Caçador de índios
Durante a colonização da atual
Blumenau, em Santa Catarina, no início do século XX, o governo brasileiro, as
empresas de colonização e colonos alemães utilizaram-se de pistoleiros para
“fazer a limpeza da região”. Para Sílvio Coelho dos Santos, da Universidade
Federal de Santa Catarina, “bugreiro, ou, mais explicitamente, o caçador de
índios, foi uma profissão criada e necessária ao capitalismo em expansão nesta
parte da América” .
Este fragmento de depoimento do
bugreiro Ireno Pinheiro ao professor Sílvio Coelho, em 1972, é bastante
esclarecedor: “o assalto se dava ao amanhecer. Primeiro, disparava-se uns
tiros. Depois passava-se o resto no fio do facão. O corpo é que nem bananeira,
corta macio. Cortavam-se as orelhas. Cada par tinha preço.
Às vezes, para
mostrar, a gente trazia alguma mulheres e crianças. Tinha que matar todos. Se
não, algum sobrevivente fazia vingança. Quando foram acabando, o governo deixou
de pagar a gente. A tropa já não tinha como manter as despesas. As companhias
de colonização e os colonos pagavam menos. As tropas foram terminando. Ficaram
só uns poucos homens, que iam em dois ou três pro mato, caçando e matando esses
índios extraviados” .
[SANTOS, Sílvio Coelho dos. Os índios Xokleng:
memória visual. Florianópolis: UFSC (Univali), 1997.]
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