Travessia, não sem esperança




O juramento sinodal: caminhar juntos
No dia da derradeira votação do impeachment, 31 de agosto, bem cedo, embarquei na cidade do México, no avião da Copa, com a frágil esperança de uma vitória do bom senso e da justiça. Não foi por admiração ou gratidão à presidenta Dilma que nos pronunciamos contra à substituição do voto popular das eleições pelo voto elitista do Senado. Durante seu mandato, a presidenta deposta não foi a melhor interlocutora dos povos indígenas e dos movimentos sociais. Mas, as perícias jurídicas não confirmaram a criminalidade das pedaladas e dos créditos suplementares que serviram de pretexto para o impeachment. Nós da pastoral popular nos pronunciamos contra a substituição do voto das urnas pelo voto do Senado porque essa substituição não estava no script dos constituintes de 1988 e ameaça o futuro democrático do país.

Travessia com esperança
Doravante, cada eleição das urnas está ameaçada por uma segunda votação no Senado. Sempre haverá senadores, agora coma experiência da toga de juízes, em busca de um bode expiatório que permite redimir, não o povo, mas um bom número de senadores dos seus escândalos comprovados. Seu foro privilegiado permite metamorfosear incendiários em bombeiros.

Frida Kahlo (1907-1954)
No México, em momentos vagos entre um Simpósio na Universidade Intercontinental e um Simpósio com ex-alunos de São Paulo, visitei a casa azul de Frida Kahlo (1907-1964), onde a pintora se encontrou com Trotsky e intelectuais da época. Alguém me lembrou do Coletivo Feminista “Não me Kahlo”. Diante das pendências da vida, contudo, não sem esperança, Frida Kahlo me permite construir uma ponte às pendências da nossa democracia “sofrida, mas não me calo”.


Um comentário:

  1. E para piorar esse cenário de golpe parlamentar, orquestrado por forças poderosas ramificadas na mídia conservadora e parte das classes empresariais, estamos vendo as tropas policiais atacarem manifestações pacíficas, com idosos, crianças e cidadãos pacatos, sem nenhuma provocação.
    Lançam bombas, tornam o ar irrespirável, para depois acusar os manifestantes de vândalos....Ouvi relatos de pessoas da maior credibilidade, indignadas, sim pela covardia dos brutamontes!!!! COVARDIA!!!!!!!

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