Ao voltar do México, José Oscar Beozzo e eu, voltamos de
muitos Méxicos contrastantes. Do “México profundo” com sua civilização indígena
negada e descrita por Guillermo Bonfil Batalla, do México peregrino da Basílica
dedicada à Na. Sra. de Guadalupe e Juan Diego, do México da violência dos
narcotraficantes; dos Legionários de Cristo e de Girolamo Prigione, núncio nefasto
em México entre 1978 e 1997; do México dos amigos do Cenami e dos ex-alunos do
curso de pós-graduação em Missiologia, São Paulo.
Desde a conquista, Bonfil argumenta, os povos do profundo
México têm sido dominados por um "México imaginário" imposta pelo
Ocidente. É imaginário, não porque não exista, mas porque nega a realidade
cultural vivida diariamente pela maioria dos latino-americanos, mexicanos,
brasileiros, argentinos...
As despedidas, neste Continente, sempre me fazem
contemplativas lembrando a despedida de Lévi-Strauss dos Bororo (Tristes Trópicos): “A contemplação
proporciona ao homem o único favor que ele sabe merecer: suspender a marcha,
reter o impulso que o obriga a tapar, uma após outra, as fendas abertas no muro
da necessidade e a concluir a sua obra, ao mesmo tempo que abandona a sua
prisão; esse favor que toda a sociedade ambiciona, quaisquer que sejam as suas
crenças, o seu regime político e o seu nível de civilização; onde ela situa o
seu ócio, o seu prazer, repouso e liberdade; oportunidade fundamental para a
vida, de se desligar, e que consiste – adeus, selvagens! adeus, viagens! –
durante os breves intervalos em que a nossa espécie suporta interromper a sua
faina de colmeia em captar a essência do que ela foi e continua ser, aquém do
pensamento e além da sociedade: na contemplação de um mineral mais belo que
todas as nossas obras; no perfume mais sábio que os nossos livros, respirando
no âmago de um lírio; ou no piscar de olhos, cheio de paciência, serenidade e
perdão recíproco que um entendimento involuntário permite, por vezes, trocar
com um gato.”
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