Os 144 índios Munduruku, que
passaram mais de uma semana em Brasília tentando convencer o governo a
interromper todos os empreendimentos hidrelétricos em obras ou em estudo na
Amazônia, estão regressando ao seu estado, o Pará.
Valdenir Munduruku |
A reportagem é de Alex Rodrigues e publicada pela Agência Brasil, 13-06-2013.
Os munduruku estavam em Brasília
desde a terça-feira (4) da semana passada, quando desocuparam o principal canteiro
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e aceitaram a proposta de se reunir com
representantes do governo.
Segundo uma das lideranças dos
índios, Valdenir Munduruku, a articulação indígena destinadas a paralisar as
iniciativas de aproveitamento dos rios Xingu, Teles Pires, Tapajós e Madeira, entre
outros, não foi encerrada.
Munduruku em vigília em frente ao Palácio do Planalto |
Conforme havia dito ontem (12),
durante entrevista à Rádio Nacional Amazônia, da Empresa Brasil de Comunicação
(EBC), Valdenir garantiu que, a menos que o governo federal interrompa a
execução das obras e estudos, os mundurukus não voltarão a dialogar.
“O que o governo quer, nós não
queremos. Ele quer ir a nossa terra dizer que vai construir hidrelétricas e ver
o que queremos em troca. E nós não queremos nada em troca. Queremos nosso rio
livre e nossa natureza preservada”, declarou Valdenir.
Ao ser perguntado sobre a morte de
mais um índio em Mato Grosso do Sul, o líder munduruku criticou a demora na
demarcação ou homologação de novas terras indígenas no Mato Grosso do Sul.
“Falta à Funai e aos governos [federal e estadual] tomarem providências antecipadas
para que isso não aconteça. Esses índios estão morrendo enquanto lutam para
reaver suas terras”.
Nessa quinta-feira, o delegado
Rinaldo Gomes Moreira, responsável por investigar o assassinato, a tiros, do
índio guaranis-kaiowás Celso Figueiredo, adiantou à Agência Brasil que os
depoimentos prestados pelo pai e pela irmão da vítima sugerem que o crime não
seja resultado dos conflitos por terras que, só no último mês, deixaram um
índio morto e outro gravemente ferido em
Mato Grosso do Sul.
Em maio, logo após o assassinato de
Osiel Gabriel, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou os
episódios de violência contra índios sul-mato-grossenses como uma “lamentável”
consequência da judicialização a que estão sujeitos os processos demarcatórios
de terras indígenas.
Ex-ministro de Lula diz que Gleisi
está 'alinhada' com fazendeiros
(F.d.S.P.
14.6.2013 – A8)
Recém-eleito para compor a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos),
Vannuchi afirmou ainda que Gleisi deu declarações "praticamente exigindo a
demissão da presidente da Funai, Marta Azevedo, [...] um problema porque se
costuma manter respeito às diferentes áreas de atribuição [dentro do governo]".
A Funai é vinculada ao Ministério
da Justiça, cujo titular é o ministro José Eduardo Cardozo. No último dia 7,
Azevedo pediu demissão alegando problemas de saúde. Sua saída ocorreu uma
semana após a morte de índio terena Oziel Gabriel no município de Sidrolândia
(MS).
As declarações de Vannuchi em meio
às discussões no governo acerca de novo modelo de demarcação de terras
indígenas foram veiculadas pela "Rádio Brasil Atual", emissora que
integra sistema de comunicação de sindicatos ligados à CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
"Visivelmente, a
ministra-chefe da Casa Civil [Gleisi Hoffmann], com seu poder de coordenação
interministerial, tem se alinhado sistematicamente com o ponto de vista dos
fazendeiros", disse ele.
"Ela (Gleisi) é do Paraná,
região onde essa agricultura, a agroindústria, é muito desenvolvida, os
fazendeiros são muito fortes. Ela é provável candidata a governadora do Paraná
no ano que vem." [...]
No final de sua intervenção na qual
é apresentado como analista político da emissora, ele afirmou que "a
divisão [dentro do governo] deixa a população indígena sem saber se o governo
Dilma segue realmente seu compromisso histórico de alinhamento com os mais
pobres".
Depois de falar sobre a importância
da produção agrícola para o país, ele finalizou dizendo que ela "não pode
ser feita sobre cadáveres da população indígena".
Gleisi afirmou ontem, por meio de
sua assessoria, que sua posição não é pessoal, mas de governo. [...]
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