Por Luana
Luizy, Brasília
Racismo, genocídio, danos ambientas
nas terras indígenas, morosidade na regularização de terras e morte por
desassistência na área de saúde. Estes foram alguns dos pontos abordados
referentes aos dados de 2011 do Relatório de Violência Contra os Povos
Indígenas no Brasil, lançado nesta quarta-feira, 13, no auditório Dom Helder
Câmara, da CNBB.
Prof. Lúcia, Dom Leonardo, Dom Erwin,, Nailton Pataxó, Jader Marubo, Kleber (Foto: Laila) |
“Precisamos que os dados não fiquem
apenas nos estandes de livros, mas que ocupem corações e mentes. Atualmente os
índios vivem sob um contexto de abandono por parte do governo e da Funai.
Esperamos também que a Rio+20 chame a atenção para os povos indígenas”, afirma
Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi.
O relatório aponta uma média de 55
assassinatos de indígenas entre os anos de 2003 e 2011, num total de 503 mortos
nesse período; em 2011, registram-se 51 vítimas. “Nosso serviço não é de
caridade assistencialista, mas aos nossos irmãos e irmãs que possuem seus
direitos renegados. Nossa sensação é de que os conflitos têm aumentado”,
reitera Dom Leonardo, secretario geral da CNBB.
Das 51 mortes registradas no
relatório no ano de 2011, 32 são de Guarani-Kaiowá, do estado de Mato Grosso do
Sul, o que corresponde a 62% das mortes a nível nacional. “No Mato Grosso do
Sul, a situação é bastante crítica, retrato de uma guerra e genocídio contra os
Guarani Kaiowá. Há uma série de denúncias e ações contrárias do poder executivo
frente a esses povos, que inverte totalmente a situação afirmando que os índios
afetam o desenvolvimento do estado”, critica Lúcia Rangel.
A morosidade em demarcar e homologar
terras indígenas contribui para que os povos fiquem vulneráveis e essa é uma
das principais causas aos danos ambientais. Em 2011, foram homologadas apenas
três terras pela presidenta Dilma Rousseff.
Vale do Javari: saúde doente
Jader Marubo |
Ameaçados pela disseminação de
doenças e quadro crítico de saúde na região, intensificada pela falta de
atendimento adequado, os povos indígenas do Vale do Javari, localizado no
estado do Amazonas, tiveram suas tragédias denunciadas pelo relatório. O
presidente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), Jader
Marubo, participou no lançamento.
“É muito triste representar os
Javari aqui. Venho de uma terra onde a cada dia morrem indígenas em função do
descaso do governo. A Sesai, por exemplo, tem uma política apenas de remoção
dos indígenas. Na nossa aldeia, 82% dos indígenas estão infectados com
hepatites virais. Há doenças que nossos pajés não sabem mais como curar. Nosso
território está sendo invadido por fazendeiros, madeireiros e
narcotraficantes”, lamenta Jader Marubo.
A questão da Belo Monte, também foi
lembrada no evento, pois começa hoje e segue até o dia 17, na região do rio
Xingu, o encontro que marca os 23 anos da primeira vitória dos povos contra o
projeto de barramento do rio em 1989, chamado de Xingu + 23. “São 23 anos em
que os indígenas lutam pelos seus direitos e para que esse projeto monstruoso
não se torne realidade. O tema Xingu está ligado a causa indígena. Belo Monte
será fatal para esses povos. Esperamos que esse relatório seja colocado nas
mãos da imprensa e do povo brasileiro”, protestou Dom Erwin.
Nailton Muniz |
Leia na
íntegra o Relatório de Violência pelo link:
http://www.cimi.org.br/pub/CNBB/Relat.pdf
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