IBGE INFORMA: número de divórcios quase dobra em dez anos, taxa de fecundidade cai




A proporção de pessoas divorciadas quase dobrou em uma década: saltou de 1,7% em 2000 para 3,1% em 2010. São mais de cinco milhões de brasileiros divorciados. O número de brasileiros casados no civil e no religioso diminuiu na década analisada: de 49,4% para 42,9%. O mesmo aconteceu com a proporção de pessoas casadas somente no civil ou somente no religioso. No ritmo contrário, as uniões consensuais (não formais) apresentaram aumento de 27,2% no período.

 O empresário Luiz Campriglia, 40, vive em casa com uma menina de um ano e um menino de oito. Ela é filha do seu relacionamento com a produtora Aline Prado, 29, com quem se casou há três anos; já o garoto é filho do primeiro casamento dela.

Segundo o Censo 2010, que investigou pela primeira vez o tema, quase um sexto (16,2%) dos lares habitados por casais com filhos contam com a presença de filhos de relacionamentos anteriores.


 

Para a pesquisadora Ana Lúcia Saboia, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), isso se deve ao aumento do rompimento de relações conjugais no país.

Quando essas pessoas já têm filhos e se unem a novos parceiros, dão forma ao que os especialistas chamam de "famílias reconstituídas".

"É cada vez mais comum que os casamentos hoje venham com um pacote", diz Ceneide Cerveny, professora de psicologia da PUC-SP.

Para ela, isso originou a figura dos "coirmãos" que, diferentemente, dos meios-irmãos, não têm laços sanguíneos, mas são criados juntos.[...]

A terapeuta familiar Cristiana Pereira diz que atende cada vez mais famílias nessa situação, que é complexa. "Mas, com afeto e muita conversa, é possível resolver." [...]

"Juntar os meus, os seus e os nossos não é fácil", diz a psicanalista e terapeuta familiar Flavia Stockler. Ela diz que um filho é para sempre. "Depois de ter um filho, nunca mais há separação total do casal. O que tem que acontecer é uma reorganização do novo sistema familiar." [...]

[F.d.S.P., Denise Menchen, Pedro Soares, do Rio, calaborou Olívia Florêncio]
 
 Com taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição, país fez a transição demográfica

 
Os dados do IBGE possibilitam a difusão de uma realidade não totalmente conhecida por pessoas não especializadas, além de permitir uma reflexão sobre suas implicações.

Este é o caso da taxa de fecundidade total abaixo do nível de reposição. Uma população com a taxa de fecundidade de 2,1 filhos por mulher no período reprodutivo (15 e 49 anos) terá crescimento populacional nulo, caso esta persista por longo período.

O Brasil já completou a fase final da transição demográfica, com a fecundidade caindo de cerca de 6 filhos por mulher nos anos 1960 para níveis abaixo da reposição em 2010, com 1,9 filho.

Há várias explicações. Os fatores clássicos são: aumento na escolaridade feminina, maior participação delas na força de trabalho, aumento na escolaridade dos filhos, queda da mortalidade infantil e maior urbanização.

Os dados do IBGE mostram que a fecundidade das mulheres com ensino superior completo é de 1,14 filho, enquanto as sem instrução e com ensino fundamental completo têm fecundidade de 3 filhos.

Exercícios com os dados dos Censos de 2000 e 2010 revelam que quase metade da queda na fecundidade se deveu ao aumento na escolaridade das mães, enquanto a outra metade se deveu a mudanças de comportamento das mulheres.
[da matéria de EDUARDO L.G. RIOS-NETO, professor no Departamento de Demografia da UFMG, na F.d.S.P., 18.10.2013]

 

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