Lefebvrianos: não ao acordo com o Vaticano
Árvore seca |
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 04-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto (IHU).
Passaram-se dois anos desde que Bento XVI retirou a excomunhão dos quatro bispos lefebvrianos como um "convite à reconciliação" com relação aos cismáticos. Por causa disso, o papa sofreu polêmicas e ataques, também porque se descobriu que um dos bispos era um antissemita que nega o Holocausto. A Santa Sé chegou até a oferecer aos lefebvrianos a possibilidade de se tornarem uma prelazia como o Opus Dei. Mas a Fraternidade, por seu lado, não concedeu nada, e as negociações se romperam no ponto onde haviam começado: na aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério posterior dos papas. E, particularmente, naqueles que Fellay, em uma homilia de sexta-feira, definiu como "pontos ambíguos" do Concílio, como o "ecumenismo" e a "liberdade religiosa" que os lefebvrianos sempre rejeitaram.
Trata-se de questões muito delicadas: o documento conciliar Nostra Aetate – a reviravolta na relação com os judeus, não mais "deicidas" – é vinculante ou não? Fellay sempre acusou "os progressistas" de remarem contra.
Mas um sinal decisivo foi, no L'Osservatore Romano do dia 2 de dezembro, o artigo de Dom Fernando Ocáriz, que faz parte da delegação vaticana para as negociações e é o vigário-geral do Opus Dei: "A intenção pastoral do Concílio não significa que ele não seja doutrinal", escreveu. "Uma característica essencial do magistério é a sua continuidade e homogeneidade no tempo".
O Concílio, enfim, é vinculante e não é possível ir contra o magistério dos papas, incluindo os posteriores. E aqui está a questão: Fellay contesta e "critica" a "interpretação" que o Catecismo dá ao Concílio. E diz sarcasticamente que "eles", ou seja, o Vaticano, "atribuem outro significado ao termo 'tradição' e também, talvez, ao termo 'coerência'".
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