Centenário da Missão Franciscana do Cururu


Mutirão de visitas missionárias aos Munduruku



 No período de 02 a 15 de maio foi realizado um mutirão de visitas missionárias às aldeias dos povos munduruku, no Alto Tapajós. Esta atividade pastoral, de iniciativa da Aliança Francisclariana, integra também as comemorações dos 100 anos de presença dos franciscanos e franciscanas na Missão São Francisco, no rio Cururu. Já faz alguns anos que o trabalho missionário ao lado dos Munduruku aponta para a passagem de uma presença eclesial na região que “tem” uma Missão, para uma presença eclesial que “é essencialmente” missionária nas três dimensões assinaladas pelo Vaticano II: Igreja local (inculturação), Igreja universal (libertação) e Igreja Povo de Deus (opção pelos e participação dos Munduruku).

Participaram do mutirão 36 missionários/as. A viagem de Santarém a Itaituba foi de lancha, dia 02 de maio. No dia 03, às 07 horas foi celebrada uma missa de envio dos Missionários na Igreja Matriz de Sant´Ana presidida por Dom Wilmar. No dia 13 de maio, todos os participantes do mutirão se encontraremos na Missão São Francisco, no Rio Cururu, onde celebraram os 100 anos de presença franciscana (frades e freiras) naquela missão, e também a ordenação diaconal de Frei Ulysses Calvo, missionário entre os Munduruku. A equipe itinerante visitou cerca de 54 das mais de 100 aldeias espalhadas pela Mundurukânia, nos rios Tapajós, Tropas, Kabitutu, Cururu e Teles Pires.
[Do Boletim de Informativo da Custódia Franciscana São Benedito da Amazônia]

100 ANOS NA ESPERANÇA
Uma mensagem da Amazônia ao Mundo

Celebrando com alegria e esperança do Centenário da Missão São Francisco do Rio Cururu, nós – povo da nação munduruku, vindo de dezenas de aldeias da Mundurukânia, capitães, missionários/as religiosos/as e leigos, congregando nestes dias festivos mais de 1000 pessoas – dirigimos a seguinte mensagem à sociedade brasileira e a todas as pessoas defensoras da vida no planeta Terra.
Há centenas de anos vivemos na floresta amazônica do Alto-Tapajós e seus afluentes, no sudoeste do Pará, Brasil. Consideramos a terra e a água, as florestas e os rios, como fonte e sustento da vida em todas as suas dimensões. Portanto, entendemos e respeitamos a natureza como sagrada, e, por isso, superior a nós.
Ultimamente sentimo-nos ameaçados por projetos promovidos por um modelo de desenvolvimento que incentiva a construção de hidrelétricas, hidrovias e mineração, como ainda o comércio dos chamados “créditos de carbono”. Este modelo de desenvolvimento não é apenas incompatível com nossa forma de viver, mas também causa graves impactos irreversíveis para os povos tradicionais e todo o bioma da Amazônia.
Por outro lado, queremos uma política de desenvolvimento econômico que verdadeiramente beneficie os habitantes da Terra, e não privilegie apenas uma minoria.


Frei João Gierse tomando chibé
Foz do Rio Cururu


Aldeia Nova Trairão

A hora urge para fortalecermos a nossa união: do povo munduruku, dos povos indígenas e de todas as pessoas de boa vontade, na resistência e na defesa da vida, da nossa cultura, da terra e da água em vista do futuro dos nossos filhos e filhas, e do planeta Terra.


Vivemos e trabalhamos na esperança de mais 100 anos!
Topaga soat jeymubacan – Para isso Deus abençoe a todos nós!

Missão São Francisco do Rio Cururu, dia 13 de maio de 2012,
dia da comemoração do centenário de sua fundação

[Seguem as assinaturas dos capitães de aldeias e dos missionários/as.]

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