O
Ministério Público Federal desencadeou ontem uma ofensiva nas três esferas do
Poder para evitar uma tragédia com 170 índios de uma aldeia guarani caiová
ameaçados de despejo da fazenda que ocupam em Mato Grosso do Sul por ordem
judicial. Com histórico de suicídio, eles ameaçam resistir até a morte e vêm
sendo alvo de hostilidades dos fazendeiros da região.
A
reportagem é de Vannildo Mendes e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo,
30-10-2012 e reprodozuda por IHU, S. Leopoldo.
O
drama dos caiová foi relatado ontem cedo, no Planalto, numa reunião entre os
líderes indígenas e a presidente Dilma Rousseff, acompanhada do ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Dilma manifestou solidariedade à causa e Cardozo relatou as providências da
Funai para reverter a liminar, concedida aos fazendeiros pela Justiça Federal
em Naviraí, comarca onde fica a fazenda ocupada pelos índios.
A
situação na região agravou-se esta semana com o suicídio de um jovem de 23 anos,
no sábado, e o estupro de uma índia de 14 anos, supostamente violentada por
jagunços. Eles vivem confinados numa pequena área de 2 hectares dentro da
fazenda, sem assistência e sob permanente ameaça, relatou a
vice-procuradora-geral da República, Débora Duprat, após receber uma delegação
de líderes da etnia.
Há
seis décadas essas tribos lutam pela demarcação de suas terras, que o governo
do Estado distribuiu a colonos. A situação é gravíssima e, além da ação
ostensiva dos fazendeiros, contribuem para isso a omissão da Funai e a
insensibilidade do Poder Judiciário, que tende a ver só um lado da questão,
criticou.
Reivindicações
Os
índios entregaram ao governo um documento com suas reivindicações, cópias dos
boletins de ocorrência sobre o estupro e o suicídio e alertaram que, caso a
Justiça não lhes reconheça o direito, a etnia vai recorrer a organismos
internacionais, a começar pelo Conselho Continental Guarani do Mercosul. Há um
mal entendido em nenhum momento falamos em suicídio coletivo, avisou o líder Otoniel
Kunomi Guarani, em entrevista, após a reunião com procuradores no Ministério
Público Federal. A comunidade tem uma decisão de que não vai sair nem por bem,
nem por mal. Vamos lutar pela nossa terra até o último guerreiro.
Desafio
O
problema é que os caiovás têm uma antiga tradição de suicídio. Sentimentais,
eles costumam se matar, geralmente por enforcamento, diante de grave desilusão
ou falta de perspectiva. A taxa de suicídio entre eles é dez vezes maior do que
a das demais etnias. Segundo o Ministério Público, nos últimos anos, a cada
seis dias um guarani caiová dá fim à vida. Foram 1.500 mortes nos últimos 32
anos, citadas no Mapa da Violência publicado pelo IBGE em 2011. Desde 2000,
foram 555 suicídios, 98% deles por enforcamento. O grupo soma 44 mil índios,
espalhados em Mato Grosso do Sul.
Se durante o Governo legítimo da Presidenta Dilma, a situação já estava difícil....na verdade, não houve real empenho para resolução dos gravíssimos problemas de assentamento, defesa dos direitos à terra e proteção ao povo Guarani Kaiowa...... o que podemos esperar desse governo ilegítimo, bancado pelos ruralistas e pelo que existe de pior na política brasileira???A quem recorrer?????
ResponderExcluirApenas podemos contar com as entidades continentais e internacionais....Mas é mister conscientizar o povo sobre o que se passa com o sofrido povo indígena. Até quando, Senhor?!