D. Aldo Mongiano de passagem por S. Paulo

Quarta-feira de Cinzas, 2011. De manhã cedo, o telefone toca. No outro lado estava D. Aldo Mongiano, de 1975 a 1996 Bispo de Roraima, hoje Emérito. Vive numa casa de sua Congregação em Turim. Entre Boa Vista e Roma estava de passagem por S. Paulo. Marcamos um encontro na Casa dos Missionários da Consolata.

Com seus 92 anos, D. Aldo, com boa saúde, radia energia. Acompanha a causa indígena no Brasil com perspicácia. Vi D. Aldo preocupado com o futuro da terra indígena “Raposa Serra do Sol”. “É um sonho realizado, mas a sobrevivência dos índios só está garantida quando se unem na produção e na comercialização de seus produtos.” Na época D. Aldo nos escreveu: “Não estava somente em causa a terra para poder viver em paz, mas a causa de povos que têm uma história, uma cultura própria, identidade, usos e costumes, normas morais e sociais válidas e tão próximos ao Evangelho. (...) A longa luta serviu para dar coragem, iluminar as consciências, tornar os índios pessoas responsáveis e corajosas”.

Fotos: Mario de Carli
“E os Yanomami?”, perguntei. “Ah, você precisa ir lá. Em Roma, às vezes, questionaram a nossa atitude de ainda não batizar os Yanomami. Fiquei calado. Não adianta explicar para alguém que vive tão longe desta realidade. Os antropólogos dizem que os Yanomami vivem no neolítico. Pois bem, Jesus nasceu muito tempo depois do neolítico. Tudo precisa seu tempo.”

D. Aldo, boa travessia! Obrigado pela sua lição e pelos 92 anos de sua vida: “A vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu” (Vinícios de Moraes)

[Postagem: 9.03.2011]

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