Pentecostes, a alegria de Francisco e a resistência nossa


"Sejamos realistas, sem perder a alegria, 

a audácia e a esperança" (EG 109)




        Na Festa de Pentecostes recordamos a plenitude do mistério pascal com o dom do Espírito Santo. O Espírito Santo é, segundo Santo Agostinho, Deus no gesto do dom, da doação e da gratuidade. A Igreja conhece sete dons do Espírito: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, conhecimento, piedade, temor de Deus. Os dons produzem frutos nas comunidades. O catecismo nos fala de 12 frutos do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, fidelidade, modéstia, moderação, domínio próprio (Gl 5,22s). E os frutos apontam para duas tarefas: a missão e o perdão (cf. Jo 20,21.23).

        Com a Papa Francisco, um destes frutos ganhou especial destaque: a alegria. Ela aparece em dois títulos dos seus documentos: na Exortação Evangelii gaudium (Alegria do Evangelho) e na Exortação Amoris laetitia (Alegria do Amor), que sintetiza os resultados do Sínodo dos Bispos sobre a Família (2015).

        Parece que há um déficit de alegria entre os cristãos. Nietzsche, o filósofo e filho de uma família de pastores, justificou seu ateísmo com a aparência cristã de reprimidos e não de redimidos. O Papa Francisco fala da “cara de funeral” (EG 10) de certos evangelizadores. Diz Nietzsche: “Canções melhores os cristãos teriam de me cantar, deveriam ter mais a aparência de redimidos para que eu aprendesse acreditar em seu redentor”.

        Com sua ênfase na “alegria”, o Papa Francisco retoma outros dois documentos do magistério recente da Igreja, a Exortação Apostólica, de Paulo VI, “Sobre a Alegria Cristã: Gaudete in Domino (Alegrai-vos no Senhor)”, de 1975, e a Constituição Pastoral Gaudium et spes (Alegria e esperança) no mundo de hoje, de 7 de dezembro de 1965, promulgada no último dia do Concílio Vaticano II.


        Desde os primórdios do cristianismo, a alegria é uma força de resistência mais eficaz que os antidepressivos da farmácia (cf. EG 263). A polaridade entre alegrias e angústias, entre esperanças e tristezas de pessoas “lesadas em seus direitos” (EG 191), é também fonte de energia. Para muitos, a depressão política deste momento necessita mais do que 20 mg de Prozac. Precisa “a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além” (EG 21), “procurando acender o fogo no coração do mundo” (EG 271).




Um comentário:

  1. Alunas esperançosas16 de maio de 2016 às 09:27

    Que presente maravilhoso, no dia de Pentecostes, além do texto magnífico, sobre os Dons do Espírito Santo, os frutos e a Missão, ainda sermos brindados com a belíssima apresentação de Ivan Lins, Simone, Zizi Possi e Jorge Vercilo!!!!!Sensacional!!!!
    O Texto faz refletir que nós, cristãos, deveríamos testemunhar sempre a Alegria, para transmitir aos irmãos que somos redimidos ( e não deprimidos) como dizia Nietzche.
    Ainda hoje, podemos dar contratestemunho de nossa Fé em Jesus Cristo, se faltarmos com a verdade, o amor, a tolerância, compreensão, benevolência, acolhida, generosidade, partilha, compaixão, solidariedade, inclusive atenção para com as necessidades do outro.....
    Que a plenitude dos Dons do Espírito Santo fortaleça nossa caminhada na Fé, na Esperança e no Amor!

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