Os BRICS (Brasil, Russia, Índia, China, África do Sul) na lógica do sistema do capitalismo globalizado?

 
 


 
 
 
Os chefes de Estado e Governo de Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul aprovaram a "Declaração de Fortaleza" e o "Plano de ação de Fortaleza" após a VI Cúpula do BRICS. O documento fala em iniciativas multilaterais e da cooperação entre os países do bloco, e pontua que a reunião ocorre em momento crucial para a recuperação econômica mundial depois das crises financeiras globais. Os países consideram que o crescimento econômico e as políticas de inclusão ajudaram a estabilizar a economia e a combate a desigualdade. Também defende que mercados financeiros regulados e níveis robustos de reservas permitem que as economias dos países consigam lidar com riscos e alastramentos das condições econômicas dos últimos anos.

 

Vozes discordantes

 

A relação entre trabalhadores e empresas do setor de mineração, que atuam em uma lógica transnacional de escoamento de minérios extraídos de países em desenvolvimento, é uma das maiores batalhas no mundo do trabalho atualmente. Acirrada, sem dúvida. Mas bastante desigual. É o que ressaltam movimentos sociais de nações do hemisfério Sul, que denunciam a aliança das grandes corporações do setor com governos locais, excluindo, porém, a maior parte das populações das decisões.

 
A reportagem e entrevista é de Camila Nobrega  e publicada por Canal Ibase, 12-08-2014.

 

Em busca de alternativas que possam ultrapassar esse somatório de interesses, entidades da sociedade civil buscam formas de construir redes de resistência internacionais. Foi com esse objetivo que o sindicalista Joseph Mathunjwa, presidente da Associação dos Sindicatos de Mineiros e Trabalhadores da Construção da África do Sul, desembarcou em Fortaleza no mês de julho, para acompanhar a Cúpula paralela dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), organizada pela Rede Brasileira pela Integração dos Povos. Enquanto os chefes de Estado estavam reunidos para a criação de um banco comum, líderes de organizações da sociedade debatiam problemas e soluções para melhores condições de vida das populações.

 

Qual é sua avaliação sobre os BRICS e a criação deste novo banco?

 


Para responder, temos que pensar na história. Você lembra quando falavam do grande ônibus rumo à estação da globalização? Nos diziam que ela seria muito boa para todos, facilitaria a vida, os contatos, daria livre acesso às relações comerciais e diminuiria até as desigualdades. Mas, passada a euforia inicial, veja o que aconteceu. As grandes companhias embarcaram sozinhas e ganharam. Esses caras da globalização decidem como e quando a gente cresce. Agora surge uma nova promessa, os BRICS, que acabam de criar seu próprio banco. Perceba que, quando este grupo foi criado, a África do Sul nem era parte dele. No último minuto, perceberam: não podemos ir à frente na África sem eles. Nações e empresas multinacionais têm grandes ambições na África. Como a África do Sul tem estabilidade econômica e grande tolerância ao capitalismo, é o parceiro perfeito. O que a África do Sul vai ganhar? Minha aposta é que vamos dar riqueza natural, como minérios, e mão de obra barata, a dupla perfeita. E em troca alguns políticos e companhias serão beneficiados. Mas a nação não.

 

O Brasil também compartilhou de uma outra promessa também feita à África do Sul: a Copa do Mundo. Houve algum legado para a população?

 

Prometeram grandes projetos para o desenvolvimento do país e um avanço grande em sustentabilidade. O que temos hoje são estádios inúteis. Não os utilizamos. E parte dos altos gastos com manutenção são pagos do nosso bolso, com nossos impostos. Além disso, a Copa foi linda para a elite que pôde pagar. A maior parte do país vive muito distante desse luxo. As melhores condições de vida estão disponíveis apenas para a elite em Johanesburgo e na Cidade do Cabo. A maior parte da cidade do país vive em condições muito abaixo. Isso é outra coisa que os BRICS não levam em conta, a desigualdade entre as regiões, nada disso está em debate. Os Brics, para mim, são outra forma de colonização no século XXI. Serão um novo veículo de exploração da África.

Um comentário:

  1. Acredito que é necessário investir muito na Educação, principalmente naqueles países que compõem os BRICS, e que estão bastante defasados, se comparados seus índices educacionais e de desenvolvimento humano, aos parceiros de sigla mais favorecidos, conforme os dados publicados recentemente na mídia.
    Somente através da educação com qualidade, as sociedades poderão alcançar patamares almejados para os emergentes e, sobretudo, aos que se encontram em nível de pobreza e carência generalizada!

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