“Bem Viver” e eleições marcam a XIX Assembleia Geral do Cimi

Horizonte de ruptura

Sob o tema “A Mãe Terra clama pelo Bem Viver”, cerca de 200 pessoas, entre missionários e convidados, estão reunidas desde a tarde de 4 de outubro em Luziânia/GO, para a XIX Assembleia Geral do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O tema do “bem viver” é bastante discutido em países andinos, como Bolívia e Equador. A proposta desse paradigma aponta para um horizonte de ruptura sistêmica.


Para subsidiar as reflexões, lideranças indígenas, pesquisadores e estudiosos falarão sobre a temática do encontro sob diversos ângulos. Paulo Suess, assessor Teológico do Cimi, falará sobre O Bem Viver na Ação Profética da entidade. O Bem Viver e o Reino de Deus ficará a cargo de Carlos Mesters. Sob a ótica budista, os participantes acompanharão as falas de Monja Coen sobre o “bem viver” na perspectiva do Zen Budismo. A antropóloga Rita Segatto e o padre jesuíta Xavier Albó levarão as discussões sobre as Experiências Ameríndias do Bem Viver.



Mensagem de D. Pedro Casaldáliga à Assembléia Geral do Cimi

"Não deixa cair a profecia"
 “Reunida em assembléia geral, em tempos raríssimos, como dizia Santa Teresa, em tempos belos, que devem ser, simultaneamente, tempos de muito compromisso, de muita esperança.
Eu estava lendo, estes dias, o livro de Marcelo Barros, sobre Dom Helder Câmara – Profeta para os nossos dias. Nos últimos dias de sua vida, Dom Helder falou para Marcelo: não deixa cair a profecia. Nós família do Cimi, os presentes na Assembleia, os espalhados por aí, devemos abrir os olhos, abrir o coração, e assumir a hora. Estamos convencidos de que não serão os governos de baixa democracia que resolverão os desafios maiores da maioria do nosso povo. Sabemos por experiência, que a causa indígena é uma causa que atrapalha. Os povos indígenas são inimigos do sistema. E das oligarquias sucessivas e os impérios sucessivos que agora são um macro império volátil das grandes empresas, dos grandes bancos, que não podem falhar, porque falha a humanidade, parece.


 

[É preciso] recordar também que é um momento de tentação, de cooptação, de divisão. Recordar que as autarquias do Incra, da Funai, do IBAMA, são apenas instituições marginais dentro do sistema, que existem para dar aparência dema dedicação, de um cuidado.
De fato, a política indígena não é a favor dos próprios indígenas. A política agrária não é a favor do povo camponês. Sejamos conscientes. Sejamos críticos e autocríticos. E mantenhamos a esperança. Pode falhar tudo. Menos a esperança. Estamos na tentação. Vontade às vezes dá de largar tudo. Quanto mais difícil o tempo, mais forte deve ser a esperança.
Na Romaria dos Mártires, celebrado agora em julho, recordávamos que fazer a memória dos mártires, é assumir as causas pelas quais eles deram a vida. É fazer memória de todos esses anos de Cimi, pelos quais tantos irmãos e irmãs, agentes de pastoral, agentes indigenistas, e os próprios índios sobre tudo, vêm lutando, vêm arriscando a vida, vêm dando a vida também.
Recordamos que uma palavra testamentária de Jesus diz: “Façam isso em memória de mim”. Dêem a vida em memória de mim. Dêem a vida aos pobres, aos pequenos, aos povos indígenas.
Um grande abraço, e a paz subversiva do Evangelho.”
Dom Pedro Casaldáliga, outubro 2011

Nova diretoria do Cimi


Ir. Emília Altini, D. Erwin Kraeutler, Cléber Buzzato

A escolha da nova diretoria do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) se deu hoje à tarde (6), durante a XIX Assembléia Geral da entidade, que acontece até sábado no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO). Dom Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu, no Pará, foi reeleito e dará continuidade ao seu primeiro mandato, iniciado em 2007. A vice- presidência será ocupada por Emília Altini, missionária do Cimi em Rondônia. Já o secretariado Executivo da entidade, com sede em Brasília, ficará a cargo do gaúcho Cléber Buzzato. Para o missionário, os próximos quatro anos serão momentos de dar continuidade às ações e à história do Cimi junto aos povos indígenas do país. A entidade, que foi criada em 1972 como um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “A atuação é desafiante e as lutas são muitas. O Cimi apoia esses povos no enfrentamento das lutas por suas terras, pela garantia de seus direitos e para que tenham poder de decisão e atuação sobre seus territórios. Nesse sentido somos desafiados todos os dias pelos grandes empreendimentos do projeto desenvolvimentista brasileiro que invadem, usurpam e destroem as terras indígenas. É preciso enfrentar ainda a criminalização das lideranças indígenas e do movimento indígena como um todo, hoje tão em voga no país, além de conseguir aliados por essa causa do Reino, que é de todos nós e fortalecer essas ações junto a outros setores da sociedade”, afirmou Cléber.
Por Cleymenne Cerqueira/Cimi

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