“Penso que seja importante ouvir também a última frase da narração do
Evangelho de S. Lucas da Anunciação: “E o anjo a deixou” (Lc 1,38). A grande
hora do encontro com o mensageiro de Deus, na qual toda a vida muda, passa; e
Maria fica sozinha com a tarefa que verdadeiramente supera toda a capacidade
humana. Não há anjos ao seu redor; ela deve prosseguir pelo seu caminho, que
passará através de muitas obscuridades, a começar pelo espanto de José perante
a sua gravidez até o momento em que se diz de Jesus que está `fora de si´ (Mc
3,21; cf. Jo 10,20), antes, até a noite da Cruz.
Quantas vezes, em tais situações, Maria terá interiormente voltado à
hora em que o anjo de Deus lhe falara, terá escutado de novo e meditado a
saudação `alegra-te, cheia de graça´, e as palavras de conforto `não temas!´. O
anjo parte, a missão permanece e, juntamente com esta, matura a proximidade
interior a Deus, o íntimo ver e tocar a sua proximidade.”
Joseph Ratzinger/Bento XVI,
A infância de Jesus, São Paulo: Planeta,
2012, p. 38
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