mateus, cobrador de impostos e marginal social, que Jesus defende a misericórdia para com publicanos e pecadores contra o rigorismo dos fariseus: “A salvação, que Deus nos oferece, é obra da sua misericórdia” (EG 112), revelada por Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos comunica a misericórdia infinita do Pai” (EG 164).


          A misericórdia não substitui a justiça, mas a ultrapassa: “Jesus vai além da lei, a sua partilha da mesa com aqueles que a lei considerava pecadores permite compreender até onde chega a sua misericórdia” (MV 20). Segundo Santo Agostinho, “é mais fácil que Deus contenha a ira do que a misericórdia” (MV 21).


          A missão dos eleitos, de Davi e Pedro, de Paulo e Agostinho não aconteceu por causa de seus méritos, mas por causa da misericórdia de Deus. O povo de Israel compreendeu a Lei como Dom do amor de Deus, não como castigo. A misericórdia é uma herança da “espiritualidade judaica do pós-exílio que atribuía um especial valor salvífico à misericórdia” (EG 193).

Pecado irreversível?


          Já nos primórdios do cristianismo surgiu a questão do pecado irreversível, que deveria ser castigado com exclusão da comunidade cristã e sem possibilidade de uma intervenção misericordiosa. No caso dos batizados, que cometeram um pecado grave, a Igreja optou pela não exclusão desses batizados impondo-lhes uma prática penitencial que permitiu uma posterior reconciliação com a comunidade. Mas, até o início do Vaticano II, havia também casos de exclusão definitiva, seguindo a definição da Bula Cantate Domino, do Concilium Florentinum, de 1442. Esse concílio definiu, “que ninguém que vive fora da Igreja Católica, nem pagãos, judeus, heréticos ou cismáticos participarão da vida eterna, mas que irão para o fogo eterno `que é preparado para o diabo e seus anjos´ (Mt 25,41)”. Recentemente, nas discussões sobre a acolhida dos divorciados na comunhão eucarística, o Sínodo sobre “A Vocação e a Missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo” (2015) revelou divergências profundas.


          Para estabelecer um consenso possível nessas questões, que são sobretudo de ordem cultural, o Papa Francisco propôs a realização de um Ano Santo da Misericórdia e deu para entender, que somente a sinodalidade como modus operandi e a misericórdia, como modus vivendi nos areópagos e nas periferias de hoje, seriam capazes de propulsionar a “conversão pastoral”. Conversão pastoral significa transformação missionária da Igreja e a Igreja missionária, por sua vez, é uma “Igreja em saída” (cf. EG 20-33), simbolizada pela porta aberta. Na “Porta da Misericórdia” se manifesta a onipotência de Deus (cf. EG 37). Em sua onipotência, Deus se faz pequeno como no presépio e na cruz.


 Retomar o Vaticano II e a missão


          Alguém poderia perguntar: “O que o cinquentenário do final do Concílio tem a ver com a misericórdia”? Francisco responderia, provavelmente, com as palavras de João XXIII: “Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade” ou com as palavras de Paulo VI: “Desejamos notar que a religião do nosso Concílio foi, antes de mais, a caridade” (MV 4). A comunidade missionária precisa constantemente aprender de Deus o “desejo inexaurível de oferecer misericórdia”, de “tomar iniciativa sem medo”, de “procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG 24).


          Ao abrir o portal do Ano da Misericórdia em nossas comunidades vamos reconhecer, novamente, a nossa identidade mais profunda como liberdade e solidariedade. A liberdade na porta aberta do centro nos impulsiona para a solidariedade na periferia. E o encontro nas periferias humanas é o início de uma aliança da misericórdia que nos faz reconstruir um mundo sem centro e sem periferia.
Paulo Suess


Como Helder Câmara realizou o Pacto das Catacumbas em Recife no ano 1968



Eduardo Hoornaert


Desde antes do Concílio, Helder Câmara, naquele tempo bispo auxiliar do Rio de Janeiro, se destaca como homem de visão. Num questionário enviado a todos os bispos pelo Vaticano, a maioria dos bispos afirmam que os grandes problemas do mundo são: comunismo, ateísmo, secularismo, protestantismo, espiritismo etc. Helder pensa de forma totalmente diferente: o grande problema e que dois terços da humanidade vivem na pobreza, tem problemas endêmicos de fome, doença, habitação. É preciso dizer com todas as palavras que Helder Câmara é um dos pouquíssimos homens do Concílio que têm ‘visão’, como escreveu o teólogo Congar. As Cartas Circulares de Helder começam com as seguintes palavras: ‘O Concílio vai ser dificílimo’. Isso diz tudo.


O que fica muito claro, para quem lê as Cartas que Helder escreve a cada dia, ao longo do Concílio, é que ele mostra aversão às pompas romanas. Para ele, o Vaticano é uma corte papal, a mais impressionante corte existente em todo o mundo ocidental. Há imagens alucinantes espalhadas pelas páginas das Cartas Circulares. O bispo vê o Imperador Constantino (do século IV) atravessar a Basílica de São Pedro num cavalo em pleno galope. Numa outra visão, o papa joga a Tiara no Tibre e anda enlouquecido pelas ruas de Roma, onde se encontra com prostitutas e ladrões. Ele se imagina que o papa cede o Vaticano a uma instituição (da UNESCO?), especializada em administrar museus e vai morar num apartamento em Roma. Dispensa embaixadores no Vaticano e núncios do Vaticano. Dispensa o Vaticano. Assim ele pode empreender com rapidez a reforma da Cúria papal romana (a corte papal).


Aconselho vivamente a leitura dessas Circulares, pois cada uma traz alguma surpresa. Quando menos se espera aparece uma frase absolutamente genial, nos mais diversos sentidos. Assim, ele escreve: com cardeais é ‘humanamente impossível’ trabalhar (I, 3, 268). Num outro tópico, escreve que citar textos de Isaías é muito bonito, mas que o povo não entende palavras como Sião, Israel etc. e que é preciso dizer as coisas com palavras que as pessoas entendem. Faíscas de um espírito excepcional que aparecem aqui e acolá nas Cartas.


Depois de voltar de Roma em final de 1965, Helder ainda reside no Palácio Episcopal São José dos Manguinhos, na Avenida Rui Barbosa, durante mais de dois anos. Trata-se de um solar construído pelo Visconde de Loyo, comerciante recifense de sucesso, no século XIX (Dom Pedro II distribuía à torta e direita títulos de Condes, Barões, Viscondes, para melhor controlar seu imenso império), com muitas mangueiras. Há, ao lado, a Igreja São José dos Manguinhos, como costuma haver em solares de gente rica. No início do século XX, a Arquidiocese adquire o solar e o transforma em residência episcopal. Tudo no tradicional estilo eclesiástico.

Helder foi descobrindo que a Arquidiocese possuía, mais em direção ao centro histórico da cidade, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção das Fronteiras, no limite de uma estância concedida pelo rei de Portugal em 1656 ao militar mestiço Henrique Dias, combatente ao lado dos portugueses na guerra contra os holandeses que resultou na Restauração Pernambucana. O imperador Pedro II visitou o local em 1859 e lhe deu o título de Imperial Capela. A Arquidiocese de Olinda e Recife recuperou essa capela depois da guerra das confrarias. Mas, em 1968, tudo isso é passado. A Igreja das Fronteiras serve de capela para uma casa de religiosas e tem, como todas as capelas, uma sacristia e um ponto de apoio para o capelão.


O cenário contraste entre Manguinhos e Fronteiras lembra a oposição entre o Vaticano e as Catacumbas. Helder não hesita: é preciso deixar o ‘latifúndio’ Manguinhos par ir morar ‘na minha casa’, nas Fronteiras.

 A leitura da Cartas Circulares do ano 1968 foi uma surpresa para mim. Que riqueza, quanta novidade!

 As Circulares do ano 1968 se encontram nos Tomos 1 e 2 do Volume IV. É o ano da mudança do Palácio dos Manguinhos à sacristia das Fronteiras. Uma mudança que não só tem consequências para a vida pessoal do bispo, mas também para a vida da Arquidiocese.


Em termos pessoais, Helder dispensa o carro particular, o secretário particular, a comida pronta na hora certa, a cozinheira de Manguinhos. Doravante, seu cardápio é precário. De manhã, as Irmãs das Fronteiras lhe preparam um café. Ao meio dia, ele almoça no Colégio das Damas, na Avenida Rui Barbosa, e de noite ele se vira sozinho. Seu quarto de dormir comporta uma cama e uma cadeira. Ele comenta: ‘moro com dois mortos e um Vivo (Jesus no sacrário) ’. Há uma salinha que para receber as pessoas e escrever suas Circulares pela noite. Ela comporta uma mesa redonda, três cadeiras e, no fundo, uma rede cearense estendida. Nas paredes algumas lembranças de viagens e alguns textos lapidares.


1. Na Circular de 5 a 6 de janeiro 1968 (n. 344, Helder se mostra entusiasta com a mudança (p. 295), planejada para o dia de São Sebastião (21/1), o que não acontece por falta da remoção de dois sepulcros e arranjos atrás do altar (p. 317). Ele sabe que essa mudança acarreta uma remodelação das funções de alguns prédios da Arquidiocese. O sonho do bispo é que tanto Manguinhos (que ele chama ‘latifúndio’, ‘casa demais para um bispinho só’, veja p. 383) como o antigo Palácio episcopal de Olinda sejam doravante ‘Casas do Povo’. Camaragibe, ‘o porta-aviões’ (p. 312), seria vendido fundo financeiro, assim criado, serviria ‘em boa parte para um esquema de casas populares’. 


Mas seus auxiliares não têm voos tão altos. Na realidade, os planos de mudança do bispo acarretam uma complexa acomodação de prédios. Há também, ao mesmo tempo, a decisão que toca a vida dos seminaristas. Doravante, o programa é que eles vivam em ‘pequenas comunidades no meio do povo’. Tudo isso mexe com Manguinhos, Palácio episcopal colonial em Olinda, Seminário de Olinda, o prédio na Rua do Jiriquiti, Camaragibe. Enquanto os auxiliares ponderam as reais possibilidades, Helder continua falando em Casas do Povo. Ele sonha em doar casas para abrigar pessoas sem teto. Por que manter duas salas de trono no ‘latifúndio’ Manguinhos, enquanto na varanda dormem pessoas sem teto? O bispo fica triste quanto seus auxiliares se veem na obrigação de arranjar um vigia para controlar a vida dos que dormem na varanda, ele tem medo que esse vigia chegue a usar violência e talvez chegue a atirar contra alguém.


2. Dez dias depois, na Circular 348 (16-17/1/68) se escreve que a equipe central do seminário já mora ‘nos altos’ (primeiro andar) da Casa do Povo, com alguns professores, enquanto o Seminário colonial de Olinda vira Centro de Treinamento de Líderes para o Nordeste II (modelo Eugênio Sales). O que complica tudo é que Roma não gosta da ideia de seminaristas vivendo ‘no meio do povo’. O Cardeal Garrone escreve uma carta nesse sentido e manda Monsenhor Pavarello para Recife, para verificar a situação ‘in loco’. Esse Monsenhor fica bastante tempo e colhe muitas informações.



3. Na noite do 13 a 14 de março (Circular 375) vem a notícia definitiva: quando o dia amanhecer, vou me mudar para as Fronteiras. Isso é um ‘sinal completo’: ‘vender Manguinhos e investir o dinheiro em favor da promoção de filhos de Deus subhumanizados pela miséria’. Na mesma Carta aparece uma primeira descrição da nova morada com avaliação daquilo que o bispo gosta mais: portas sem trancas; janelas sem grades; entradinha pelo jardim; ‘em obras’; a cama de madeira (a de Manguinhos era em bronze dourado); a companhia, na hora de dormir, de dois mortos (sepulcros) e um Vivo (sacrário).


4. No dia 14 de março de 1968, às 19 horas, Helder entra na nova casa (p.40). Daqui por diante, seus percursos diários mudam: de Fronteiras a Manguinhos, de Manguinhos às Damas (na mesma Avenida, para o almoço), das Damas retorno aos Manguinhos e no final do expediente de Manguinhos às Fronteiras. Se transporte depende de táxis, mas na realidade não há taxista que queira cobrar a corrida (p. 52). Essa informação se repete em 22-23/5/68.


5. Quinze dias depois, na Circular de 27-28/3/ 68 (IV, 1, 59) vem uma nova prova de que o bispo gosta na nova casa: no quarto de dormir, a janelinha com ferrolho, que indica onde fica o Sacrário (onde mora o Vivo), a seteira em cima, que ‘deixa à vista uma nesga do céu, como uma estrelinha linda’ (mais tarde, ele me aponta essa seteira e diz: ‘como é fácil lançar uma bomba por aí’), a janela sem grades que dá para outro jardim, por trás da sala de estar, a mesa redonda, onde ele pode escrever suas circulares durante as vigílias, as rosas no jardim, as três garrafas térmicas (chá quente, refresco gelado, água) que as irmãs deixam prontas, assim como potes de vidro como com biscoitos etc. Enfim, Helder gosta da nova morada. Isso fica muito claro.

 Em tudo isso, o bispo segue à risca o primeiro compromisso do Pacto das Catacumbas: ‘procuraremos viver segundo o modo ordinário de nosso povo no que toca a casa, comida, meios de locomoção, e a tudo que disso se desprende (Mt 5, 3; 6, 33s; 8-20)’. Tenho por mim que ele é um dos que seguem com maior fidelidade dos compromissos assumidos no Pacto das Catacumbas, embora faltem dados comparativos para comprovar essa opinião. Só possuímos informações parciais (de Antônio Fragoso, José Maria Pires, Valdir Calheiros, etc.).


[Postado no blog dia 16.11.2015 por Eduardo Hoornaert ]

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50 ANOS DO PACTO DAS CATACUMBAS DA IGREJA SERVA E POBRE


I.

Basílica subterrânea da
Catacumba de Domitila
Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a singularidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue: 

1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue. Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20. 

2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata. 


3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s. 
O assinante:
D. Antônio Fragoso

4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7. 

5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15. 

6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19. 

7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4. 


O inspirador:
Paul Gauthier

8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27. 

9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de "beneficência" em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s. 

10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5, 16. 

11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica na assunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral - dois terços da humanidade - comprometemo-nos: - a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos urgentes dos episcopados das nações pobres; - a requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mas testemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem de sua miséria. 

12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim: - esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles; - suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores segundo o espírito, do que uns chefes segundo o mundo; - procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores...; - mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10. 


O realizador: D. Helder Câmara

13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces. 

AJUDE-NOS DEUS A SERMOS FIÉIS. 

 [No dia 16.11.1965 cerca de 40 Padres Conciliares celebraram nas catacumbas de Domitila uma Eucaristia pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus. Após essa celebração alguns deles firmaram o "Pacto das Catacumbas". Ver in: KLOPPENBURG, Boaventura (org.). Concílio Vaticano II. Vol. V, Quarta Sessão. Petrópolis: Vozes, 1966, 526-528.] 




II.


Pacto sem impacto? 
Do Pacto das Catacumbas ao Pacto dos Areópagos

Foram figuras marginais do episcopado que deram vida e sobrevida ao Pacto das Catacumbas. Poucos dos 13 compromissos marcaram a vida da Igreja pós-conciliar com profundidade. 

Vejamos o que os assinantes prometeram:
- “Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco (...).
Catacumba de Domitila
- Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder: Eminência, Excelência, Monsenhor (...).
- Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc. ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos (...).
- Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho”.
- Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos (...) e nos esforçaremos para `revisar nossa vida´ com eles, e procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores (...)”.

Tivemos e temos bons bispos nas margens da Igreja, às vezes, porque o Espírito Santo provocou um cochilo na hora da escolha pelos respectivos Núncios Apostólicos. No conjunto, o Pacto das Catacumbas ficou sem impacto na vida eclesial. Permanece horizonte até hoje, horizonte válido que pode ser retomado.

O “Pacto” não era um pacto das Igrejas locais, mas um pacto solitário de alguns bispos que não conseguiram socializar suas propostas entre seus colegas. A Igreja de Roma fez tudo para impedir essa socialização e assunção nas Igrejas locais.



O “Pacto” era um pacto intra eclesial. O mundo não se interessa pelas discussões identitárias da Igreja católica. Hoje, o mundo globalizado precisa consensos mais amplos sobre questões da ecologia, da energia, do transporte, da comunicação e da “economia de compartilhamento” (Rifkin). A “Encíclica Laudato Si”, do Papa Francisco, “sobre o cuidado da casa comum”, aponta na direção certa.


Sociedade do "Bem Viver"
O “Pacto das Catacumbas” é um pacto que conota “clandestinidade” e “martírio”. Hoje, qualquer pacto que busca contribuir para o “bem viver” de todos na casa comum, deve sair do ghetto católico, portanto, deve ser “Igreja em saída” (EG 20ss). O “Pacto das Catacumbas”, hoje, há de ser um pacto público, leigo e universal de todos os habitantes nos Areópagos do mundo.




O Sínodo: Amor nos Tempos da Transição

Missão na construção da Família

O tema da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos versava sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Quem não se lembra do lema da CF/1994: “A família como vai” e o seu objetivo geral: “Redescobrir os valores da família: Lugar de encontro, espaço de vivência humana, ponto de partida de um mundo mais humano e de acordo com o Plano de Deus. E a mesma CF se propôs “colaborar na criação de condições sociais e políticas objetivas para que a família possa realizar sua missão. Finalmente, pondo em prática o mandamento do amor fraterno, a CF quer nos ajudar a olhar com confiança para um amanhã novo da família, que já pode ser descortinado”.
Como mudou o espírito da época nesses 20 anos! A vulnerabilidade da família está muito mais exposta, as respostas são mescladas com maiores incertezas e ninguém diria que “a nova família já pode ser descortinada”. A tentativa de conseguir através do Sínodo uma ligação realista com o mundo, como ele é, parece ter fracassada. Escuta-se vozes resignadas das bases eclesiais: “Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.

Contudo, não faltam elementos positivos no conjunto do evento sinodal. As discussões na aula sinodal, de 4 a 25 de outubro de 2015, eram consequência de uma nova metodologia de total liberdade no uso da palavra. Liberdade exige responsabilidade a serviço da causa maior e não para enfraquecer pessoas ou setores. Nem sempre a liberdade se apresentou com sua irmã gêmea, a responsabilidade, como mostrou o vazamento da “Carta dos 13 cardeais” ao papa, insatisfeitos com os encaminhamentos pré-sinodais, a invenção de um tumor cerebral de Francisco, e a publicação de documentos secretos sobre a administração financeira do Vaticano – tudo arrolado com a clara intenção de enfraquecer a autoridade do papa. A Santa Sé mostrou a improcedência das reclamações metodológicas, desmentiu o suposto “tumor” e investigou a deslealdade dos “dignitários” indignos.

O desafio do sínodo foi a desconexão entre a realidade sociocultural, na qual o matrimônio hoje é vivido, e a doutrina definida no decorrer de uma história de dois milênios. Até há pouco tempo, o esforço da Igreja concentrou-se, sem sucesso, na mudança dessa realidade. Hoje sabe-se, que essa mudança necessita também a reconstrução da doutrina que emergiu para responder a desafios de outros tempos. Nesse ponto havia grandes divergências entre os 265 participantes sinodais. Diante das questões trazidas das bases através de um questionário e o resultado contido no Documento Final, as aproximações entre pastoralistas e canonistas foram pequenas. Mudanças doutrinárias, por muito tempo cristalizadas, são mudanças culturais de longo prazo. Sob a liderança firme do Papa Francisco, o sínodo mostrou o horizonte de um caminho que a Igreja tem pela frente para um reencontro com a realidade vivida pelos casais de hoje.


Discernimento, sinodalidade e descentralização

O papa saiu dessas tribulações de cabeça erguida e o avanço nas discussões sinodais pode ser resumido com três fios condutores entrelaçados: discernimento, sinodalidade e descentralização. O discernimento é uma herança da espiritualidade inaciana, que o papa trouxe de sua formação jesuítica. A sinodalidade representa uma retomada da proposta original do Vaticano II que queria o sínodo como uma espécie de concílio permanente e como complementação do poder solitário do primado. A descentralização é uma consequência de ambos, do discernimento e da sinodalidade, e corresponde ao princípio da subsidiariedade que valoriza os conhecimentos e respeita as decisões da Igreja local através das diferentes Conferências Episcopais e das comunidades que estruturam o povo de Deus.

Vaticano II em chave de misericórdia

Para fundamentar o andamento do sínodo nos tempos de transição, o Papa Francisco proclamou, no dia 11 de abril de 2015, um Ano Santo da Misericórdia (cf. Misericordiae vultus/MV), 3), que se inicia no dia 8 de dezembro, na solenidade da Imaculada Conceição, festa da misericórdia divina. Na data se comemora o cinquentenário da conclusão do Vaticano II: “Derrubadas as muralhas que, por demasiado tempo tinham encerrado a Igreja numa cidadela privilegiada, chegara o tempo de anunciar o Evangelho de maneira nova” (MV 4). Quem não escutaria nesta memória da vocação do Concílio um suspiro de Francisco e um imperativo para que o Sínodo sobre a Família derrube também as muralhas que impedem avanços na pastoral familiar! O Ano Jubilar terminará na festa de Cristo Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. E o papa resume: “Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas” (MV 5). E Francisco acrescenta: a misericórdia divina é “de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da onipotência de Deus” (MV 6).

O significado do Sínodo

Por ocasião do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, no dia 17 de outubro, o Papa Francisco sublinhou a importância do sínodo “que constitui um dos legados mais preciosos da última sessão conciliar” (Discurso, 17.10.2015). O sínodo devia refletir o espírito e o método do Vaticano II que consiste em caminhar juntos – “leigos, pastores, Bispo de Roma” (ibid.). O papa confirma a infalibilidade do Povo de Deus no ato da fé (cf; LG 10 e 12; EG 119): “Cada um dos batizados, independente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização, e seria inapropriado pensar num esquema de evangelização realizado por agentes qualificados enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor das suas ações” (EG 120). O faro da fé (sensus fidei) “impede uma rígida separação entre ecclesia docens e ecclesia discens, já que também o rebanho possui a sua `intuição´ para discernir as novas estradas que o Senhor revela à Igreja” (Discurso, 17.10.).

“Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta [...], onde cada um tem algo a aprender [...]; e todos à escuta do Espírito Santo” (ibid.). E Francisco menciona um princípio da Igreja do primeiro milênio: “O que se refere a todos, de todos deve ser tratado” (ibid.). A sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja que oferece a chave de interpretação para a compreensão do próprio ministério hierárquico: “Ninguém pode ser elevado acima dos outros. Pelo contrário, [...] como numa pirâmide invertida, o vértice encontra-se abaixo da base”. Autoridade é “autoridade do serviço, o único poder é o poder da cruz” (ibid.).

O Documento Final

Depois de três semanas de reuniões, no último dia do Sínodo, 24 de outubro, foi apresentado o Documento final do evento que tem 94 parágrafos, todos aprovados, pela maioria necessária de dois terços. No caso dos divorciados recasados, o documento propõe que cada bispo analise individualmente, caso a caso, para decidir se autoriza a comunhão integral a um católico divorciado que voltou a se casar e dá sinais de conversão (cf. § 84). O texto insiste que os divorciados “deveriam evitar toda e qualquer ocasião de escândalo”, o que é pastoralmente plausível. Em todas essas questões, “discernimento” e “consciência” adulta se tornaram palavras-chave. A Igreja tem o dever de acompanhar a família ferida.

A partir de uma tradição do Direito Canônico, focada na procriação e não no amor, a homossexualidade continua como tabu. O texto afirma a posição de que os homossexuais não podem ser discriminados, mas que não há qualquer fundamento para o casamento de pessoas do mesmo sexo. O Sínodo não chamou de amor a afetividade vivida entre pessoas do mesmo sexo, mas admite que, entre as pessoas unidas pelo casamento civil e nas coabitações não sacramentais, pode haver "aqueles sinais de amor que propriamente correspondem ao reflexo do amor de Deus". Pastoralmente precisaria se pensar em formas, ritos e bênçãos com o valor de um sacramental sem serem sacramento para que a afirmação da não discriminação seja não apenas uma palavra vazia. O sínodo não dá esse passo. Na rejeição da “ideologia do gênero”, que é uma filosofia que considera os dois sexos, o masculino e o feminino, construções culturais e sociais, havia um consenso geral na aula do Sínodo.

Discurso programático no final do Sínodo



Em seu discurso final, no dia 24 de outubro, o papa agradeceu os trabalhos feitos, criticou a “hermenêutica conspiradora” e “ a perspectiva fechada”, e lembrou princípios que ele considera importantes para o futuro da Igreja:

- não repetir o que é indiscutível ou que já foi dito;
- abordar os desafios da família sob a luz da fé, sem esconder a cabeça na areia;
- compreender a família e o matrimônio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade;
- afirmar que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos;
- evitar uma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível;
- não defender a letra, mas as pessoas, nem as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão;
- não aplicar condenações, mas proclamar a misericórdia de Deus.
Enfim, conclui o papa, experimentamos “a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista do Sínodo”. Assumir a sinodalidade significa “caminhar juntos” com toda a humanidade (namorados, noivos, casados, divorciados e homoafetivos – com santos e pecadores), porque todos os seres humanos são amados por Deus, todos são resgatados por Jesus Cristo e iluminados pelo Espírito.
Paulo Suess,

[versão abreviada do texto apresentado no Comina – 30.10.2015]