Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal


Manaus (RV) – No primeiro dia de trabalhos do Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal (29.10.2013), as palestras da manhã verteram sobre temas do mundo urbano e os grandes projetos do Governo Federal para Amazônia Legal. A Professora Brenda Carranza, Doutora em Sociologia da Religião, pesquisadora da Universidade da Califórnia e professora da PUC de Campinas, defendeu que a experiência religiosa deve ser mais criativa nas comunidades, a fim de aglutinar e formar o tecido social. “É preciso abrir espaços plurais de participação”, afirmou.
Em seguida, foi a vez do Prof. Pedro Contijo, Secretário Executivo da Comissão Justiça e Paz da CNBB e pesquisador de filosofia política e ética. Segundo ele, o governo desrespeita a sociedade amazônica. Basta pensar que de 2008 a 2012, 17 dos 20 projetos pensados para a região sofreram algum tipo de interdição ou processo. “A população não recebe benefícios e o lucro vai direto pagar as commodities da dívida”, apontou.
 
 
Na parte da tarde, o painel amazônico propôs um mapa das religiões na região, com o Pe. Thierry de Guertechin sj, demógrafo e diretor do Ibrades, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento. O sacerdote belga apresentou slides com dados que comprovam a expansão de seitas evangélicas na área amazônica.
A palestra da Irmã Henriqueta Cavalcante, coordenadora da Comissão Justiça e Paz (CJP) do Regional Norte 2 da CNBB (Pará e Amapá), silenciou o público na sala. Ela falou de sua atuação junto aos “porões da sociedade”, apresentando os números do tráfico de pessoas na Amazônia: um novo e velho drama que assola a região. Crianças e adolescentes vendidos como trabalhadores domésticos, “mulas” para o tráfico de drogas, usados na mendicância e até explorados em clubes de futebol menores que depois os vendem a grandes times. Em relação às mulheres, a prostituição é a chaga mais comum. Meninas e jovens são aliciadas e vendidas para boates além-fronteiras, em Suriname e na Guiana Francesa. As que ficam no Brasil vendem seus corpos nas balsas, frequentemente ficando grávidas ou contraindo doenças sexualmente transmissíveis, quando não desaparecem completamente.
 
Representando a população quilombola, Catarino dos Santos, da comunidade de Cruzeiro, no Maranhão, afirmou que o lema deste povo de descendentes de escravos africanos é “trabalho e liberdade”. Terminando a sessão, tomou a palavra Jacir José de Souza, líder dos índios Makuxi da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e vencedor do Prêmio ambiental Chico Mendes em 2009. O tema de sua palestra foi a superação e a substituição de modelos predatórios e danosos ao meio ambiente por outros racionais e sustentáveis, para minimizar os impactos sobre a Amazônia Legal.

Nos 25 anos da Constituição Federal, promulgada em 1988, as populações tradicionais indígenas “estão sendo vítimas de mais um ultraje”. Quem nos explica o porquê é o bispo de São Gabriel da Cachoeira. No município, a 850 km de Manaus, nove entre dez habitantes são indígenas. Dom Edson Damian alerta: “Os parlamentares querem impedir novas demarcações e homologações de terras indígenas”.
De Manaus, Cristiane Murray

Mensagem Final da reunião dos bispos responsáveis da Pastoral Indígena no Celam


Os responsáveis das Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, convocados pelo Departamento de Cultura e Educação do Conselho Episcopal Latino-Americano, durante os dias 14 a 18 de outubro de 2013, em Bogota/Colômbia, deixaram uma mensagem instigante para seus colegas que atuam na pastoral dos povos indígenas. A seguir algumas indicações concretas de esperança e ação na língua em que o documento foi redigido.

1. Urge reflexionar acerca de qué futuro le corresponde a los pueblos Originarios. Le pedimos particularmente al CELAM que nos ayude a visualizar este desafío y nos muestre los caminos que aseguren la identidad, el reconocimiento y la autonomía de nuestros pueblos indígenas.
2. Vemos la necesidad de una mayor estima y acogida del hecho de la pluriculturalidad de nuestro Continente y entonces de la necesaria  interculturalidad.
3. Nos corresponde estimular y promover la etno-estima de los pueblos Originarios.
4. Mantener con renovado esfuerzo nuestra opción preferencial y evangélica por los pobres y (los outros) y como  consecuencia, acrecentar y profundizar la presencia misionera y pastoral entre las poblaciones más frágiles y amenazadas por el desarrollo depredatorio, apoyándolas en sus esfuerzos para lograr una justa distribución de la tierra y del agua.


5. Poner al alcance de todos el documento de Aparecida que tanta amorosa atención concede a los pueblos originarios y que nuestros Pastores, en sintonía con el espíritu de Aparecida, asuman con más valentía la necesaria dimensión profética de la propia fe, denunciando las injusticias y atropellos de la dignidad de los indígenas.
6. Que el Departamento del CELAM responsable de la pastoral indígena, contacte y coordine los distintos organismos, grupos apostólicos y equipos  que en las distintas iglesias locales de América Latina y El Caribe asumen la atención pastoral y misionera de los pueblos Originarios, para un trabajo de información, de estímulo y de coordinación.
 
7. Urge orientar los esfuerzos de la Misión Continental en vistas a un estado permanente de misión, hacia las “periferias”? (de nuestras sociedades onde se encontram os povos indígenas) de los pueblos indígenas. La fidelidad de la Iglesia a Cristo que vino a evangelizar a los pobres (cfr Lc4,16), encuentra su garantía en la medida con que ella opte valiente y generosamente por estas periferias de los últimos de nuestro Continente.
8. Es necesario que se infunda el amor preferencial hacia los pueblos indígenas desde los años de formación de los futuros sacerdotes así como de los agentes de pastoral que se dediquen a ellos.
9. Es de gran utilidad conocer los diferentes organismos extra-eclesiales que trabajan en favor de los pueblos indígenas con el fin de lograr una posible cooperación y un trabajo conjunto.
10. Buscar caminos de cooperación y de integración con las pastorales afines como lo es la Pastoral Afro.
11. Seguir apoyando el estudio y el conocimiento de la espiritualidad y la cosmovisión de los pueblos Originarios. Al respecto informamos que durante nuestro encuentro se hizo el lanzamiento del tomo IV de Teología India.

Desde Santa Fe de Bogotá somos seus irmãos e pastores.
Seguem os nomes dos participantes: D. Pablo Varela (Panamá), D. Carlos Enrique Herrera (Nicaragua), D. Victorino Girardi (Costa Rica), D. Guillermo Francisco Escobar (México), D. Lucio Alfert (Paraguai), D. Walter Pérez (Bolívia), Pe. Francisco Nazar (representando seu bispo, Argentina).

[a Mensagem em sua íntegra será publicada no sitio do Cimi]

Nas águas profundas da Laguna de Quilotoa



Laguna de Quilotoa


A Laguna de Quilotoa, uma hora de carro de Latacunga (Equador), é uma cratera vulcânica com uma laguna em seu centro. É a tarde de despedida dos companheiros e companheiras da AELAPI (Articulação Ecumênica Latino-americana de Pastoral Indígena). Acompanhamos uma semana o VII Encontro Continental de Teologia Índia. A Laguna de Quilotoa é bela e mágica. Com sua força do mito e do vulcão, ela é irresistível e promissor, como a marcha do Bem Viver dos povos indígenas.


Da Mensagem Final do VII Encontro Continental de Teologia Índia:


“Como pueblos y naciones originarias, nos comprometemos a defender y revitalizar los espacios y vivencias propias de nuestras comunidades: alimentación, espiritualidad, economía, salud, educación, sistema político, lenguas e idiomas, valores, fiestas y ceremonias, vestimentas y semillas y a trasmitir este proyecto de vida a los niñas/os y jóvenes de nuestros campos y de las ciudades. A los Gobiernos de nuestros Estados les exigimos: 


El respeto y el reconocimiento de los territorios ancestrales; realizar y respetar las decisiones de los procesos de consultas, como lo señala el Convenio 169 de la OIT. Detener todo tipo de invasión a nuestros Territorios, como la minería a cielo abierto, hidroeléctricas, los agronegocios, explotación petrolera, ya que estos territorios ya existían antes de la conformación de los actuales estados. Crear y/o fortalecer la educación intercultural y plurilingüe. Respetar nuestros espacios de participación y toma de decisión en los diferentes ámbitos de la sociedad.
A los Pastores de nuestras respectivas iglesias les urgimos, en nombre de Nuestro Señor Jesucristo, que respeten la espiritualidad de nuestros pueblos ancestrales. Se involucren en nuestras reivindicaciones y luchas sociales en defensa de nuestros derechos y dignidad, como lo hizo nuestro maestro Jesús. Además les pedimos promover y apoyar la plena participación de laicos y mujeres en todos los espacios de nuestras diferentes iglesias. Nos comprometemos y pedimos a la sociedad civil crear procesos de diálogo y relaciones interculturales para llegar a tener un mismo sentir, pensar y actuar, en defensa de la vida íntegra”.






VII Encontro Continental de Teologia Índia: do Estado Neoliberal que temos, ao Estado do Bem Viver


Do Estado Neoliberal ao Estado do bem viver

Paulo Suess

Na construção do “bem viver”, dois eixos são sumamente importantes:

- o “bem viver” para todos, quer dizer, o combate contra uma sociedade de classes e privilégios, e
- o “bem viver” para sempre, que é o “bem viver” com memória histórica, o bem viver não apenas dos sobreviventes e vencedores, mas o bem viver que dá voz e ouvido aos vencidos.
Portanto, o bem viver tem uma dimensão que perpassa o tempo, uma dimensão transhistórica, e uma dimensão contemporânea e simultânea, que enfoca o aqui e agora do indivíduo e da sociedade. O bem viver não é construído em Spá nem em estúdio de wellnes, mas num laboratório no qual se entrelaçam memória histórica, ação política e gratuidade.
Não reduzimos a felicidade ao bem-estar material nem separamos o bem estar material do bem-estar espiritual.
Praticamente todas as lutas sociais representam tentativas de equilibrar felicidade individual e moral social, ou, como se diz no mundo andino, são buscas de harmonia, de harmonia sociocultural entre o individuo e o coletivo, e harmonia entre os seres humanos e a natureza da qual são parte integrante.
Essa busca de harmonia se transformou em lutas políticas. A harmonia não é dada. Ela é uma conquista que exige vigilância permanente.
Hoje, o capitalismo, essa nova colonização pelo capital, pela ideologia do desenvolvimento, pelo consumo e pela competição, procuramos curar as patologias do desequilíbrio que se manifesta pela acumulação, pelo crescimento desenfreado e pela aceleração. Procuramos novos conceitos de propriedade e desenvolvimento para construir novas realidades.
No meio de lutas pela redistribuição dos bens (terra, água, ar) e pelo reconhecimento do outro procuramos desvincular o bem-estar do crescimento predatório (agrotóxicos, expansão sobre a propriedade dos outros, consumo autodestrutivo). Percebemos que o capitalismo não tem patologias. Ele é a patologia.
1. Desafios ao “bem viver” hoje
O sistema capitalista é incapaz de produzir o bem viver de todos os cidadãos. Consumismo e fome são expressões desse desequilíbrio na distribuição dos bens da terra. Crescimento, expansão e aceleração se tornaram palavras mágicas, apoiadas por tecnologias cada vez mais sofisticadas a serviço da substituição de trabalhadores. No atual projeto, na aceleração da produção e na acumulação do capital, não se trata apenas de uma manipulação de objetos mortos. Capital e produção representam relações sociais mediadas por exploração, alienação e coisificação. A relação utilitarista “custo-benefício” não é uma mera relação comercial com sua lógica própria. Nela está embutida uma relação social.
Quem produz mais barato é aquele que se submete a condições de um trabalho penoso. Consequência desta nova configuração do trabalho são os mal empregados, os desempregados, os migrantes em busca de melhores condições de sobrevivência.
O que está em questão é coesão e solidariedade social interna das sociedades. Essa solidariedade é atropelada pela concorrência do mercado globalizado que vive da exclusão e não da integração dos cidadãos. Redistribuição, integração social pelo trabalho e participação do lucro se tornaram direitos humanos. O poder judiciário está despreparado para garantir esses direitos.
A exploração irracional atinge não só operários, indígenas ou migrantes, mas também a nossa irmã natureza. A devastação de florestas e da biodiversidade, “coloca em perigo a vida de milhões de pessoas”, em especial a vida dos “camponeses e indígenas, que são expulsos para as terras improdutivas e para as grandes cidades para viverem amontoados nos cinturões de miséria” (DAp 473).
O que está em questão é o “atual modelo econômico, que privilegia o desmedido afã pela riqueza, acima da vida das pessoas e dos povos” (DAp 473).
O “bem viver” está ameaçado por uma crise cultural profunda que se manifesta como crise de sentido, como fundamentalismo político-religioso e como consumismo. A dissolução do sentido da história humana numa mera história natural e a afirmação da verdade única como negação do reconhecimento do outro e do pensamento diferente representam um potencial permanente de guerra e violência, inclusive no interior das religiões.
Depois de guerras para a implantação da democracia, hoje essa democracia liberal está numa profunda crise estrutural pela confusão dos poderes (executivo, legislativo e judiciário) e pela ética. A democracia liberal não permite a participação satisfatória do povo, sobretudo dos pobres, dos excluídos e dos povos indígenas, especialmente quando são minoria.
A justiça em nossos países tornou-se uma justiça formal, morosa e caríssima, que atua, muitas vezes, longe dos lugares onde acontecem as injustiças, e não serve aos povos indígenas e pobres, que desconhecem os trâmites legais e não conseguem pagar advogados competentes para garantir seus direitos básicos. O aparato policial não traz segurança à população e as condições inumanas das nossas cadeias fazem delas verdadeiras escolas do crime.

Acreditamos que outro mundo e outro Estado são possíveis, porque o atual tripé crescimento econômico, segurança social e democracia política não oferecem perspectivas do bem viver universal. Não entramos no jogo de alternativas perversas: democracia com fome e miséria, ou bem-estar material sem participação, sem liberdade política e sem horizonte de sentido, ou prosperidade econômica do país com ditadura e fome.
A construção do Estado do bem viver é uma construção cultural (não natural). Construir o bem viver, é contracultural. Essa construção significa:

- descolonizar as instituições políticas,
- desmercantilizar os saberes, a fé, a escola, saúde,
- desprivatizar o que deve ser de domínio público,
- frear a patologia da aceleração: somos o freio de emergência.

2. Construção do “bem viver” como crítica, ascese e solidariedade

Enquanto nossos países estão competindo com os países com economias fortes, nas discussões constitucionais da Bolívia e do Equador irrompeu uma proposta que procura superar as políticas subordinadas aos projetos de hegemonia competitiva. Essa proposta, de origem kechwa, se articula em torno de um novo paradigma do “bem viver”, em kechwa, “sumak kawsay”.
O “sumak kawsay” é uma utopia política não muito distante da utopia do Reino. Ambos são precedidos ou representam um pachakuti, uma reviravolta social. O pachakuti restabelece o equilíbrio perdido e abre o caminho para “viver em plenitude”.
Como cristãos podemos compreender o bem viver como vida em plenitude e como sabedoria do reino, sem privilégios, sem prestígio. O bem viver no horizonte da solidariedade não é para nós, é para os outros: “A outros Ele ajudou, para si mesmo não sabe fazer nada”. Lutamos como servos para que ninguém precise ser servo.
O nosso bem viver é resultado do bem viver do outro, e não como compensação transcendental, mas no aqui e agora. Os respingos da felicidade do outro podem iluminar nossa vida, como as dores do outro nos mantém no caminho e na luta.
O contexto político-cultural de hoje dificulta assumir publicamente o conflito social como motor para a construção do bem viver. Quem fala em luta de classe parece não ter compreendido as mudanças de época. Mas um novo modelo de sociedade e desenvolvimento não vai emergir gratuitamente. Por causa dos pobres somos obrigados de nos fazer presentes nessas lutas, evangelicamente responsáveis e socialmente relevantes.
Através de pequenas compensações e através de uma legalidade formal, o capital conseguiu impor um contentamento superficial. Líderanças dos movimentos sociais foram cooptados por cestas básicas de comida e medidas de mitigação que representam o prato enfeitado daquele que é levado à forca.
A “ação afirmativa” substituiu a “ação crítica”. Num contexto de alienação generalizada e de silêncios comprados, temos a tarefa de “desafinar o coro dos contentes” (Torquato Neto) e desgovernar a nau dos adaptados que se contentam com o pouco que o gozo regressivo à fase oral e anal oferece de maneira destrutiva via consumo e acumulação. O bem viver para todos e sempre significa puxar o freio de emergência do projeto acelerado e desgovernado em curso e propor outro projeto civilizatório.
A vida dos cristãos é atravessada pela cruz que assumimos por causa do bem viver dos outros e pela gratuidade. Anunciamos o Reino de Deus como libertação da servidão. A radicalidade da encarnação (e inculturação) tem o nome de solidariedade (cf. Gaudium et spes, 32).

Solidariedade, hoje, significa despojamento e ascese. Ascese para nós é libertação do supérfluo, para que todos possam ter o necessário para o bem viver. A ascese é o protesto contra nossa humilhação como consumidores. O bom é o inimigo do melhor e do mais. Precisamos aprender a viver melhor com menos.
No horizonte evangélico de uma igualdade radical não existe lugar para a apropriação privada da vida boa, nem da fé, da esperança e do amor. A fé nos foi dada por causa dos desacreditados. A esperança nos foi dada por causa dos desesperados. O amor nos foi dado por causa dos desprezados. Tudo que recebemos pertence aos necessitados.
Vida boa para todos e para sempre! A dimensão da cruz é a dimensão da ruptura. Ela nos coloca no meio dos grandes conflitos. Nosso equilíbrio está na articulação entre luta e contemplação. O bem viver, no horizonte de todos e para sempre, existe somente no horizonte da ressurreição, que é justiça definitiva para todos e insurreição contra o absurdo histórico!


O VII. Encontro Continental de Teologia Índia discute o Bem Viver (sumak kausay) para todos



Estado do Bem Viver contra o Estado neoliberal




Delegados de mais de 15 países, em sua maioria representantes de povos indígenas, estão presentes no Equador, Pujilí, de 14 a 18 de outubro. Pujilí é um Cantão da Província de Cotopaxi, onde se realiza VII Encontro Continental de Teologia Índia. Trata-se de um encontro ecumênico, do qual participam 250 representantes de comunidades indígenas e agentes de pastoral. Os participantes do evento denunciam o projeto de exterminio ao qual estão submetidos os povos indígena. Ao mesmo tempo, a esperança e a resistência dos povos indígenas apontam ao Projeto do Bem Viver (sumak kawsai), uma alternativa ao atual sistema de morte. O sistema de morte está resumido no Estado neoliberal que em seus sistemas jurídicos (justiça), executivos (governos) e judiciais (parlamentos) se fez prisioneiro do grande capital.

Caminhar refletindo

Al caminar de la reflexión teológica de los pueblos indígenas se ha unido la voz de teólogos reconocidos, que, desde la humildad del intercambio fraterno, retoman los principales temas y aportan, desde sus diferentes disciplinas, para iluminar los pensamientos de las comunidades indígenas.
El primer día han acompañado la reflexión del Encuentro dos reconocidos teólogos de Brasil y de Chile: Paulo Suess y Diego Irirrizábal.
Al análisis de la realidad hecho por los participantes, Paulo Suess añadió su mirada crítica. Compartió que la utopía del buen vivir, tema del encuentro, nos permite ejercitar nuestra visión crítica a esta dura realidad que enfrentan los pueblos indígenas, pero también nos sirve como luz en el horizonte que nos ayuda a caminar.
Propuso que el buen vivir, SUMA KAWSAY, es auténtico solo si es para todos y es para siempre. Recordó que esta utopía del buen vivir es una construcción cultural colectiva, no algo natural, y que para convertirla en realidad en nuestros pueblos, hay que unirnos en la lucha.
Aconsejó, como salida a la situación de muerte que experimentan los pueblos indios en América Latina, impulsar los procesos de descolonización y desmercantilización, negándonos a convertir las cosas importantes (la sabiduría, la naturaleza, la fe) en mercancías que se compran y se venden.

Diego Irarrazábal compartió la necesidad que tenemos de detener este proyecto actual de muerte a través de un proceso de desprivatización, para que la comunitariedad propia de los pueblos indios se presente como alternativa real de organización. “Sólo así, dijo, se superará este sistema capitalista que es patológico y no tiene salida”.

[mais matérias: no facebook e blog: VII Encuentro Continental de Teologia India]


Líder indígena Guarani Mbya é encontrado morto na Lagoa dos Patos, no RS


Causas da morte são desconhecidas; terra reivindicada pela comunidade passou a ser visitada por fazendeiros que pressionam para que os indígenas se mudem para a ilha
 
09/10/2013 - do Cimi Sul

 Inácio Lopes, líder político e religioso Guarani Mbya, foi encontrado morto na manhã desta terça-feira (8) boiando na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, próximo a uma ilha onde habitam algumas famílias do povo Guarani Mbya, no município de Palmares do Sul.
A referida ilha vem sendo oferecida à comunidade Guarani Mbya por fazendeiros do município de Capivari do Sul, como alternativa à terra reivindicada pela comunidade indígena. A Funai iniciou os estudos de identificação e delimitação da Terra Capivari e desde então a comunidade passou a ser visitada por representantes dos fazendeiros que pressionam para que eles se mudem para a ilha.
Inácio se destacou, ao longo dos últimos anos, por sua liderança junto à Comissão de Terra Guarani, posteriormente denominada de Conselho de Articulação do Povo Guarani-CAPG. Colaborou decisivamente para a rearticulação das comunidades acampadas à beira de estradas e afetadas pelas duplicações das rodovias. Inácio também foi cacique da Terra Passo Grande, área que está em estudo de identificação e delimitação pela Funai.
Atualmente, Inácio vivia na área indígena de Torres, uma terra adquirida pelo governo federal como compensação pelos impactos da duplicação da BR-101, que cortou ao meio a terra onde viviam dezenas de famílias Guarani Mbya, na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Depois de ter passado por intensos processos de estudos, reflexões e aprendizados sobre a religiosidade de seu povo, Inácio estava se destacando como liderança religiosa (Karaí). Na primeira semana de outubro ele foi convocado pelas famílias que vivem na ilha da Lagoa dos Patos para realizar rituais de cura em uma criança que se encontrava muito doente. No domingo, dia 06, as famílias Guarani sentiram falta de Inácio, começaram a procurá-lo e, na manhã dessa terça, o corpo foi localizado boiando próximo à ilha.
As causas da morte ainda são desconhecidas. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal em Porto Alegre.
Os Guarani Mbyá sentem a perda dessa importante liderança política e religiosa, que há muito vinha lutando em defesa dos direitos de sua comunidade, e colaborando para restabelecer as condições de vida digna para todos.
 

“Todos contra a Terceirização”

 
O Movimento Humanos Direitos (MHUD) e a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho) também estão na luta contra o Projeto de Lei nº 4.330/2004, que regulamenta a terceirização no Brasil.
Diversos atores que participam do Movimento gravaram vinhetas criadas pela Anamatra contra o projeto. Participaram das gravações os atores e dirigentes do MHUD Camila Pitanga, Dira Paes e Gilberto Miranda, e os atores participantes do Movimento Bete Mendes, Osmar Prado, Priscila Camargo e Wagner Moura – todos sem receber cachê.

Esta iniciativa da Anamatra e do MHUD intensifica a luta contra o PL 4330, uma das prioridades da CUT no último período. Os últimos meses foram de um amplo processo de discussão e conscientização sobre os riscos que o projeto do empresário e deputado Sandro Mabel representa, não apenas para os trabalhadores, mas para o futuro do Brasil.
 
 
 

Atlas Brasil do Desenvolvimento humano 2013



Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para ajudar a classificar os países como desenvolvidos (desenvolvimento humano muito alto), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional.




Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc. O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no seu relatório anual.
 



Hoje, dia 5 de outubro 2013, a Constituição de 1988 completa 25 anos.


"Mobilização Nacional" com novas informações:

http://mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com/


Em manifestação contra propostas que pretendem mudar as regras das demarcações de terras indígenas, representantes da Mobilização Nacional dos Povos Indígenas, fizeram quinta-feira, dia 3 de outubro, no gramado em frente ao Congresso Nacional, o enterro simbólico da ministra Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil da Presidência da República, da senadora Kátia Abreu (PSD/PMDB-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
No mesmo dia 3, dois dias antes do prazo final para quem quer disputar eleição em 2014, Kátia Abreu trocou de partido. Deixou o PSD e agora pertence ao PMDB, do vice-presidente da República, dos presidentes da Câmara e do Senado e do ministro da Agricultura. Além de comandar a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o principal sindicato dos fazendeiros, agora Kátia Abreu faz parte do partido de sustentação do Governo.
A mudança de ares da senadora coincide com as bodas de prata da atual Constituição. Os 25 anos completam-se neste sábado 5. Na promulgação, foi batizada de “cidadã”, graças a significativos avanços sociais, como o voto dos analfabetos e a saúde pública gratuita para todos. Há um tema, no entanto, em que faltou cidadania: a reforma agrária. E o motivo pode ser entendido no recente casamento de Kátia Abreu com o PMDB.
Depois do enterro simbólico, os caciques que viajaram a capital federal para protestar contra os projetos de lei entregaram a um grupo de oito parlamentares um documento de quatro páginas com reivindicações dos povos indígenas de todo o país. Receberam o manifesto indigenista os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ), Janete Capiberibe (PSB-AP), Lincoln Portela (PR-MG), Erika Kokay (PT-DF), Amauri Teixeira (PT-BA), Domingos Dutra (PT-MA) e Benedita da Silva (PT-RJ).
No manifesto denominado de “Declaração da Mobilização Nacional em Defesa da Constituição Federal dos Direitos Territoriais Indígenas, Quilombolas, de outras Populações e da Mãe Natureza”, os caciques repudiam os ataques do governo federal contra os povos indígenas e acusam a bancada ruralista de estar agindo “a serviço de interesses e lucros privados”.
“Nós, caciques e lideranças indígenas de todo o Brasil, mobilizados em Brasília e simultaneamente em vários estados, repudiamos de público os ataques orquestrados pelo governo da presidenta Dilma Rousseff e parlamentares, maioritariamente ruralistas do Congresso Nacional, contra os nossos direitos originários e fundamentais, principalmente os direitos sagrados à terra, territórios e bens naturais garantidos pela Constituição Federal de 1988”, diz trecho da carta, assinada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). À tarde, os índios ocuparam, por volta das 16h, a sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), articuladora da onda anti-indígena no Brasil.
 

 Apesar de pacíficas, as manifestações foram sempre acompanhadas por dezenas de policiais militares, que fizeram cordões de isolamento não só próximo ao espelho d`água em frente ao Congresso, mas em todos os prédios visitados pelos índios. A presença indígena era simbólica, a presença do aparato militar, real.
[fonte: Carta Capital, Agência Brasil e.o.]