Este texto foi apresentado na Mesa Redonda: “Missões religiosas e povos indígenas no tempo presente” das “XIII Jornadas Internacionais sobre as Missões Jesuíticas. Fronteiras e identidades: povos indígenas e Missões religiosas”, organizadas pela Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Linha de Pesquisa História Indígena, no dia 2 de setembro 2010.
A colonização encontra nas instituições uma disponibilidade permanente para exercê-la, como colonização ativa que aliena o outro e como passiva, que permite às pessoas se deixarem colonizar. Hoje também é difícil resistir à disposição colonizadora no interior de sociedades e Igrejas globalizadas, aliciadas e mordidas por propaganda e mercadorias, por modernizações conservadoras e desejos de hegemonia que, em seu conjunto, induzem à violência. O espírito colonial, esse desejo de fazer prevalecer a força física ou simbólica sobre o outro, é uma forma de alienação embutida na sociedade burguesa. Essa sociedade transforma as relações humanas em relações de troca e relações de troca estabelecem equivalências. Mercadorias, valores e dinheiro se tornam conversíveis. Tudo o que não é conversível, tudo o que não tem preço, como a dignidade humana, sofre pressões de adaptação. Os povos indígenas sofrem essa pressão de adaptação, acomodação e integração. O que não é adaptável, portanto, o que não pode ser transformado em valor de troca, ou é eliminado ou transformado em folclore. A dupla violência do neocolonialismo está na tentativa de homogeneizar o mundo nos patamares de uma sociedade de classe. Trata-se, portanto, de uma igualdade cultural imposta em condições de subordinação e exploração social. A mentalidade colonizadora está sempre esperando a sua vez, à espreita nas suas tocas modernizadas, ou, com uma expressão do mundo já colonizado, está em stand by.
Autor: Paulo Suess
Nenhum comentário:
Postar um comentário