Os
chefes de Estado e Governo de Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul
aprovaram a "Declaração de Fortaleza" e o "Plano de ação de
Fortaleza" após a VI Cúpula do BRICS. O documento fala em iniciativas
multilaterais e da cooperação entre os países do bloco, e pontua que a reunião
ocorre em momento crucial para a recuperação econômica mundial depois das
crises financeiras globais. Os países consideram que o crescimento econômico e
as políticas de inclusão ajudaram a estabilizar a economia e a combate a
desigualdade. Também defende que mercados financeiros regulados e níveis
robustos de reservas permitem que as economias dos países consigam lidar com
riscos e alastramentos das condições econômicas dos últimos anos.
Vozes discordantes
A
relação entre trabalhadores e empresas do setor de mineração, que atuam em uma
lógica transnacional de escoamento de minérios extraídos de países em
desenvolvimento, é uma das maiores batalhas no mundo do trabalho atualmente.
Acirrada, sem dúvida. Mas bastante desigual. É o que ressaltam movimentos
sociais de nações do hemisfério Sul, que denunciam a aliança das grandes
corporações do setor com governos locais, excluindo, porém, a maior parte das
populações das decisões.
Em
busca de alternativas que possam ultrapassar esse somatório de interesses,
entidades da sociedade civil buscam formas de construir redes de resistência
internacionais. Foi com esse objetivo que o sindicalista Joseph Mathunjwa,
presidente da Associação dos Sindicatos de Mineiros e Trabalhadores da
Construção da África do Sul, desembarcou em Fortaleza no mês de julho, para
acompanhar a Cúpula paralela dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul), organizada pela Rede Brasileira pela Integração dos Povos. Enquanto os
chefes de Estado estavam reunidos para a criação de um banco comum, líderes de
organizações da sociedade debatiam problemas e soluções para melhores condições
de vida das populações.
Qual é sua avaliação sobre os BRICS e
a criação deste novo banco?
Para
responder, temos que pensar na história. Você lembra quando falavam do grande
ônibus rumo à estação da globalização? Nos diziam que ela seria muito boa para
todos, facilitaria a vida, os contatos, daria livre acesso às relações
comerciais e diminuiria até as desigualdades. Mas, passada a euforia inicial,
veja o que aconteceu. As grandes companhias embarcaram sozinhas e ganharam.
Esses caras da globalização decidem como e quando a gente cresce. Agora surge
uma nova promessa, os BRICS, que acabam de criar seu próprio banco. Perceba
que, quando este grupo foi criado, a África do Sul nem era parte dele. No
último minuto, perceberam: não podemos ir à frente na África sem eles. Nações e
empresas multinacionais têm grandes ambições na África. Como a África do Sul
tem estabilidade econômica e grande tolerância ao capitalismo, é o parceiro
perfeito. O que a África do Sul vai ganhar? Minha aposta é que vamos dar
riqueza natural, como minérios, e mão de obra barata, a dupla perfeita. E em
troca alguns políticos e companhias serão beneficiados. Mas a nação não.
O Brasil também compartilhou de uma
outra promessa também feita à África do Sul: a Copa do Mundo. Houve algum
legado para a população?
Prometeram
grandes projetos para o desenvolvimento do país e um avanço grande em
sustentabilidade. O que temos hoje são estádios inúteis. Não os utilizamos. E
parte dos altos gastos com manutenção são pagos do nosso bolso, com nossos
impostos. Além disso, a Copa foi linda para a elite que pôde pagar. A maior
parte do país vive muito distante desse luxo. As melhores condições de vida
estão disponíveis apenas para a elite em Johanesburgo e na Cidade do Cabo. A
maior parte da cidade do país vive em condições muito abaixo. Isso é outra
coisa que os BRICS não levam em conta, a desigualdade entre as regiões, nada
disso está em debate. Os Brics, para mim, são outra forma de colonização no
século XXI. Serão um novo veículo de exploração da África.
Acredito que é necessário investir muito na Educação, principalmente naqueles países que compõem os BRICS, e que estão bastante defasados, se comparados seus índices educacionais e de desenvolvimento humano, aos parceiros de sigla mais favorecidos, conforme os dados publicados recentemente na mídia.
ResponderExcluirSomente através da educação com qualidade, as sociedades poderão alcançar patamares almejados para os emergentes e, sobretudo, aos que se encontram em nível de pobreza e carência generalizada!