“O Brasil é um vetor de paz” (Dilma na ONU),
mas a paz ainda não chegou aos Guarani Kaiowá
da terra Laranjeira Nhanderu (MS)!
da terra Laranjeira Nhanderu (MS)!
A comandante da paz |
Eis o artigo.
Entre os escombros deixados pela insurreição na Líbia figuram centenas de pistolas Taurus, brasileiríssimas, em depósito de Muammar Gaddafi. Surpresa? Nenhuma: o Brasil não tem um histórico de extrema prudência quando se trata de suas exportações bélicas. Mas há luz no fim do túnel.
O país vendeu US$ 10 milhões em armamento à Líbia durante a década de 1980. Não sabemos a quantas andou o comércio desde então (considerando que, no intervalo entre 1992 e 2003, vigorou um embargo), mas as armas podem ter sido comercializadas por (ou desviadas de) países vizinhos: Argélia, Tunísia e Egito foram alguns dos que compraram recentemente armas fabricadas no Brasil.
Infelizmente, armar repressores não é raro. Não é necessário clarividência para perceber certas coisas:
já não era infame o ditador Robert Mugabe em 2003, quando o Brasil vendeu ao Zimbábue controlado por ele mais de US$ 2 milhões em munição? O egípcio Hosni Mubarak não era um sabido repressor em 2009, quando adquiriu armas brasileiras? Terão as 50 mil armas exportadas para o Iêmen entre 2000 e 2008 sido usadas na repressão contra o recente levante popular naquela nação?
Também armas de guerra o Brasil parece vender a esmo: em 2010, exportou à Malásia um sistema de bombas cluster, hoje vedado por tratado que o Brasil se recusa a assinar. Dois anos antes, uma carga de cem mísseis havia sido negociada com o Paquistão.
Nem sabemos como se chega a cada decisão, regida pela Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar, documento secreto elaborado em plena ditadura (1964-1985). Paira uma dúvida sobre a maneira como o Ministério da Defesa e o Itamaraty conduzem o processo, sobre a sorte de critérios a guiá-los.
Que o sigilo nessa matéria não seja eterno.
Yes, nós temos indústria bélica, mas armas não são bananas. Não se pode vendê-las sem levar em conta a provável finalidade com que serão usadas.
Esses itens não entram na lógica do "quanto mais, melhor" do comércio internacional - já que são concebidos para gerar dano a seres humanos. Podemos vender Bananas a quem quiser comprar - armas, só para quem sabe usar.
A indústria precisa mesmo dessas transferências irresponsáveis - e o governo federal, do custo político de autorizá-las- se, só no ano de 2009, vendeu quase 1 milhão de armas para os Estados Unidos e na vizinhança de 30 milhões de munições para o Reino Unido?
A pergunta que urge fazer é: queremos armas brasileiras em mãos responsáveis ou com sérios riscos de serem usadas em massacres de civis em países não democráticos ou conflituosos?
A boa notícia é que a situação está prestes a mudar. Em julho do ano que vem, será negociado no âmbito da Organização das Nações Unidas um tratado sobre o comércio de armas, o Arms Trade Treaty (ATT).
A ideia é criar regras globais para a transferência internacional desses itens: entram em sua jurisdição desde pistolas e munições até mísseis e tanques. Bem negociado, o ATT tornaria ilegais transferências "irresponsáveis", a partir de análises de risco caso a caso sob o prisma de direitos humanos e probabilidade de desvios, entre alguns outros critérios.
O Brasil tem participado do processo, que corre desde 2006, de forma tímida -sem a liderança esperada dadas a relevância da violência armada e da indústria de armas no país. Por vezes, o governo parece dar maior valor a aspectos comerciais do que àqueles que dizem respeito à segurança humana.
Que as armas "made in Brazil" de Gaddafi reforcem a disposição do país por um tratado que evite a compra livre de armas por parte de ditadores e sanguinários.
As bombas cluster (palavra em inglês que pode ser traduzida por cacho), segundo http://soudapaz.org são uma espécie de caixa cheia de explosivos. Cada bomba contém centenas ou milhares de pequenos explosivos, que têm entre o tamanho de um saco de chá (100 gramas) e uma granada (1 quilo). Ao ser lançada por um avião, a bomba se abre antes de chegar ao solo e os explosivos se espalham por uma área de cerca de 28 mil metros quadrados, equivalente a quatro campos de futebol. A área-alvo é pulverizada, mas raramente todos os explosivos são detonados ao tocar o solo. Em média, 10% falham e passam a funcionar como minas terrestres, capazes de matar e mutilar civis. “Essa arma contraria os princípios humanitários. Os civis viram vítimas da bomba mesmo décadas depois do fim da guerra”, diz Silvia Backes, representante da Cruz Vermelha no Brasil.
1 As bombas cluster são lançadas por aviões. Elas carregam em seu interior milhares de explosivos
2 Ainda no ar, as bombas liberam os explosivos. Eles podem se espalhar por uma área de até 28 mil m2, equivalente a quatro campos de futebol3 Cerca de 90% dos explosivos são detonados ao tocar o solo. Os que não explodem passam a funcionar como minas terrestres. Os explosivos de 100 gramas, do tamanho de um saquinho de chá, podem provocar amputações. Os de 1 quilo, do tamanho de uma granada, matam
NOTA BENE:
- 13.300 civis já morreram ou ficaram feridos por bombas cluster;
- 1 bilhão de bombas cluster estão nos estoques somente dos EUA;
- 95 países já assinaram o Tratado de Oslo para banir as bombas cluster.
Nenhum comentário:
Postar um comentário