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Raimon Panikkar: morreu o místico do diálogo inter-religioso

No dia 26 de agosto de 2010, o místico, teólogo e filósofo Raimon Panikkar morreu em Tavertet (Barcelona) com 91 anos de idade. Filho de mãe católica e pai hindu, viveu a multidimensionalidade da vida antes de pensa-la teologicamente. Em 1946, foi ordenado sacerdote. A partir de 1955, viaja e vive na Índia. Em 1966 é nomeado professor da Harvard Divinity School e durante 20 anos vive ao mesmo tempo na Índia e nos Estados Unidos. Em seu pensamento se entrelaçam Oriente e Ocidente. Panikkar, que com seus mais de 80 livros sempre defendeu o diálogo entre povos e religiões, insiste que para conhecer uma cultura ela precisa ser vivida.
“Descansa em paz, querido Raimon Panikkar. Retornaste à paz do Uno depois de 91 anos de caminhar pela vida unificando o múltiplo”, escreve Juan Masiá, teólogo espanhol, jesuíta, no seu blog, 27-08-2010. [A tradução e fonte é da IHU On-Line].
E continua: “Descanse renascido no seio da Abba Mãe e Pai, que nos ensinaste a descobrir no “silêncio de Deus” (1966) e no “silêncio de Buda” (1996), no meio do “silêncio do mundo” (Prêmio espiritualidade, 1999). Tua vida foi e seguirá sendo “Ícone do mistério” (1998) para aqueles que contigo aprendemos, pelo teu modo de pensar, amar e crer, a presença inter-cultural e inter-religiosa, sempre palpável ao menos que elusiva, do mistério que tu qualificaste como “cosmoteândrico”, chave mística da experiência humana integral, experiência plena da vida” (2005). Graças por teu pensar fronteiriço, interrogador e hermenêutico. Graças por teu testemunho da pluralidade unificada: Catalunha e Índia, prajña e seny, corpo-espírito, masculino-feminino, temporal-eternidade, místico-política, ... e um grande etc de polaridades unidas. Graças por ter-nos ajudado a romper com todos os círculos fechados e viver em espirais abertas para o alto e para baixo: transcender ocidentalmente para cima e orientalmente para o fundo, com o olhar posto no mais além que vislumbravas no horizonte de Tavertet. Graças, Raimon, que teu exemplo nos ensine a saber viver.
Autor: Paulo Suess
Clique na frase "Saber viver saber morir" para assistir o video:


Semelhanças, diferenças, alianças: Religião na Europa e América Latina a partir de um plebiscito suíço sobre a construção de minaretes

A Suíça é famosa pelo sigilo de seus bancos e pela precisão de seus relógios. Recentemente, esse país, com seus 7,7 milhões de habitantes, chamou a atenção mundial não por causa de um escândalo bancário ou por causa do atraso de um de seus relógicos, mas por causa de um plebiscito sobre a construção de minaretes (29.11.2009). O minarete é a torre de uma mesquita de onde os muezins chamam os fiéis muçulmanos para a oração. A grande maioria dos cerca de 350 mil muçulmanos suíços são migrantes da antiga Iugoslávia e da Turquia. De mais de 100 mesquitas naquele país, apenas quatro têm minarete – 57,5% dos eleitores, votaram pela proibição da construção de outros minaretes. Pesquisas de opinião mostraram que também em outros países europeus o resultado de uma consulta popular teria sido semelhante. Portanto, o que aconteceu na Suíça não representa um comportamento isolado. Ignorância e intolerância, que confundem o Islã com Al Qaeda e Talibã, se somaram ao medo de uma islamização do país, da perda da identidade cultural e da laicidade política. Por motivos diferentes, o governo suíço, o Vaticano, igrejas evangélicas e bispos católicos, setores da sociedade civil e de partidos políticos de esquerda se expressaram a favor da construção de novos minaretes. Em vão. As instituições políticas, religiosas e civis, com seus comunicados de opinião politicamente corretos, perderam o contato com o povo.
Autor: Paulo Suess
Postado: 01.05.2010