Misionólogos en Puerto Vallarta: “El aporte de Vaticano II a la reflexión misionológica”

Apuntes de la charla en la paróquia La Aurora, fundada por nuestro colega Pe. Gabriel Ponce.
“La esperanza es un mensaje central de la fe bíblica (Cf. SpS 2) y del paradigma de la misión. Ella es un puente hacia el mundo cotidiano de los pobres y una raíz de su fe en las alegrías y tristezas de la vida.

Formação missionária na paróquia La Aurora
La memoria del pasado y las experiencias de nuestra fe nos permiten hoy tener esperanza de que mañana haya justicia. El apóstol nos exhorta a estar siempre preparados para dar las razones de nuestra esperanza, con “mansedumbre y respeto” (cf. Pd 3,15ss). “La mansedumbre y el respeto”, ¿no serían esa dosis de duda, de autocrítica y de reconocimiento de que nuestras aspiraciones son, como las aspiraciones de los pobres, “improferibles” en los lenguajes y las lógicas establecidas? Integrar la duda en nuestra doctrina y la autocrítica en nuestras prácticas institucionales no son elementos de su destrucción, sino de su salvación.
Dios, quien escucha el grito de los pobres, está con nosotros en el centro de los  conflictos, nos envía en misión a la periferia del mundo para que no haya más centro ni periferia. Al envío precede la convocación al éxodo. Él nos llama a salir de la esclavitud. Esa esclavitud se desdobla en múltiples formas de servidumbre y sumisión.

Cautivos de esperanza
Feliz reencontro de pároco Pe. Gabriel Ponce
com sua paróquia "La Aurora"

La misión, que se propone anunciar la “buena nueva a los pobres”, busca, necesariamente, desvincularse del sistema que produce el sufrimiento. La misión de Dios incomoda y desacomoda. Dios, que invita al éxodo, también pone fin al exilio. Zacarías (“el Señor es memoria”), el profeta postexílico, promete liberar a “los cautivos de la esperanza del pozo donde no hay agua” (Zac 9,11). Los cautivos de la esperanza serán arena en las entrañas del sistema (cf. DA 62) y aceite en las transformaciones en curso que benefician a todos.
La ruptura sistémica no depende de la Iglesia, pero es factible con ella. Sus gestos significativos —signos de justicia e imágenes de esperanza— tocan todos sus sectores (formación, teología, catequesis, ministerios, liturgias, pastorales) y articulaciones con sectores más allá del ámbito eclesial. La Iglesia, por medio de sus agentes de pastoral, se halla presente en los diversos movimientos sociales que creen no en un paraíso terrestre, sino en la posibilidad de otro mundo más digno y justo. Su misión es “suscitar esperanza en medio de las situaciones más difíciles, porque, si no hay esperanza para los pobres, no la habrá para nadie” (DAp 395).

En la formación de sus propios líderes, la Iglesia los cualifica espiritual y teológicamente para los choques con el capital en la era de su mundialización, para la intervención y el compartir, para la gratuidad y la solidaridad, para la mística militante. El resucitado es el crucificado. La cruz no pertenece a la prehistoria de las luchas por la liberación. Pertenece a su historia permanente. Y en esa historia definimos etapas, prioridades y metas de otro mundo posible.
La Iglesia de América Latina y del Caribe está frente a tres alternativas de la indiferencia, la adhesión o la ruptura sistémica:
a) con miedo, enterrar los muchos talentos que recibió (Mt 25,14ss);
b) insertarse en el sistema capitalista y proponer pequeñas mejoras; o
c) intervenir con signos de justicia en el mundo injusto, deseñar imágenes de esperançar e cultivar las semillas del Reino.
Aparecida asumió esa intervención y ruptura como servicio a los pobres. Prometió ser abogada y casa de los pobres. Con “mansedumbre y respeto”, el paradigma de la misión reclama de la Iglesia esa promesa de ser espacio de ensayo de rupturas. La misión ha de ser internamente crítica para poder ser externamente propositiva. Como casa de los pobres, la Iglesia será casa de esperanza —cautiva y cautivante—. En la esperanza saldrá del pozo donde no hay agua y ampliará el espacio de su tienda (cf. Is 54,2). Según una antigua tradición de Israel, el Mesías vendrá cuando todos tengan un lugar en la mesa del pan y de la palabra. La Iglesia puede ser esa mesa.”
Paulo Suess
 

Os rumos da Igreja no Brasil a partir das Diretrizes Gerais da CNBB (2011-2015)

Aonde vais, Igreja?

"A urgência das DGAE 2011 aponta, como uma espécie de PAC (Programa de Aceleração dos Católicos) eclesial apenas para a velocidade, não para o caminho. Pela falta de recursos e agentes de pastoral nas periferias das nossas grandes cidades, os ministros que restam se tornaram, muitas vezes, missionários e missionárias de Fórmula 1, sobrecarregados com tarefas e distâncias. Estão "na onda” da aceleração exigida pelo mercado e agora pelas DGAE", escreve Paulo Suess, missiólogo e assessor teológico do Cimi, ao analisar as "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015”, em artigo publicado por Adital, 05-08-2011 e Unisinos, 07-08-2011. Na íntegra, o texto será publicado na Revista Eclesiástica Brasileira, fasc. 284, outubro 2011.

Eis o artigo resumido:

No início da Via Appia Antica, na saída de Roma, se encontra a pequena Igreja Quo vadis, Domine ("Aonde vais, Senhor?”). Ela lembra a lenda de uma fuga e a história de uma perseguição. Segundo a lenda, o apóstolo Pedro teria fugido das perseguições do imperador Nero (54-68) e se encontrou, no perímetro da Quo-vadis-Domine, com Jesus ressuscitado. À pergunta de Pedro "Aonde vais, Senhor?”, Jesus teria respondido "vou a Roma para ser novamente crucificado”.Neste exato momento, em que o afrouxamento do espírito de pertença à Igreja Católica aponta a diferentes razões de fuga, a CNBB procurou em suas "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015” (DGAE 2011) responder à pergunta: "Aonde vais, Igreja?”

1. Do objetivo geral
Para nossa reflexão sobre caminhar histórico e direção contemporânea da Igreja no Brasil pode ser fecundo comparar o objetivo da XVII Assembleia Geral da CNBB, de abril de 1979, com os objetivos das DGAE de 2008 e de 2011. O Objetivo geral de 1979 rezava:

1979
Evangelizar
a sociedade brasileira em transformação,
a partir da opção pelos pobres,
pela libertação integral do homem,
numa crescente participação e comunhão,
visando à construção de uma sociedade fraterna,
anunciando assim o Reino definitivo.

Se colocarmos o novo Objetivo geral das Diretrizes de 2011 ao lado do Objetivo de 2008 e compararmos ambos com o de 1979, temos uma informação "objetiva” sobre mudanças significativas e continuidades a longo e curto prazo. Nos Objetivos de 2008 e 2011, com ênfase no discipulado missionário, percebe-se a influência de novos setores e movimentos. Estes, nos últimos anos, ganharam força na Igreja Católica, influenciaram fortemente o evento de Aparecida (2007) e se sintonizaram mais com o discurso universal, genericamente romano, do que com os contextos geográficos, onde deveriam estar enraizados:


2008
2011
Evangelizar,
a partir do encontro com Jesus Cristo,

como discípulos missionários,
à luz da evangélica
opção preferencial pelos pobres
promovendo a dignidade da pessoa,
renovando a comunidade,
participando da construção
"para que todos tenham vida
e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Evangelizar,
a partir de Jesus Cristo,

na força do Espírito Santo
como Igreja discípula,
missionária e profética,
alimentada pela Palavra de Deus
e pela Eucaristia,
à luz da evangélica
opção preferencial pelos pobres
para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10) rumo ao Reino definitivo.

  
A continuidade verbal das DGAE está na própria evangelização, na opção pelos pobres e no anúncio do Reino de Deus e da Vida. As mudanças significativas que se percebem nos Objetivos gerais de 2011 se encontram em seu cunho nitidamente introvertido. A Igreja das Diretrizes gira em torno de si mesma e perdeu, aparentemente, o horizonte da "libertação integral do homem” (1979) e da "construção de uma sociedade justa e solidária”(2008) de outros tempos. As palavras-chave, na ordem das Diretrizes de 2011 são: evangelizar, Jesus Cristo, Espírito Santo, Igreja discípula, missionária e profética (sem respaldo significativo no próprio texto das Diretrizes), Palavra de Deus, Eucaristia, (finalmente!) a opção preferencial pelos pobres, vida e Reino.
Há uma divergência sobre o ponto de partida para a evangelização: evangelizar "a partir da opção pelos pobres” (1979) ou evangelizar "a partir de Jesus Cristo” (2011) que alguns bispos consideram uma tautologia. Evangelizar a partir da realidade social ou da revelação e doutrina? O "a partir de” pode apontar para um ponto de partida geográfico-social ("a partir do lugar dos pobres”) ou para uma fonte doutrinal ("a partir de Jesus Cristo”). Não devemos confundir "lugar” com "fonte”. Para definir o uso da fonte doutrinal, precisa-se dizer antes a partir de que lugar sociogeográfico se faz uso daquela fonte. A fonte é um instrumento a serviço da causa dos pobres. "Fonte” e "lugar” apontam para níveis diferentes. Uma solução atenuante se oferece através da aproximação de Jesus Cristo aos pobres, portanto, da "fonte” ao "lugar”, como está implícito no "julgamento das nações”, de Mt 25,31-46.
O Objetivo geral das DGAE 2011 aponta para essa discussão de fundo, que é uma discussão semântica e metodológica. Ela procura esclarecer o conceito de realidade e versa sobre a aceitação da metodologia do ver, julgar, agir e da precedência do "lugar social” ante a "fonte doutrinal”.

2. Da realidade
Na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida (2007), o papa Bento XVI assumiu essa questão e tranquilizou o ambiente, dando, aparentemente, razão a gregos e a troianos. Deve-se, antes de tudo, saber que a metodologia do ver-julgar-agir não é uma invenção da Teologia da Libertação. Trata-se de uma herança da Juventude Operária Católica (JOC), da Bélgica, assumida pelo papa João XXIII, em sua Carta Encíclica Mater et Magistra, de 1961 (MM 236). Por conseguinte, Bento XVI, em Aparecida, não teve mais a possibilidade de rejeitar a metodologia do ver, julgar, agir, mas introduziu nela acréscimos significativos.
A análise da realidade, em documentos eclesiais latino-americanos, está muito ligada ao lugar da "opção preferencial pelos pobres”. No Objetivo geral das DGAE 2011, a opção preferencial pelos pobres está no último lugar possível e seu conteúdo fica aquém da proposta de Aparecida que deu um novo peso a essa opção explicando o significado do "preferencial”, nas DGAE apenas formalmente citada (69): "Que seja preferencial implica que deva atravessar todas as nossas estruturas e prioridades pastorais”(DAp 396).
A opção pelos pobres e pelos "outros” nos coloca em meio a conflitos centrais da humanidade, conflitos que exigem discernimentos e "análise da realidade”. Discernir quer dizer distinguir entre diferentes níveis dessa realidade. Nas Diretrizes de 2011, essa realidade é descrita com certo pessimismo. As "marcas de nosso tempo”, segundo as Diretrizes, são transformações profundas. Em tempos desnorteadores (20) perdemos valores, referenciais e critérios. Tudo isso produz: relativismo, fundamentalismo, laicismo militante contra a Igreja, irracionalidade midiática, amoralismo generalizado (20). Somos dominados por leis do mercado, lucro, bens materiais, hedonismo, sucesso pessoal, individualismo. As Diretrizes acrescentam ainda como "marcas de nosso tempo”: corrupção, violência, narcotráfico, emocionalismo, sentimentalismo, utilitarismo (21 e 22).
O tópico dos "sinais dos tempos”, as Diretrizes mencionam duas vezes (24, 140), sem apontar para seu conteúdo. Quais são esses sinais dos tempos? Qual é seu significado? De fato, a Igreja das Diretrizes não soube nomear os sinais do tempo de hoje. Preocupações internas dificultam a percepção daquilo que Deus nos quer dizer através do mundo. Essa incapacidade de ver Deus atuar fora da Igreja nos faz lembrar a gigantesca coragem de João XXIII que, em sua Carta Encíclica Pacem in Terris (1963), soube ler os "fenômenos [que] caracterizam a nossa época” como "sinais dos tempos”: a emancipação da classe operária, das mulheres e dos países colonizados (cf. PT 39ss), o reconhecimento crescente dos "laços comuns da natureza” que unem a humanidade (PT 126-129) e a Declaração Universal dos Direitos do Homem (PT 142ss).
Em seu Discurso Inaugural (DI) da Conferência de Aparecida, Bento XVI sublinhou a base cristológica da opção pelos pobres. Repetidas vezes o DAp cita essa parte do DI (148, 392, 405, 505). A articulação cristológica e, em sua consequência, trinitária da opção pelos pobres faz dessa opção, e de seus desdobramentos concretos, não só imperativos pastorais irrevogáveis, mas premissa da teologia latino-americana e de sua análise da realidade. Isso nos permite escutar as perguntas de Bento XVI sobre a realidade em geral, a partir da nossa realidade latino-americana e caribenha: "O que é esta `realidade´? O que é o real? São `realidade´ só os bens materiais, os problemas sociais, econômicos e políticos?” Os sistemas marxistas e capitalistas "falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus”. E o papa continua: "Só quem reconhece Deus, conhece a realidade e pode responder a ela de modo adequado e realmente humano”.
Pelo bem da verdade temos que acrescentar que não só sistemas ateístas, mas também religiões e, inclusive o cristianismo, podem responder inadequadamente aos reclamos da realidade. Em seguida temos de admitir que nessa visão da realidade se trata de uma mescla de dois níveis de realidade, de uma teológica sobreposta a uma sociológica.
Entretanto, é possível, numa teologia contextual articular os dois níveis da realidade, nos termos cristológicos de Calcedônia, sem confusão (inconfuse) e sem separação (indivise). O Cristo da fé assumiu como Jesus de Nazaré a cruz, que nos protege "da fuga para o intimismo”, como disse o papa, e de interpretações ideológicas da realidade. A análise da realidade com a premissa da opção pelos pobres, que significa "ver Deus nos rostos dos pobres”, não permite o abandono da realidade sociológica nem a sua redução aos grandes problemas econômicos, sociais e políticos. Mas, igualmente, não permite voltar a um Credo desencarnado ou a um Pai-Nosso sem pensar o "pão nosso” de toda a humanidade.
O prefixo de uma cristologia gloriosa em documentos oficiais recentes da Igreja, quase paralelo à realidade das vítimas dos sistemas e dos crucificados da história, se torna repetitivo, cansativo e distante do povo de Deus. Esse povo de Deus que, provavelmente, não se reconhece nas Diretrizes, ama Jesus e se reconhece, sobretudo, em Jesus crucificado. A Igreja precisa reaprender a falar de Jesus crucificado nos pobres. Nos DGAE 2011, a cruz aparece duas vezes (5, 69) e apenas uma vez essas Diretrizes falam do martírio (3).

3. Da estrutura
A 49ª Assembleia Geral, de 2011, considerou sumariamente "a mudança de época como maior desafio” (27). O tópico da "mudança de época” faz, no mínimo, dez anos que aparece em documentos eclesiais. Na estrutura das DGAE 2011 não somos mais confrontados com desafios do mundo, mas com cinco urgências da Igreja na ação evangelizadora, urgências que representam escolhas caseiras e reparos institucionais dos estragos que a mudança de época causa às Igrejas. Eis as cinco urgências que no IV capítulo das Diretrizes se tornam cinco "perspectivas de ação”:
(1) Igreja em estado permanente de missão;
(2) Igreja: casa de iniciação à vida cristã;
(3) Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral;
(4) Igreja: comunidade de comunidades;
(5) Igreja a serviço da vida plena para todos.
Como a "opção preferencial pelos pobres” no Objetivo geral, também a verdadeira razão de ser da Igreja, estar "a serviço da vida plena para todos”, se encontra em último lugar nas perspectivas de ação. O quê é realmente urgente na Igreja? Urgente é o grito dos pobres, a dor dos excluídos, a cruz dos injustiçados! O resto são tarefas permanentes (estado permanente de missão, iniciação à vida cristã, animação bíblica, construção de comunidades). Com as urgências, os autores das DGAE não conseguem, como é a sua intenção, "ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção para assumir uma pastoral decididamente missionária, numa atitude que, corajosa e profeticamente, [Aparecida] chamou de conversão pastoral”(DAp 370, DGAE 2011 n. 26).
Não podemos trocar desafios por urgências! E as Diretrizes admitem que as urgências elencadas nem sempre correspondam aos desafios reais (131). A urgência das DGAE 2011 aponta, como uma espécie de PAC (Programa de Aceleração dos Católicos) eclesial apenas para a velocidade, não para o caminho. Pela falta de recursos e agentes de pastoral nas periferias das nossas grandes cidades, os ministros que restam se tornaram, muitas vezes, missionários e missionárias de Fórmula 1, sobrecarregados com tarefas e distâncias. Estão "na onda” da aceleração exigida pelo mercado e agora pelas DGAE.
No conjunto das Diretrizes não falta uma cesta básica de desafios. O que falta é a devida priorização. Todos os desafios são subordinados à "mudança de época como o maior desafio a ser atualmente enfrentado” (27, cf. 26): educação na fé (40, 98), ambientes virtuais (59), mundo plural, globalizado, urbanizado e individualista (60), diversificação dos ministérios leigos, a vida dos abandonados, excluídos, ignorados em sua miséria e dor (66). As Diretrizes elencam ainda outros desafios: juventude (81), ecumenismo (82), diálogo interreligioso (83), missão ad gentes (84), testemunho de Cristo e dos valores do Reino (91), aproximação entre fé e razão (117).
Como já mencionamos, as urgências, que representam as partes centrais das DGAE (capítulo III e IV), são precedidas por uma reflexão cristológica, como ponto de partida (capítulo I), e por "Marcas de nosso tempo”(capítulo II). O capítulo V propõe a operacionalização dessas urgências nas Igrejas particulares através de "um processo de planejamento”. Para este propõe sete passos metodológicos, que as próprias DGAE nem sempre seguem.
Aos sete passos metodológicos correspondem sete perguntas: Onde estamos (1)? Onde precisamos estar (2)? Quais são as urgências pastorais (3)? O que queremos alcançar (4)? Como vamos agir (5)? O que vamos fazer (6)? Como renovar as estruturas (7)? Infelizmente, as perguntas bem feitas não podem romper o círculo de giz eclesiocêntrico previamente estabelecido.

4. Nas entrelinhas
O que não pode ser dito na praça pública, atravessa as Diretrizes nas entrelinhas. Queria destacar algumas dessas palavras quase clandestinas que permitem uma leitura mais profunda do que funcional das DGAE. Na esteira de Aparecida, as DGAE desenvolvem um guia de densa espiritualidade para o discípulo missionário universal em torno dos substantivos "alteridade” e "gratuidade”. Aparecida nos lembrou que "na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho” (DAp 31). As DGAE 2011 continuam: "As atitudes de alteridade e gratuidade marcam a vida do discípulo missionário de todos os tempos. Alteridade se refere ao outro, ao próximo, àquele que, em Jesus Cristo, é meu irmão ou minha irmã, mesmo estando do outro lado do planeta” (8). As DGAE, quando falam do outro como irmão e do apostolado como graça, enfatizam, em determinados enxertos, a fonte cristológica: "Gratuidade e alteridade são, portanto, modos de compreender o que há de mais decisivo em Jesus Cristo: a saída de si, rumo à humanidade [...]” (12).
Na acolhida do outro acolhemos Jesus e na acolhida de Jesus, que se fez Palavra do Pai, acolhemos o outro (cf. 50s). As diferenças nos convidam "ao respeito mútuo, ao encontro, ao diálogo, à partilha e ao intercâmbio de vida e à solidariedade” (ibd.). O intercâmbio da vida é prefigurado em Jesus e se resume nas palavras "doação”, "desprendimento” e "esvaziamento”(16). Por conseguinte, "todo relacionamento é [...] chamado a acontecer na gratuidade. À semelhança de Cristo Jesus que, saindo de si, foi ao encontro dos outros, nada esperando em troca (cf. Fl 2,5ss)” (9). O discípulo missionário "é chamado a profeticamente questionar, através de suas escolhas e atitudes, um mundo que se constrói a partir da mentalidade do lucro e do mercado” (DGAE n. 9). A gratuidade corta "a raiz mais profunda da violência, da exclusão, da exploração e de toda discórdia” (9). Ela é a "vitória sobre a ambição” (69). Num mundo dominado por lucro e mercado, por vingança e ressentimento, a acolhida gratuita do outro significa despojamento e perdão. São atitudes proféticas que fazem parte de um mundo novo, do outro mundo que é possível, do Reino de Deus no meio de nós (cf. 9s, 140).
Gratuidade e alteridade lembram o que já foi dito no documento "Evangelização e missão profética da Igreja” da 43ª Assembleia Geral, de 2005: "Evangelizar é uma ação eminentemente profética, anúncio de uma Boa-Nova portadora de esperança. A profecia será, pois, a forma mais eficaz de anunciar a Boa Nova” (Evangelização e missão, cap. 1).
Aonde vais, Igreja? Não estamos indo por aí, sem rumo. As reais urgências e os verdadeiros anseios do povo de Deus revelam-se nas entrelinhas das DGAE: a Igreja profética, o reconhecimento da alteridade, a gratuidade da missão e a fidelidade a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado no meio do povo. Aí se encontra a possibilidade de a Igreja no Brasil interromper a fuga e ser, o que deve ser: "expressão da encarnação do Reino de Deus no hoje de nossa história” (141).
Paulo Suess

Michal Bajor canta Quo Vadis, Domine

4 DE AGOSTO: Festa de João Maria Vianney – Dia do Padre

CALIX BENTO E VASO DE BARRO

No cenário de múltiplas patologias da modernidade tardia (consumo, acumulação, aceleração), a missão presbiteral é uma missão profética. Essa missão profética é dialeticamente vivida na assunção cultural e na contraculturalidade. “Assunção” significa, segundo o Santo Irineu, “assumir para redimir”, significa inculturação e aggiornamento. A “contraculturalidade” é vivida no despojamento do peregrino (vs. consumo), na gratuidade eucarística (vs. acumulação) e como freio de emergência de um trem chamado barbárie (vs. aceleração).  
O sacerdote cristão não é, em primeiro lugar, um servidor do culto ou um encarregado de rituais, mas um enviado que no encontro com os necessitados continua a missão de Jesus Cristo. Nessa missão experimenta que sua força vem do “poder de Deus” que, como padre, carrega no “vaso de barro” de sua vida (cf. 2Cor 4,7). Na fragilidade dos padres está presente a fragilidade das estruturas eclesiais, das tradições culturais, das comunidades e da configuração sistêmica do mundo. O presbítero faz parte da cultura que questiona e do Reino que anuncia. Ele é cálix bento e vaso de barro. [cf. Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 70, fasc. 279, 2010, p. 532-563 e também:
http://www.cnbb.org.br/site/images/stories/arquivos/13enppaulosuess.pdf.pdf ].




TIREM O VENENO DA MESA!

Documentário de Silvio Tendler
sobre o perigo dos agrotóxicos


Na última semana de julho, foi lançado no Rio de Janeiro o documentário “O Veneno está na Mesa”, de Silvio Tendler. O filme mostra como o país/governo facilita o consumo dos agrotóxicos e como movimentos sociais e setores minoritários do próprio governo como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) têm tentado alertar sobre a questão. Com entrevistas de trabalhadores rurais, pesquisadores da área da saúde, o documentário denuncia casos de contaminação pelo uso de agrotóxicos e mostra como é possível estabelecer outro modelo de produção, baseado na agroecologia.
O documentário tem o selo “copie e distribua”. Silvio Tendler: “A partir do momento em que a sociedade se organiza e se mobiliza, nós podemos começar a pensar na vida sem agrotóxico, pensar num outro projeto de vida que a gente quer fazer”. A seguir quatro trechos do filme:






BONS VENTOS: Potencial eólico do país supera o hidrelétrico

 Projeção de geração de energia salta de 143 GW para pelo menos 300 GW

Vivian Oswald


Em menos de uma década, a energia que vem dos ventos conquistou espaço no mercado brasileiro, atraiu investimentos bilionários e tem hoje potencial superior ao hidrelétrico. Levantamento inédito da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com base nas informações recebidas pelas empresas, está redimensionando de 143 gigawatts (GW) para pelo menos 300 GW o potencial de geração de energia eólica no país. No caso da hidreletricidade são estimados 261 GW.

Os dados farão parte de um sistema que já está pronto, mas que só deve se tornar público no fim do ano. A ideia é garantir ao mercado o maior número de informações sobre os ventos e as localidades de maior incidência em tempo real, segundo o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim.
  Brasil é o 12º mercado mais atrativo do setor



É atrás desses bons ventos que grandes multinacionais estão desembarcando no país. O Brasil tornou-se o 12º mercado mais atraente do mundo para negócios em energia renovável e pode subir para a 10ª posição até o fim deste ano, no ranking da Ernst & Young Terco para 35 países, segundo antecipou ao GLOBO o sócio da área de transações da consultoria, Luiz Claudio Campos. Esta é a melhor posição que o Brasil já atingiu no ranking, que não inclui as hidrelétricas por não considerá-las tão verdes - disse.

A China se mantém na liderança, sendo seguida dos Estados Unidos

 As companhias do setor já não esperam nem sequer os leilões realizados pelo governo e começaram, este ano, a negociar energia eólica no mercado livre, o que também é inédito. É o caso da belga Tractebel Energia. A Eletrosul, que deve aumentar de 15 para 45 torres o número de aerogeradores - como são chamados os imensos ventiladores que produzem energia eólica - no parque de Cerro Chato, no Rio Grande do Sul, se prepara para entrar no mercado livre também.
[do site do Ministério das Relações Exteriores, 24.7.2011]

25 de julho: Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha

Vivam as mulheres negras!



 O dia 25 de julho foi instituído pela ONU, como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino americana e Caribenha, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, no ano de 1992. Definiu-se que este dia seria o marco internacional da luta e resistência da mulher negra. Desde então, vários setores da sociedade têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas.

A situação da mulher negra no Brasil de hoje manifesta um prolongamento da sua realidade no período de escravidão, com poucas mudanças, pois ela continua em último lugar na escala social e é quem mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do país. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor nível de escolaridade e trabalha mais com menor salário.
A seguir algumas mulheres negras em homenagem a todas:

Anastácia, século 18


Ruth de Souza (1921)

Jovelina Pérola Negra (1944-1998)
Zezé Motta (1948)
Alcione (1947)
Leci Brandão (1944)

Elza Soares (1937)



Lembrar é reagir! Esquecer é repetir

Memória da Chacina da Candelária


Madrugada do dia 23 de julho de 1993. Vários carros param em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Os ocupantes dos carros - policiais militares, em sua maioria, e civís - abrem fogo contra 72 crianças e adolescentes que estão dormindo nas proximidades da Igreja. Seis crianças e dois adolescentes assassinados, outros feridos.  trs e adolescentes, sem julgamento e sem

Candelária nunca mais!

Quinta-feira, die 21 de julho, das 18 às 22 horas, em frente à Igreja da Candelária, uma Vigília Ecumênica das Mães que perderam seus filhos na Chacina da Candelária. A celebração alertou a todos para que uma atrocidade como a da Candelária não se repita mais. Na sexta-feira (22), às 10 horas, foi celebrada uma Missa pelos 18 anos de morte dos Meninos da Chacina, na Igreja da Candelária. Em seguida, realizou-se a “Caminhada em Defesa da Vida! Candelária nunca mais!”

Maria do Rosário lembrou das "mães de maio da Baixada Santista, das mães do Espírito Santo e das mães de Realengo", pedindo que elas "encontrem em Deus a força para seguir adiante". Pais e alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, onde 12 crianças foram mortas este ano por atirador, ex-aluno, também participaram da vigília, da missa e da caminhada.

Sábado, dia 23, mães de vítimas da violência policial e representantes de instituições de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes participaram de outra manifestação de memória e protesto. De braços dados, reunidas diante da igreja, em torno da cruz com os nomes dos oito jovens mortos na chacina, o grupo de mulheres exibiu fotos de seus filhos desaparecidos, orou e soltou balões grafados com a palavra paz.

Durante o ato, uma lista como nome de 40 crianças e adolescentes mortos ou desaparecidos foi lida pela representante do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente Maria de Fátima Pereira da Silva. A entidade colocou sobre o gramado da praça em frente à igreja um cartaz com os dizeres: A Paz no Rio de Janeiro é possível; faça a sua parte.


Hoje, em frente à igreja há um pequeno monumento que relembra à chacina. Ele é constituido por uma cruz de madeira, que tem inscrito os nomes dos jovens assassinados, e uma placa de concreto. Esta mesma sofreu aparentemente ações de vandalismo, pois está bastante danificada, desmembrada do seu suporte e com sua epígrafe ilegível. Esse fato lembra de um outro vandalismo. Na véspera da Romaría dos Mártires, de Ribeirão Cascalheira, MT, o cartaz que lembrava o assassinado do padre João Bosco Penido Burnier, em 11 de outubro de 1976, foi desmontado e substituído por um outro com o epígrafe: “Índio bom é índio morto”. Lembrar é reagir! Esquecer é repetir! Indignai-vos!
P.S. 25.7.2011

Romaria dos Mártires: Vidas pela vida, vidas pelo Reino (4)





Caminhada, ação de graças,
envio, depedida

D. Leonardo e D. Pedro na acolhida

A manhã do domingo, 17 de julho, estava luminosa pelo sol e a beleza de cores, no espaço, atrás do Santuário dos Mártires, preparado para a Missa de despedida da Romaria, concelebrada pelos bispos D. Leonardo, D. Eugênio, bispo da cidade de Goiás e pelo próprio D. Pedro e mais de 30 padres.
Presença Xavante
Toda celebração teve como foco principal a vitória pascal de Jesus e de todas as testemunhas da Ressurreição, desde os discípulos de Emaús (Lc 24,13), lembrando a multidão dos que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 7,9) e de quem, neste tempo presente, mantém a fidelidade à causa maior da vida!

Após a comunhão, ainda alguns testemunhos e denúncias, pela boca dos representantes indígenas; Cacique Marcos e sua mãe, do povo Xucuru, de Pernambuco, que fez uma bela prece aos Encantados, pela proteção da terra e dos seres vivos. Os Xavante, na dura luta pela retomada de sua terra tradicional Marãiwatsédé, no Mato Grosso, de onde foram deportados na década de 1960 e que retomaram em 2004 (...).

Antes da benção e envio final, a mensagem emocionada de Pedro, temperada de carinho, profecia e convocação para a fidelidade no testemunho pascal: “multipliquem as romarias dos mártires da caminhada! Esta, possivelmente, será minha última Romaria com os pés nesta terra”.

Com esta mensagem (...), romeiros e romeiras da Caminhada, nos despedimos, para as longas viagens de volta, com os corações unidos e aquecidos na fogueira da esperança para a missão urgente, assumida, sem reserva, até o fim, por tantas testemunhas do reinado pleno e eterno da Vida para todas as vidas: João, Chicão, Marçal, Zumbi, Conselheiro, Margarida, Yé Claudio, Maria, Dorothy, Nativo...
 
Pedro e Paulo: depedida

Zé Vicente (zvi@uol.com.br)

Fortaleza, 19 de julho de 2011
[fotos: P. Altevir; texto integral em: ADITAL]

Romaria dos Mártires: ascender a luz da Caminhada no Círio Pascal (3)


[vídeo: Egon e Laila]

Curso de especialização missiológica em Curitiba

Formação de animadores missionários





 A Família Passionista, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e com o reconhecimento do MEC, promove curso de pós-graduação em Missiologia com duração de 360 horas. As aulas são administradas durante as férias em Curitiba-PR.


Prof. Joana Puntel:
Meios de Comunicação a serviço da Missão

Prof. Luiz Fernando Lisboa:
ex-aluno da Missiologia de S. Paulo e iniciador do Curso
[Informações: sirley.vieira@hotmail.com]

Testemunhas do Reino - Profetas da Vida (2)



D. Pedro Casaldáliga: a testemunha fiel

Ribeirão Cascalheira


Era a tarde do dia 11 de outubro de 1976. Duas mulheres sertanejas, Margarida e Santana, estavam sendo torturadas na cadeia-delegacia de Ribeirão Bonito, Mato Grosso, lugar e hora de latifúndio prepotente, de peonagem semi-escrava e de brutalidade policial.
A comunidade celebrava a novena da padroeira, Nossa Senhora Aparecida. E nesse dia haviam chegado ao povoado o Bispo Pedro e o Padre João Bosco Penido Burnier, mineiro de Juiz de Fora, jesuíta, missionário entre os índios Bakairi. Os dois foram interceder pelas mulheres torturadas. Quatro policiais os esperavam no terreiro da delegacia e apenas foi possível um diálogo de minutos. Um soldado desfechou no rosto do Padre João Bosco um soco, uma coronhada e o tiro fatal.
Em sua agonia, Padre João Bosco ofereceu a vida pelo CIMI e pelo Brasil, invocou ardentemente o nome de Jesus e recebeu a unção. Foi morrer, gloriosamente mártir, no dia seguinte, festa da Mãe Aparecida, em Goiânia, coroando assim uma vida santa. Suas últimas palavras foram as do próprio Mestre: "Acabamos a nossa tarefa!"

Painel dos mártires


Memórias, Romarias, Registros

Saulo Feitosa 

Numa certa altura do caminho para Ribeirão Cascalheira, Paulo percorria a lista martiriológica do Cimi, enquanto Jósemo, zeloso para nos fazer chegar a tempo de participar da caminhada dos mártires, afundava o pé no acelerador. Em dado momento Paulo observa: não exagera Jósemo, não podemos correr o risco de ser lembrados apenas como aqueles que tentaram chegar à Romaria dos Mártires, mas não conseguiram tornar-se um deles.

Após lembrar companheiras e companheiros que tiveram suas vidas ceifadas por atos de violência intencionalmente planejados para matá-los, referiu-se a outros e outras que morreram a caminho das aldeias, como Pedro Ziles, morto em trágico acidente enquanto conduzia a moto que o próprio Paulo lhe ajudara a comprar. Também há aqueles e aquelas que morreram na aldeia ou voltando da aldeia, algumas tão jovens quanto Pedro, como Dag e Ana Maria. Somados a esses e essas há muitas outras despedidas provocadas por mortes naturais, outras formas de acidentes.



Nesses 40 anos de Cimi tivemos que aprender também a dizer adeus às pessoas queridas. Lembrá-las é trazê-las para perto, é reviver acontecimentos dos quais participaram juntamente conosco, foi assim que recordei a noite de 4 de abril do ano 2000, quando eu e Carlinhos, também vítima de acidente de moto no trajeto entre Jiparaná e a aldeia, decidimos enfrentar a fúria do Cel. Müller e seus comandados da PM baiana. Ali estávamos nós, somente nós, aqueles dois “esmilinguidos”, no centro da aldeia Coroa Vermelha, tentando demover o cel. da idéia de destruir o “monumento da resistência indígena aos 500 anos”, ainda em fase de construção. Depois de alguns bate-bocas, o cel. anuncia o ultimato: “retirem-se, estou cumprindo ordens superiores”. Enquanto nos afastávamos lentamente, escutávamos o barulho das máquinas destruidoras. Batalha inglória? Não companheiro Carlos, milhares de monumentos continuam a ser erguidos...

Muitas bandeiras, uma causa


Passados alguns meses, encontro-me eu diante da autoridade judiciária, agora na condição de testemunha de acusação do referido cel., que fez questão de assistir meu depoimento. Ao fim do interrogatório me é feita a ultima pergunta: havia alguém no local que possa comprovar o que o senhor falou? Sim, respondi, mas não poderá falar. Por quê? Indagou-me a juíza. Bem que eu poderia ter respondido com um belo refrão  de toré Xukuru que Éden tanto gosta: “Bateu asas, foi embora, coisa boa não adura”. Assim como todos e todas que nos deixaram tão cedo.
Brasília, julho de 2011








D. Leonardo Steiner: "Obrigado. Boa viagem!"
[fotos: Laila]