A sociedade de consumo produziu Natal sem Advento



Ontem, dia 1º de dezembro, assisti num templo budista em São Paulo ordenação e investidura de uma companheira do Cimi. Agora é monja, casada, com marido e filho adulto, e se chama Aida Kakuzen. Recebeu o hábito da Monja Coen Sensei que é missionária e fundadora da comunidade Soto Shu – Zen Budismo com sede no Japão. Fiquei impressionado com a formalidade da cerimônia e a promessa do despojamento cobrada da monja Kakuzen. Quando a missionária Coen lhe cortou o último chumaço de cabelo como num rito de iniciação indígena, só coube silêncio, emoção, simpatia e Namasti: “o Deus do meu coração saúda o Deus no teu coração”!



Ao voltar para casa ou para lugar nenhum, fui obrigado a travessar outro cenário, o mercado natalino, nas ruas e casas de comércio. A sociedade de consumo promete e exige o gozo ininterrupto e desconhece o Advento, proposto como tempo de conversão, purificação e despojamento. O gozo natalino se apropriou além de dezembro, também do mês de novembro inteiro e o Dia mundial da Luta contra a Aids”, nesse mesmo 1º de dezembro, parece um intruso utilizado para sustentar a imagem do politicamente correto.




Em busca do silêncio de Advento, chego ao Parque Ibirapuera. Em vez do silêncio, encontro outro espetáculo. Com sons e cores, o Natal é celebrado com mais de 200 árvores decoradas com um milhão de lâmpadas LED. Em frente ao lago está montada uma árvore de Natal e o público pode conferir também o espetáculo da dança das águas, com 24 jatos de água que alcançam até 15 metros de altura, acompanhados por clássicos de Natal de Andrea Bocelli, John Lennon entre outros. Em seu nono ano, o “Natal Iluminado” espera atingir de 4 a 6 mil pessoas por dia.



Finalmente volto ao Largo São Francisco/SP. Primeiro Domingo de Advento. A Orquestra Sinfônica Jovem e Coro Infanto-Juvenil & Coro de Repertório da Fundação das Artes de São Caetano do Sul apresenta o Magnificat, de Johann Sebastian Bach e Coração Civil, de Milton Nascimento. Finalmente, gratuidade, beleza, Advento Encantado. Primeira luz na coroa de Advento.



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