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Balas e bombas na Aldeia Teles Pires |
"Porque o governo federal
não respeita os direitos dos povos indígenas do Brasil? Esta terra é nossa por
isso nós temos direitos de reclamar e defender, porque nós somos donos dessa
terra", escreve o CIMAT (Conselho Indígena Munduruku do Alto Tapajós), em carta
publicada no sítio Racismo Ambiental, 19/11/2012 e IHU).
Eis a carta.
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Aldeia Teles Pires |
Dia 09 de novembro de 2012 a
aldeia Teles-Pires do Povo Munduruku sofreu um ataque da polícia brasileira.
Pegos de surpresa os indígenas viram homens armados se aproximando das aldeias.
Os índios resolveram se aproximar e saber o que estava acontecendo. Ouviram
então de um policial a ordem era explodir as balsas e dragas que haviam na
região. Os índios pediram que não fizessem isso, pois era de onde a aldeia
tirava algum sustento, com a comercialização e troca de produtos da roça para
os garimpeiros.
Sem conseguir um diálogo com a
policia os índios solicitaram que a polícia não tocasse em seus bens e nem no
combustível que havia na aldeia, pois além de poluir o rio o combustível servia
a comunidade. O policial que parecia comandar os outros concordou com essa
proposta. Mas no dia seguinte os policiais não quiseram acordo e mandaram que
todos voltassem correndo para a aldeia. Os índios recuaram, mas às 09:00h a
aldeia foi invadida pela polícia, com helicóptero que disparava rajadas de
tiros a esmo.
O cacique Baxixi acompanhado de
seus guerreiros tentou dialogar com os invasores e um homem que se identificou
como funcionário da Funai de Brasília e que acompanhava os policiais. Disse que
a ordem era explodir tudo e passar por cima de quem se opusesse. Quando outros
guerreiros se aproximaram os policiais começaram a disparar, colocando em
pânico crianças e velhos. Um dos idosos estava sendo agredido quando um
guerreiro atirou flechas nos policiais. Ele foi atingido por tiros e caiu no
rio e depois um policial que comandava a operação atirou na cabeça do índio.
Outros guerreiros reagiram com mais flechadas e o helicóptero iniciou a
perseguição de mulheres e crianças pelos caminhos das roças. Muitas crianças
acabaram se perdendo naquele momento dos pais. Depois disso tudo a policia
ainda atirou bombas no local do rio em que o índio foi morto.
A policia começou a invadir as
casas das aldeias e a destruir o que encontrava, muitos índios que fizeram
filmagens da operação com seus celulares tiveram os aparelhos apreendidos e
destruídos.
Aqueles que não conseguiram
fugir pro mato foram separados na aldeia, homens mulheres e crianças muito
assustados. As mulheres foram muito ofendidas pela polícia.
Este é o relato resumido do que
foram aquelas horas de terror na aldeia e que depois foram descritos na Câmara
de Vereadores de Jacareacanga.
Nós povos indígenas da etnia
Munduruku não aceitamos ser tratados desse jeito. Este não é o primeiro ataque
do governo aos nossos direitos. Sabemos que há no congresso nacional a proposta
de emenda constitucional 215, a proposta emenda constituição PEC 215. Porque
vai prejudicar muitas relações em nossa gestão de territórios do povo
Munduruku. A AGU quer publicar a portaria 303 que retira nossos direitos e que
há outro sem número de propostas no congresso nacional que querem tirar nossa
autonomia e nosso território.
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Indignação dos Munduruku |
Sabemos de nossos direitos,
sabemos que a constituição nos protege e que outras leis internacionais que o
Brasil assinou também nos protegem, como a convenção 169 da OIT. Porque o governo federal não respeita os
direitos dos povos indígenas do Brasil? Esta terra é nossa por isso nós temos
direitos de reclamar e defender, porque nós somos donos dessa terra, hoje o
governo está querendo tomar nossos territórios o governo está violentando as
leis. Agora estamos vendo a pressão que está sendo feita por representantes dos interesses das
mineradoras, junto ao congresso nacional, para encaminhar leis que regularizem
a exploração de minério em terras tradicionais dos povos indígenas.
O Governo quer construir
hidrelétricas em nossas terras e pra isso acha que vai nos intimidar. Nós somos
um povo que quer paz e na paz somos bons amigos. Mas se nos querem como
inimigos, seres muito melhores.
Pedimos à sociedade que nos
apoie em nossa luta!
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