Um dos
advogados criminalistas mais ricos do Brasil, Márcio Thomaz Bastos, defende um
dos homens mais corruptos, Carlinhos Cachoeira, por R$ 15 milhões. [Cf. a
matéria de Melchiades Filho na F.d.S.P., p. 2, opinião, 28.5.2012.]
Melchiades Filho: A defesa é o
melhor ataque
BRASÍLIA -
Márcio Thomaz Bastos era o ministro da Justiça quando a Polícia Federal, a ele
subordinada, concluiu em relatório, após meses de diligências e escutas, que
Carlinhos Cachoeira comandava uma rede de políticos e arapongas a fim de
fraudar contratos públicos e proteger casas clandestinas de jogo.
Hoje, MTB é
advogado do bicheiro. Busca livrá-lo do inquérito da PF e conter seu eventual
ímpeto de falar.
Márcio
Thomaz Bastos era ministro da Justiça, também, quando pintou a versão de que o
mensalão não passara de um caso corriqueiro de caixa dois eleitoral. A PF já
coletava provas de que os mensaleiros drenaram os cofres públicos para comprar
apoio político ao governo Lula. Houve dano ao erário (R$ 92 milhões do Banco do
Brasil), e não mera manipulação de "recursos não contabilizados" de
campanha.
Hoje, MTB
advoga para o ex-diretor de um dos bancos que, segundo a PF, ajudou a esquentar
o dinheiro desviado. Empenha-se para, no mínimo, adiar o julgamento no STF.
No tribunal
e no Congresso, é generalizada a percepção de que o ex-ministro não cuida
apenas do interesse de seus clientes, influindo sobre a estratégia de todos os
réus do mensalão e do Cachoeiragate.
Tão
enganadora quanto a discussão em torno da periodicidade do mensalão -se não
foram mensais, os pagamentos "não existiram"- é a atual ladainha em
torno do -óbvio- direito a defesa de Cachoeira, Dirceu, Demóstenes, Delúbio
& Cia.
A anomalia
reside no papel dúbio de MTB. Lidera a polícia para, mais tarde, socorrer os
incriminados. Numa hora, age para recuperar o dinheiro pilhado do governo;
noutra, é a pessoa a receber parte dele na forma de honorários (só de
Cachoeira, serão R$ 15 milhões).
O
ex-ministro se diz movido por "desafios", deixando a Deus
"julgamentos morais". Sua conduta, porém, desafia o bom senso e abala
a crença na polícia "republicana".
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