O
relatório final da Comissão Nacional da Verdade terá um alentado capítulo sobre
o extermínio de povos indígenas durante os anos da ditadura militar. Será a
primeira vez que uma comissão destinada a apurar graves violações de direitos
humanos em países da América Latina trata do assunto de maneira institucional e
abrangente.
A
informação é de Roldão Arruda, jornalista, publicada no seu blog, 06-03-2014.
De
acordo com a psicanalista Maria Rita Kehl, integrante da comissão e
coordenadora do grupo denominado Graves Violações de Direitos Humanos no Campo
ou Contra Indígenas, a sociedade brasileira ainda não conhece toda a extensão
das sistemáticas violações de direitos humanos cometidas contra os índios. Isso
estaria ocorrendo porque eles não receberam o mesmo tipo de atenção dada aos
militantes de esquerda urbanos.
“Os
militantes urbanos e os familiares dos mortos e desaparecidos sempre tiveram
mais condições de se organizar, sabiam o que era ditadura. Nós até devemos a
eles a criação da Comissão da Verdade”, disse Maria Rita. “As questões
indígenas e camponesas, porém, nunca vieram à tona da maneira que estão vindo
agora.”
Segundo
a coordenadora, o Estado brasileiro foi parcial no tratamento da questão. “O
Estado era o defensor dos fazendeiros e ponto. Os camponeses que tinham suas
terras invadidas e tentavam se defender eram chamados de terroristas.”
O
relatório deve analisar os grandes projetos de integração da Amazônia
desenvolvidos pelos militares. Eles teriam tratado o território amazônico como
área desocupada, ignorando os índios que ali viviam.
Um dos casos estudados é o da construção da Rodovia BR-174, que liga Manaus a Boa Vista. “A obra cortou o território onde viviam os waimiri atroari. Estima-se que dois mil índios foram exterminados”, disse Marcelo Zelic, integrante do grupo Tortura Nunca Mais e assessor da Comissão da Verdade.
A
incorporação da questão indígena às investigações é criticada por alguns
setores de direitos humanos. Afirmam que
o tema é excessivamente amplo para ser analisado no tempo de duração da
comissão. O extermínio daqueles contingentes populacionais deveria ser estudado
de forma isolada, como questão étnica. Isso permitiria concentrar mais forças
no esclarecimento de casos de mortos e desaparecidos.
Para
Zelic, as críticas são reducionistas. “Apurar apenas os casos das pessoas que
militavam em organizações de esquerda nas cidades significa apequenar a questão
dos direitos humanos”, afirmou. “Se a comissão não conseguir apurar tudo, nada
impede que se pleiteie a prorrogação das investigações.”
Fonte: Unisinos - Sexta, 07 de março
de 2014
O
Relatório Figueiredo, documento importante sobre o extermínio dos povos
indígenas, durante a ditadura militar, pode ser baixado pela internet. Ver: Relatório ‘perdido’ aponta atrocidades contra índios no Brasil].
O tratamento degradante dispensado aos povos indígenas nos envergonha a todos que temos um mínimo de noção da dignidade do ser humano, qualquer que seja sua origem, etnia, condição social, cultural..... Chocante, inaceitável, a tortura covarde perpetrada por seres insanos, contra comunidades desprotegidas e indefesas, diante de assassinos que se assemelham a monstros - nada tendo a ver com a condição humana.....
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