Igreja católica na Amazônia Legal
Com a leitura da Carta Final,
encerrou-se na manhã de quinta-feira, 31 de outubro, o I Encontro da Igreja
Católica na Amazônia Legal.
A Carta enviada às comunidades aborda desafios
como a construção de hidrelétricas, a prostituição infantil, o tráfico de
pessoas e de órgãos, o desmatamento, as lutas dos povos indígenas, quilombolas
e ribeirinhos, dentre outras. Mais uma vez lamentam os autores da Carta
“uma profunda dor ver milhares de
nossas comunidades excluídas da eucaristia dominical. A maioria delas só tem a
graça de celebrar o Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor uma,
duas ou três vezes ao ano. O Senhor, na véspera de sua morte, não deu um bom
conselho, mas um mandato explícito: “Fazei isto em minha memória” (1 Cor 11,24;
Lc 22,19). O Decreto “Presbyterorum Ordinis” do Concílio Vaticano II declara
que a Eucaristia é fonte e, ao mesmo tempo, ápice de toda a Evangelização (cf.
PO 5). “Nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro
na celebração da santíssima Eucaristia, a partir da qual, portanto, deve
começar toda a educação do espírito comunitário” (PO 6). Também a Constituição
Dogmática “Lumen Gentium” fala da Eucaristia como “fonte” e “ponto culminante
de todas a vida cristã” (LG 11). Torna-se urgentemente necessário criar
estruturas em nossa Igreja para que os 70% de comunidades, que hoje estão
excluídos da celebração eucarística dominical, possam participar da “fração do
pão” (At 1,42), do “sacramento da piedade, sinal de unidade, vínculo da caridade,
banquete pascal” (SC 47).”
Quando cheguei na Amazônia, em 1966, nosso
bispo de Óbidos, Dom Floriano Löwenau, ofm, nos falou dos viri probati que, como fruto do Vaticano II, devemos preparar para
nossas comunidades sem eucaristia e cujo raio de ação pastoral seria logo
definido. Passaram-se mais de 40 anos e nada aconteceu. Os mesmos lamentos do
altar vazio (cf. o livro de Fritz Lobinger), de comunidades sem eucaristia, da escassez
ministerial ordenado, do crescimento de Igrejas evangélicas fundamentalistas e
de uma Igreja católica em contradição com aquilo que ela definiu no Vaticano
II: “Nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na
celebração da santíssima Eucaristia” (PO 5). Se alguém morresse por causa do
jejum eucarístico teríamos muitos mortos na Amazônia! O tratado sacramental
precisa ser reelaborado! Chega de lamento. A Igreja tem o direito de privar as
comunidades da Eucaristia?
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