O atentado contra Malala
Yousufzai, gravemente ferida nas costas e na cabeça, pelos tiros dos Talibans,
comoveu o mundo. Ela chegou segunda-feira, dia 15-10-2012, num avião em
Birmingham, no centro da Grã-Bretanha, onde foi internada. Voltando das aulas
no ônibus escolar, a jovem, de 14 anos, foi atacada, dia 9-10-2012, por homens
armados, em Mingora, ao noroeste da capital Islamabad.
Malala ganhou visibilidade
internacional há três anos, quando passou a divulgar em um blog o regime de
terror imposto pelo Taleban em sua região natal, na fronteira do Paquistão com
Afeganistão. Essa ousadia, assim como a de sua família, que a encorajou a
seguir frequentando a escola apesar da proibição dos fundamentalistas, lhe
valeu duras ameaças do grupo. De acordo com pai de Malala, Ziauddin Yousafzai,
que dirige uma escola para meninas, ela sofreu, durante muito tempo, diversos
tipos de ameaças.
Apesar dos Talebans terem sido
expulsos de Swat em 2009, a ameaça continuou e terminou com o ataque de terça,
quando a menina voltava da escola. "Dois homens pararam o veículo,
perguntaram quem era Malala e dispararam contra ela e suas amigas", disse
o policial de Swat, Wazir Badshá. No ano passado, Malala foi indicado para o
Prêmio Internacional da Paz Infantil, por seu respeitado trabalho de promoção
da escolaridade entre meninas - algo que o Taleban repudia. O grupo
fundamentalista prometeu matá-la. Em um extenso comunicado enviado à imprensa
local, o Taleban assumiu o ataque, afirmando que "Malala foi atacada por
seu papel pioneiro na propagação do secularismo e da chamada ilustração
moderada". O texto recorreu a passagens do Alcorão para justificar o ataque
à menina e disse que matar Malala era uma obrigação decorrente da sharia (lei
islâmica). Um porta-voz do grupo Taliban, Ehsanullah Ehsan, assumiu a autoria
do atentado. "Ela era pró-Ocidente, estava falando contra o Taliban",
afirmou em entrevista à agência de notícias Reuters. "Ela era jovem, mas
estava promovendo a cultura ocidental em áreas pashtun", disse Ehsan.
O atentado
suscitou uma comoção mundial e fez surgir um forte sentimento anti-taleban no
Paquistão, país com mais de 180 milhões de habitantes e onde cresce o fundamentalismo
religioso. Muitas escolas da região fecharam as portas em forma protesto. O
chefe do Exército do Paquistão, general Ashfaq Parvez Kayani, divulgou uma
declaração condenando o ataque. "Os terroristas não entenderam que ao
atacar Malala eles não atacaram apenas um indivíduo, mas um ícone de coragem e
esperança", disse Kayani.
Desde o atentado, manifestações
de solidariedade à adolescente paquistanesa se multiplicam em todo o mundo. A
popstar Madonna foi uma das celebridades que declarou sua indignação. A cantora
dedicou a música “Human Nature” - cujos
versos defendem a livre expressão - à menina durante seu show em Los Angeles,
na última quarta-feira (10.10.). O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também
mostrou indignação aos ataques e pediu que os responsáveis sejam levados à
Justiça.
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