Porto Alegre - Um grupo de 100
pesquisadores brasileiros da área do meio ambiente, de universidades e
instituições de vários Estados do Brasil, encaminhou sexta-feira (14) à
Presidência da República e aos ministros do Meio Ambiente e de Minas e Energia,
o Manifesto de Cientistas pela Defesa de Nossos Rios. A data foi escolhida pelo
fato de 14 de março ser o Dia Internacional de Ação Pelos Rios.
O objetivo dos pesquisadores é
chamar a atenção do governo para a “necessidade de políticas públicas
eficientes que garantam a continuidade de manutenção da vida diversa, incluindo
aqui as culturas humanas tradicionais dos ribeirinhos, e os remanescentes de
ecossistemas fluviais e de sistemas associados, como as matas ciliares, por
exemplo, diante do crescimento praticamente indiscriminado de empreendimentos
hidrelétricos no Brasil”. O documento manifesta preocupação com a possibilidade
de que 100 mil pessoas sejam atingidas no País, nos próximos anos, por
hidrelétricas, sendo que 15% dos atingidos seriam integrantes de povos
indígenas, especialmente na região amazônica, como é o caso de Belo Monte (PA).
Belo Monte: Recordes desastrosos |
Além do problema ético envolvendo a
extinção de espécies, os pesquisadores citam o agravante do problema científico
relacionado à existência de centenas ou milhares de espécies ainda não
descritas para a Ciência, que podem se afetadas ou até desaparecer nos próximos
anos nos sistemas fluviais, principalmente no Norte do Brasil.
O manifesto também chama a atenção
para o fato de que cerca de 2/3 dos projetos de grandes, médias e pequenas
hidrelétricas está incidindo justamente no Mapa Oficial das Áreas Prioritárias
para a Conservação da Biodiversidade. Mesmo o mapa das áreas definidas como de
“extrema importância” possui cerca de um quarto dos projetos de hidrelétricas
previstos para os próximos anos. Os pesquisadores criticam a postura dos
ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia que estariam evitando debater
essa contradição, “ainda mais em um momento de crise de energia elétrica, que
também é reflexo do débil planejamento em alternativas de menor impacto
(energia eólica, biomassa e energia solar)”.
Além disso, o Documento propõe o
investimento em alternativas energéticas viáveis e baratas, com destaque para a
energia eólica e a energia solar: “(...) estas alternativas já são cada vez
mais viáveis e baratas, com destaque a energia eólica que poderia, sozinha,
segundo dados da própria EPE, gerar muito mais do que toda a energia elétrica
gasta no Brasil (obviamente sem afetar UCs, APCBio ou rotas migratórias), ou a
energia solar que, somente na Alemanha - onde a incidência solar é bem menor do
que a do Brasil - é responsável por uma geração de 30 GW, descentralizada,
sendo maior do que a geração da usina de Itaipu”.
[Fonte:
Na íntegra em: Carta Maior,
Marco Aurélio Weissheimer]
Manifesto
de Professores e Cientistas no Dia Internacional de Ação pelos Rios em sua
íntegra:
Manifesto de Cientistas pela Defesa de Nossos Rios
Manifesto de Cientistas pela Defesa de Nossos Rios
Cada vez mais se acentua a conscientização da necessidade de defesa do meio ambiente, tanto entre a comunidade acadêmica e científica, como também por parte da população mais sintonizada com os efeitos do equilíbrio ecológico e preservação das reservas naturais, para as futuras gerações. Há uma percepção de que o povo está sempre mais atento às medidas governamentais que possam garantir, ou não, condições de vida adequadas para os cidadãos atuais e futuros.....
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