Terra Sagrada e a transposição do Rio São Francisco


Por Renata Bessi, 
especial para a Repórter Brasil



Cabrobró (PE) e Floresta (PE) - “Você pode mudar da sua casa para outra facilmente. Mas os Truká e qualquer outro povo indígena não têm como levar seus encantados dentro de carro, de canoa ou guardar dentro de uma casa, porque eles estão lá na terra, na mata, na natureza”. Foi assim que o cacique do povo Truká, Aurivan dos Santos Barros, o Neguinho Truká, explicou a relação de seu povo com a terra durante audiência para demarcação de seu território. Questionado por um procurador de Pernambuco, que sugeriu como solução do impasse territorial a possibilidade de os indígenas mudaram-se para outras terras, ele falou sobre a relação sagrada entre o território e todos os elementos que o compõem, como rios, riachos, lameiros, barreiros, baixios, morros, serras.

“Eles estão lá e se a gente perder um território eles vão permanecer lá mesmo assim. E se a gente for para qualquer outro lugar, vamos ter uma história para contar e não uma história para vivenciar. Eles estão ali no nosso território… os encantados não são algo que se transporta como um sofá ou uma geladeira, porque eles ficam no espaço que é deles.”


Expedito, pajé dos Pipian
O povo Truká, com sua maneira própria de construir sociabilidade e significar o mundo, vive na Ilha de Assunção, nas águas do rio São Francisco, em Cabrobó, sertão de Pernambuco, a 590 quilômetros de Recife. A ilha é composta por 25 aldeias que levam nomes de pássaros, árvores, flores, sementes. Até agora os indígenas conseguiram a demarcação de parte das suas terras. Estão em processo do que chamam de retomada do seu território.
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Na Repórter Brasil: https://medium.com/p/73498f0dada8

Um comentário:

  1. Inacreditável o descaso e a falta de sensibilidade dos agentes nacionais, em relação à cultura e tradições dos Truká e Pipinan, que deveriam ser preservados como patrimônio histórico e cultural brasileiro..... Qualquer país soberano tem que envidar os maiores esforços, no sentido de garantir a sobrevivência de suas riquezas etnicas, culturais e humanas, sob o risco de perder sua identidade e seu principal patrimônio - as populações, especialmente os grupos formadores da nação brasileira, desde suas origens mais remotas....Essa inversão de valores é incompreensível - o não cuidado e não preocupação com a preservação desses povos, que representam os alicerces - edificadores da nossa herança cultural, ao lado dos afrodescendentes e dos colonizadores europeus..... Justamente os povos indígenas deveriam ter a primazia da defesa de suas tradições, costumes e saberes, considerando serem os donos originários de nossas terras.....

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