Quem protesta pela gari Cleonice de Moraes que morreu ao inalar gás lacrimogêneo após protesto em Belém?



O spray não estava vencido, mas venceu
 
 

A gari Cleonice Vieira de Moraes, 54, morreu na manhã dsta sexta-feira (21) em Belém (PA), após ter inalado gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar durante confronto com manifestantes no dia anterior. Esta é a segunda morte decorrente da escalada de protestos que começou há duas semanas.
A vítima trabalhava na limpeza noturna do centro de Belém. Ontem, durante a radicalização dos protestos em frente à prefeitura da cidade, Cleonice e outros trabalhadores se protegeram dentro do monumento de um bonde restaurado para visitação turística na cidade.
 
Após a explosão das bombas, a gari passou mal, teve uma parada cardíaca e foi socorrida. A vítima tomava remédios controlados para hipertensão. A Secretaria de Saúde de Belém informou que as paradas cardíacas que levaram Cleonice à morte ocorreram por causa do susto provocado pelo tumulto.
Uma colega de trabalho da vítima, que a acompanhava no momento em que se sentiu mal, conta uma versão diferente. "Nós estávamos todos conversando lá, estávamos tranquilos. Quando aquele gás que parecia pimenta começou a arder nos olhos da gente, todo mundo passou mal, e foi aí que a Cleonice começou a tossir, tossir, sem conseguir respirar direito e chamaram uma ambulância". A colega de trabalho da vítima pediu para não ser identificada com receio de sofrer represálias no trabalho.

 

O secretário de Saneamento de Belém, Luiz Otávio Mota, disse que os trabalhadores não foram obrigados a permanecer no local mesmo com os confrontos. "Não existiu essa ordem, de acordo com as informações que nós temos. O que aconteceu foi uma grande fatalidade", afirma o secretário. Ele disse que as circunstâncias da morte ainda serão melhor avaliadas.
O spray não estava vencido, mas venceu
Procurada, a PM informou que o gás usado não estava vencido e que somente depois de um laudo médico será possível dizer se há alguma responsabilidade da polícia na morte da gari.
Cleonice vivia com os três filhos, de 27, 25 e 23 anos de idade, no bairro de Val-de-Cães, periferia de Belém. Há um ano e dois meses, foi aprovada em concurso municipal para a vaga de gari. Antes disso, trabalhava como diarista.

 

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