“Conversão Pastoral” (DAp 370) como participação dos pobres

1º DOMINGO DE ADVENTO

“Prestem atenção! Não fiquem dormindo, porque vocês não sabem quando vai ser o momento. Vai acontecer como a um homem que partiu para o estrangeiro. [...] Se ele vier de repente, não deve encontrá-los dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos: Fiquem vigiando” (Mc 13,33ss).
Advento é um tempo importante para a “conversão pastoral” que o Documento de Aparecida propõe. A seguir, uma observação e uma proposta.

Observação

A base da Igreja é o povo, sobretudo os pobres. Eles sustentam a Igreja com a sua fé, sua imagem, seu sacrifício e sua lucidez. Quando a Igreja faz coletas através de seus grandes organizmos ou eventos de solidariedade (Caritas, Campanha da Fraternidade, Adveniat, Misereor) mostra as imagens de pobres nas favelas, índios fora de suas aldeias, doentes sem leito em hospital, prisioneiros em condições sub-humanas e crianças ameaçadas. Nos dias da coleta, essas imagens representam um apelo à misericórdia e generosidade da população. Quando essa mesma Igreja estabelece prioridades pastorais, emite normas de conduta e regras litúrgicas, nunca pergunta um daqueles cuja imagem serviu para a coleta. É óbvio, que a voz do povo não pode ser comparada, sem mais nem menos, com a voz de Deus. Mas é óbvio, que tampouco a voz dos que decidem as prioridades e normas representa, sem mais nem menos, a voz de Deus.

Proposta

O Vaticano II nos lembrou de um tópico teológico por muito tempo esquecido: o sacerdócio comum dos fiéis (Lumen gentium 10.2). Que tal, antes de reestruturar dioceses e cúrias, antes de fechar questões essenciais para os fieis, como por exemplo, o acesso à Eucaristia, perguntar os atingidos? Que tal, antes de distribuir o dinheiro nas dioceses para a atividade pastoral, reler o que Aparecida disse. A opção pelos pobres “está implícita na fé cristológica” (DAp 392), portanto é algo essencial para a nossa fé. E essa opção pelos pobres, diz Aparecida, por ser preferencial “deva atravessar todas as nossas estruturas e prioridades pastorais” (DAp 396).
“Prestem atenção”! Fiquem de olho naqueles que sustentam a Igreja e naqueles que a dirigem! Não permitam que haja duas Igrejas, a dos pobres e caçadores de recursos e a dos supervisores doutrinários que determinam o destino dos recursos!

Um comentário:

  1. Obrigado, meu querido...
    Esse seu texto pontua toda a minha ação na participação, enquanto leigo, na assembleia arquidiocesana do XI plano pastoral de conjunto no Rio de Janeiro.
    Saúdo-o. Luta - Paz e Pão, Alex Prado.

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