João Pedro Stedile
Diante dos protestos, o governo Dilma teve que sair de seu pedestal para
dialogar com as ruas, propondo uma reforma política, uma Assembleia
Constituinte e um plebiscito popular. E, finalmente, a presidenta passou a se
reunir com os setores organizados, o que não fez ao longo de dois anos e meio
de mandato. [...]
Movimento popular nas ruas
Chegou a vez do povo organizado nos movimentos sociais, no movimento
sindical e nas pastorais fazerem mobilizações. Pela primeira vez, depois da
derrota nas eleições de 1989, não se via uma unidade popular tão ampla. [...]
Um dos pontos dessa plataforma comum é a reforma política. É preciso
passar a limpo as regras da política brasileira para democratizar e criar
mecanismos de efetiva participação popular. [...]
Além da reforma política, há um conjunto de demandas históricas dos
movimentos sindical e popular que estão entaladas na garganta do povo e nas
gavetas dos palácios. Abaixo, conheça seis pontos da plataforma das
organizações da classe trabalhadora:
1- Aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas
semanais sem redução de salário. Na Europa, o capitalismo em crise já pratica
36 horas.
2. Arquivamento da PEC que implementa a terceirização das relações de
trabalho, enterrando a CLT, que é a garantia dos direitos dos trabalhadores.
3- Uma reforma tributária progressiva, para que os impostos pesem mais
sobre os ricos, com taxação das fortunas, e diminuam sobre os trabalhadores
pobres.
4- Prioridade da aplicação dos recursos públicos em saúde, educação e
transporte público de qualidade, em vez do pagamento da dívida pública e
superávit primário.
5- Suspensão dos leilões do petróleo e das outorgas de exploração de
minérios que só beneficiam as empresas transnacionais.
6- Implementar a Tarifa Zero nos transportes públicos para toda
população. Essa proposta é viável tecnicamente, por meio do investimento de
recursos públicos existentes, sem necessidade de aumentar impostos. [...]
Mobilização crescente
Em várias cidades do Brasil, categorias de trabalhadores e setores
sociais continuam fazendo mobilizações massivas. Petroleiros, bancários,
metalúrgicos e professores intensificam a mobilização.[...]
Os trabalhadores rurais de todo o país, que se organizam em dezenas de
movimentos sociais, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (Contag), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
(Fetraf), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), movimentos de pescadores,
quilombolas, povos indígenas, mulheres camponesas, as pastorais rurais, além do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), se somarão às mobilizações.
Os movimentos do campo preparam uma plataforma comum, que entregaram
para a presidenta Dilma em audiência, pautando os seguintes pontos:
1. Recuperar a soberania nacional sobre as terras brasileiras. Propomos
que o governo anule as áreas já compradas e desaproprie todas as terras
controladas por empresas estrangeiras.
2. Acelerar a Reforma Agrária e que sejam assentadas imediatamente as
milhares de famílias acampadas à beira das estradas.
3. Políticas públicas de apoio, incentivo e crédito para produção de
alimentos baratos, saudáveis, sem venenos com o fortalecimento do campesinato.
E adoção de programas estruturais para a juventude e para as mulheres do campo.
4. Garantir os direitos dos povos do campo, com o reconhecimento e
demarcação imediata das terras indígenas, quilombolas e dos direitos dos atingidos
por barragens, territórios pesqueiros e outros.
5. Banir imediatamente os agrotóxicos já proibidos em outros países do
mundo, a proibição das pulverizações aéreas e políticas de redução do uso de
agrotóxicos no campo. E profunda revisão na política de liberação dos
transgênicos e controle social.
6. Implementação pelo governo de uma política de controle do
desmatamento das florestas em todo país e apoio à recuperação de áreas
degradadas e de reflorestamento pela agricultura familiar e camponesa.
7. Cancelamento da privatização dos recursos naturais como água,
energia, minérios, florestas, rios e mares. Propomos a retirada do regime de
urgência no congresso nacional do projeto de Código de Mineração, e que o
governo/congresso faça um amplo debate nacional com os trabalhadores
brasileiros, para produzir um novo código de acordo com os interesses do povo
brasileiro.
8. Implementação imediata de programas para erradicar o analfabetismo e
garantir escolas em todas as comunidades rurais.
9. Suspensão de todos os leilões de privatização de áreas de perímetros
irrigados no nordeste e destinação imediata para o INCRA realizar assentamentos
para agricultura familiar e camponesa e adoção de políticas estruturais para
democratização da água e para ajudar as famílias a enfrentar as secas.
10. Fim da lei Kandir, que isenta de impostos as grandes empresas
exportadoras de matérias primas agrícolas, energéticas e minerais.
Oi PauloAcabei de ler sua entrevista no IHU sobre o Papa Francisco.Infelizmente ele pisou na bola quando falou sobre a ordenação das mulheres.Faltou
ResponderExcluira "revolução da ternura".Quem é ele pra fechar janelas e portas?Acredito na Igreja como "Povo de Deus"-fiquei decepcionado com tanto clero ocupando os espaços dos jovens na JMJ no Rio.Ele pisou na bola tambem quando esqueceu de falar sobre a situação dos povos indigenas.
Infelizmente não tenho dinheiro pra comprar os seus livros
Micheal Feeney - MS