Indígenas e representantes de
organizações indigenistas garantem que o presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que as 19 condicionantes
estabelecidas pela Corte, em 2009, para aprovar a manutenção da demarcação da
Terra Indígena Raposa Serra do Sol em terras contínuas não se aplicam
compulsoriamente a outros processos demarcatórios.
A reportagem é de Alex Rodrigues,
publicada pela Agência Brasil – EBC, 01-09-2012.
Mr. Luis Inácio Adams |
Na prática, a portaria proíbe a
ampliação de áreas indígenas já demarcadas e a venda ou arrendamento de
qualquer parte desses territórios se isso significar a restrição do pleno
usufruto e a posse direta da área pelas comunidades indígenas. A norma também
proíbe o garimpo, a mineração e o aproveitamento hídrico da terra pelos índios,
além de impedir a cobrança, pela comunidade indígena, de qualquer taxa ou
exigência para utilização de estradas, linhas de transmissão e outros
equipamentos de serviço público que estejam dentro das áreas demarcadas.
“Perguntamos ao ministro se havia
necessidade de a AGU publicar a portaria. Ele nos disse que, na sua avaliação
pessoal, as condicionantes serviam a um caso específico, para garantir a
retirada dos não índios da Raposa Serra do Sol, e que é um equívoco generalizar
a decisão da Corte e aplicar as condicionantes a outras terras indígenas”,
afirmou à Agência Brasil o assessor técnico da Articulação dos Povos Indígenas
(Apib), Paulino Montejo.
De acordo com o índio Sandro Emanuel
dos Santos, representante da comunidade Tuxá, da Bahia, e membro da Comissão
Nacional de Política Indigenista (CNPI), Britto de fato se disse surpreso com a
portaria, lembrando que existem pelo menos seis pedidos de esclarecimentos, os
chamados embargos de declaração que, conforme o resultado do julgamento, podem
ocasionar mudanças nas condicionantes (o que, conforme a assessoria do STF
informou, não resultará em qualquer mudança na decisão de manter a demarcação
da Raposa Serra do Sol em terras contínuas). Ainda, segundo Santos, o ministro
disse que pretende colocar em pauta o julgamento das condicionantes o quanto
antes. “Para o movimento, a reunião com o ministro foi positiva e
tranquilizadora”.
A Agência Brasil tentou confirmar as
informações com Britto, mas, segundo a assessoria da Corte, ele só irá se
manifestar sobre o tema após se reunir com o advogado-geral da União, Luis
Inácio Adams. A presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta
Azevedo, que também participou do encontro, não quis comentar o assunto.
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