*Carlos Alberto dos Santos Dutra
“Que
tristeza uma noticia dessas no dia dos religiosos” nos lembra o amigo Padre
Lauri Vital Bósio. A tragédia ocorrida na tarde de sexta-feira, dia 16 de
agosto último, senti a mesma dor e aperto no coração ao saber do fato. Duas
religiosas, Lucinda Moretti e Adelayde Furlanetto, que pertenciam a Congregação
Irmãs de São José de Chambéry, foram vítima de acidente de trânsito na BR-163,
a três quilômetros do perímetro urbano do município de Juti, no sentido
Naviraí, em Mato Grosso do Sul.
As
irmãs Lucinda, de 71 anos, e Adelayde, de 77 anos, “deixaram marcas na região
Sul do Estado no trabalho em favor dos indígenas e na defesa dos pequenos
proprietários rurais. Desde a década de 70 em Mato Grosso do Sul, Lucinda foi
uma das pioneiras da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e idealizadora da Feira
da Semente Crioula, em Juti”, nos lembra Lidiane Cober.
A
perda dessas duas batalhadoras missionárias do Reino de Deus, que deixaram sua
terra natal lá no Rio Grande do Sul — Feliz e Garibaldi –, para dedicarem-se,
pelo CIMI, na luta em favor dos povos indígena e campesinos, está sendo sentida
por toda a comunidade de Glória de Dourados, Fátima do Sul, Caarapó, Juti e
Dourados, onde suas ações são por demais conhecidas.
Sob
a poeira da estrada e lá a vemos, Irmã Adelayde, sempre ativa e zombando da
idade – o que dava inveja a muito jovem –, atuando no distrito da Nova Casa
Verde, em Nova Andradina, entre os deserdados da sorte. O amigo Vanilton relata
que, na ocasião do acidente, elas retornavam de uma aldeia indígena: iam ao
sitio de um amigo para pegar fertilizante natural.
Quem
conhece as estradas que margeiam sitios e chácaras na região de Dourados e sul
do Estado, pontilhada de pequenas propriedades de agricultores familiares,
acampamentos rurais e aldeias indígenas, sabe que o progresso é veloz e pouco
se apercebe dos que estão à sua volta. Os passos lentos e sadios da esperança,
que andava de Gol, e lançava à miúde sementes do Reino para um justo amanhã,
entretanto não é páreo para velozes caminhonetes Rangers XLS e o frescor da
juventude. Conforme apurado pela reportagem do Caarapó News, o veículo foi
jogado a mais de 30 metros do local da colisão.
As
irmãs eram muito queridas pelas famílias assentadas da reforma agrária, noticia
a Imprensa. Elas moravam nesses assentamentos auxiliando as mulheres e as
crianças. Viviam de modo humilde, levando o carisma da ordem, espiritualidade e
lutando por melhores condições de vida. Na Pastoral da Terra, cita Lilian
Donadelli, elas desenvolviam projetos voltados à educação ambiental, de forma
participativa, incentivando a conservação de espécies existentes na área do
assentamento, além de ensinar a multimistura rica em vitaminas para fortalecer
a imunidade das crianças e adultos.
Perdem,
assim, os povos indígenas e os sem-terra de Mato Grosso do Sul, as irmãs
Lucinda Moretti e Adelayde Furlanetto que foram sepultadas no domingo (18.8.),
em Garibaldi-RS, dia em que se comemora o dia das vocações religiosas. Os
municípios de Juti e Carapó, hoje, estão de luto, em especial a aldeia indígena
Te’ yikue onde a Irmã Lucinda prestava seu abnegado trabalho pastoral.
O
Mosteiro de São José de Garibaldi haverá de dobrar os sinos de lamento e
glória, pela partida dessas duas missionárias que deixaram sua terra, e hoje,
temos certeza, se encontram na terra definitiva de Ñhanderú, ao lado da Assunta
Virgem Maria.
Amigo Pe. Paulo Suess, obrigado por dar eco a um sentimento de solidariedade tão particular que nutrimos pelos entes queridos e ao mesmo tempo tão universal para os que se dedicam à vida missionária na busca do Reino possível entre nós. Abraço. Diác. Carlito (Diocese de Três Lagoas-MS)
ResponderExcluir