A fama do médico oncologista Drauzio
Varella chegou como resultado do trabalho que desenvolveu atrás das grades, ao
tratar de presidiários da Casa de Detenção Carandiru, em São Paulo, por mais de
10 anos, como voluntário.
Após muitos anos, o médico lança
‘Carcereiros’ para falar sobre o outro lado das grades. Desde o seu trabalho no
Carandiru, Drauzio fez amigos com quem costumava tomar cerveja nos fins de
tarde. Mesmo após a desativação do presídio, o médico continuou a se encontrar
com alguns deles, o que lhe rendeu histórias. “Na época, nós fizemos um acordo
de nos encontrarmos a cada duas ou três semanas. Hoje tenho grandes amigos”.
O autor explica qual é a diferença entre as obras, além do tema: “‘Estação Carandiru’ é um livro contado por um médico, e ele procura ficar neutro. Eu tomei o cuidado de cortar todos os adjetivos.‘Carcereiros’ foi feito por um homem mais maduro. Eu acho que o leitor já esperava que eu me colocasse como personagem. É um narrador que participa com comentários”.
Um dos seus principais ideais quando foi trabalhar como voluntário no Carandiru era o trabalho de conscientização da prevenção à AIDS. “No dia do massacre eu estava fazendo uma palestra. 72% dos travestis eram HIV positivo. E eles me disseram que faltava camisinha”.
20 anos depois do massacre do Carandiru, pouco se fala em julgar os culpados. E Drauzio indaga: “Mas quem será julgado? Os militares? Militar obedece ordens. Alguém deu a ordem e disse:‘entra’”.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva contou, para esta edição, com uma bancada formada por Luiz Alberto Mendes (escritor e ex-presidiário); Maria Emília Bender (editora da Companhia das Letras); Dib Carneiro (dramaturgo e jornalista); Marta Machado (professora de Direito da Fundação Getulio Vargas e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - Cebrap); e Jean Wyllys (jornalista, escritor e deputado federal). O Roda Viva também teve a participação do cartunista Paulo Caruso.
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