Assembleia do Comina prepara o 3º Congresso Missionário que será realizado em Palmas (TO)


03/03/2012 | Jaime C. Patias

Na manhã deste sábado, a Assembleia do Conselho Missionário Nacional - Comina se debruçou sobre os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e os 40 anos da criação do Comina. O tema foi abordado pelo assessor do Conselho Indigenista Missionário - Cimi, o teológico Paulo Suess, autor de um dos três artigos que compõem o texto-base do 3º Congresso Missionário Nacional a realizar-se nos dias 12 a 15 de julho em Palmas - TO.
 Padre Paulo Suess chamou atenção para a herança do Concílio com destaque para a natureza missionária da Igreja; a centralidade da Palavra de Deus, a centralidade do Reino; o conceito de Igreja como Povo de Deus; a opção pelos pobres; a inculturação e libertação. Três anos depois do Concílio aconteceram as grandes mudanças de 1968. Foi o ano das contestações e mudanças culturais. Exatamente neste ano aconteceu também a Conferência de Medellín.
O missiólogo avalia que, "ainda temos muito a fazer para realizar as propostas do Concílio. A Conferência de Aparecida pede uma Conversão Pastoral. Indicadores para esta conversão são "os sinais do tempo". O tópico dos sinais dos tempos que o Concílio e depois as conferências Latino-americanas de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida assumiram, nos dizem: Deus fala não só na Igreja. Ele dá avisos à Igreja desde o mundo. Muitos fatos, que hoje nos questionam, são provocações de Deus para dizer que talvez seja preciso mudar algo", argumentou.


Ao comentar o tema do 3º CMN "Discipulado missionário: do Brasil para um Mundo secularizado e pluricultural, à luz do Vaticano II", o assessor explicou que o termo secularização compreende dois polos: a Igreja missionária pode secularizar-se, correr atrás das modas, ou ela pode manter-se fora ou acima do mundo. O Evangelho nos propõe, "estar no mundo sem ser do mundo. Podemos desvirtuar a nossa missão por excesso de secularização ou por falta de contato com o mundo. Para ele, o ideal é "buscar o bom meio, o equilíbrio entre os dois extremos".
"Missão é responsabilidade", afirmou Paulo Suess, para em seguida explicar que, "o capitalismo é irresponsável. O Capital exterioriza as responsabilidades pelos trabalhadores (saúde, bem-estar, aposentadoria) e nós somos responsáveis pelo que acontece no mundo, espiritual e materialmente. Somos responsáveis pelas necessidades básicas da comunidade, que são materiais e espirituais. As comunidades, às vezes, passam por um jejum eucarístico prolongado. Ser católico significa ler a palavra de Deus e celebrar o sacramento. Precisamos repensar a estrutura sacramental dos ministérios", disse referindo-se à falta de ministros ordenados para lidar com os sacramentos. "A questão não está no embate sobre as normas e doutrinas, mas em garantir a nossa presença no mundo diversificado com ministérios diversificados. Somos construtores de uma Igreja diaconal, dialogal e profética. Como diz Aparecida, a conversão pastoral da Igreja visa à uma Igreja casa dos pobres, samaritana e advogada. Não somos mais os tutores dos fracos nem os juízes entre ricos e pobres", sublinhou.
Nessa questão, a Vida Consagrada e Religiosa, pode contribuir. "O imperativo profético se desdobra não só em crítica e denúncia, mas também na assunção positiva da gratuidade, da ascese, do despojamento. A profecia desdobra-se na dimensão contracultural da negação da cultura hegemônica de consumo. A Igreja missionária é o freio de emergência de um projeto que impossibilita o bem viver dos pobres".

Sobre o desafio entre mundo secularizado e inculturação, o padre Paulo Suess destacou que,"o discipulado missionário exige inculturação no ambiente dos pobres onde a fé é vivida. Por outro lado, a fé é sempre vivida na contramão da cultura hegemônica. Mas, os pobres, muitas vezes, anseiam os "progressos" da cultura hegemônica. Também eles fazem parte do mundo alienado. A dor dos que sofrem nem sempre liberta da alienação". Precisamos sempre discernir entre a necessidade da "inculturação" e a necessidade da contraculturalidade evangélica. Eis a questão: estar no mundo, sem ser do mundo", alertou.
"A nossa missão é de esperança que possibilita reconhecer a justiça como necessidade, transformá-la em possibilidade cotidiana, experimentá-la como graça e vivê-la convincentemente através da nossa presença solidária, até os confins do mundo", concluiu o teólogo.
Conheça o site oficial do 3º CMN:
 Fonte: Assessoria Comunicação do Comina

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