“Bem viver. Caminho para a nova
sociedade: com novo Estado e novas relações do trabalho”
Enquanto o governo brasileiro esta
preocupado se o Brasil é a 6º ou 5º maior economia do mundo o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) brasileiro é o 84º. Ficando atrás de países como Cuba,
Uruguai, Venezuela, Equador... O crescimento da economia não garante uma
melhora no IDH. A concentração de renda no Brasil continua alta, os 20% mais
ricos concentram 57,7% das riquezas, enquanto que os 20% mais pobres ficam com
apenas 3,5% (IBGE).
Um dos grandes causadores desta
desigualdade é a dívida pública que absorveu 45% do orçamento da união em 2012,
ou seja, 18% do PIB. O trabalhador brasileiro tem que trabalhar quase 68 dias
só para pagar os juros da dívida pública. Este mecanismo diabólico retira
dinheiro dos pobres, através dos impostos, e passam para os ricos, através do
pagamento dos juros. Desta forma faltam recursos para a saúde, saneamento
básico, educação, transporte coletivo, reforma agrária e urbana, demarcação de
terras indígenas e quilombolas...
A taxa de desemprego no Brasil esta
em 9,8%, 2,215 milhões de pessoas (Dieese), porém o desemprego junto a
juventude é de 19,5% (Dieese). Os novos empregos pagam de um a dois salários
mínimos. Alias 32,7% dos trabalhadores brasileiros recebem até 1 salário
mínimo, que hoje é de R$ 678,00 e é bem menor do que seria necessário segundo o
Dieese (R$ 2.561,47). Esta situação somada a maior rotatividade de emprego do
mundo, que é a brasileira, leva a classe trabalhadora a viver na corda bamba.
Trabalho penoso no lixão |
A juventude trabalhadora sofre com
as condições desfavoráveis com relação ao restante da sociedade brasileira e em
competição com jovens de outros países. A taxa de desemprego é maior entre os
jovens, eles recebem salários menores e trabalham em situações de precariedade
maior. Enquanto em países de PIB alto os
jovens estudam e depois que terminam os estudos trabalha. No Brasil a juventude
tem que somar as cargas de trabalho e estudo. Como consequência os jovens tem
menos tempo para o lazer, a oração e até para organizar os conhecimentos
adquiridos. Por isso criar condições para que os jovens brasileiros possam
completar seus estudos antes de entrar no mercado de trabalho é imprescindível.
As crises continuam tirando o
direito a vida em plenitude da classe trabalhadora. A crise cíclica do sistema
capitalista continua tirando direitos adquiridos dos trabalhadores europeus. E
estas ameaças aos direitos pairam nas cabeças dos trabalhadores brasileiros. A
chamada desoneração dos encargos trabalhistas (como se o pagamento dos direitos
dos trabalhadores fossem os responsáveis pelo custo Brasil), já começa a
acontecer de forma sutil. A redução da cobrança do INSS em 60 setores da
economia, a desvinculação do reajuste do salário desemprego em relação ao
salário mínimo são exemplos do que podem vir. Por outro lado percebemos uma
forte fragmentação da classe trabalhadora, o que dificulta a defesa de nossos
direitos.
Dia dos Trabalhadores em São Paulo, 1.5.2013 |
Ao refletirmos o lema: “Bem viver.
Caminho para a nova sociedade: com novo Estado e novas relações do trabalho”.
Resgatamos o conceito andino do Bem viver (Sumak Kawsay) – conceito milenar do
modo de viver e se relacionar das sociedades indígenas latino-americanas – e
que está na agenda de muitos movimentos sociais na atualidade. Nós somamos
enquanto Pastoral Operária do Brasil a esses lutadores e lutadoras.
Por estes e outros motivos
conclamamos que a “O FRUTO DA JUSTIÇA SERÁ A PAZ” (Is 32,17). E só garantindo a
justiça social é que teremos a verdadeira paz em nossa sociedade. Esta justiça
só se concretizará no dia em que colocarmos em prática uma nova relação de
trabalho e de vida, conforme nos ensinaram os primeiros cristãos: “NÃO HAVIA
ENTRE ELES INDIGENTE ALGUM, PORQUANTO OS QUE POSSUIAM TERRAS E CASAS,
VENDIAM-NAS, TRAZIAM O DINHEIRO E O COLOCAVAM AOS PÉS DOS APÓSTOLOS".
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