Nossa Copa pela Vida


Por Rosinha Martins e Jaime C. Patias   
15 / Mai / 2014 08:21
“Queremos criar um clima de vigilância e de reação ao Tráfico Humano e à Exploração Sexual que, em tempos de megaeventos, como a Copa, tendem a crescer”. A afirmação é da coordenadora da Rede um Grito pela Vida, Irmã Eurides Alves de Oliveira, durante Coletiva de Imprensa que lançou a Campanha “Jogue a favor da vida - denuncie o Tráfico de Pessoas”.
O evento reuniu na sede da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), em Brasília, nesta quarta, dia 14, jornalistas, representantes de igrejas cristãs, universidades, instituições e organismos afins.
Uma iniciativa da CRB Nacional, a Campanha é coordenada pela Rede um Grito pela Vida e visa alertar a sociedade brasileira sobre o Tráfico de Pessoas, a Exploração Sexual e outras formas de violação dos Direitos Humanos que podem aumentar durante a Copa do Mundo.
Ao apresentar a Campanha, Irmã Eurides, icm, explicou que as ações, já começaram em todo o Brasil, em fevereiro, com atividades como coletivas de Imprensa, debates, panfletagens, caminhadas e celebrações. Agora, a previsão é intensificar essas ações nas cidades-sedes da Copa. “Cada núcleo da Rede está mapeando lugares estratégicos, aeroportos, estações rodoviárias, corredores de ônibus, estações de trens, lugares de maior fluxo de turismos como capitais litorâneas e praias, para esta conscientização”, relatou. “Consideramos esta oportunidade um momento singular para defender a vida e denunciar as formas de violação dos direitos humanos. Queremos mostrar aos turistas e aos brasileiros que o Brasil se opõe radicalmente à Exploração Sexual e ao Tráfico de Pessoas. Existem leis e punições severas para os envolvidos”, reforçou.
No próximo dia 20 de maio, na Sala de Imprensa do Vaticano, representantes da CRB Nacional e religiosas da Rede Internacional ‘Talita Kum’, à qual a Rede um Grito pela Vida está associada, apresentarão a Campanha “Jogue a favor da vida – denuncie o Tráfico de Pessoas” ao prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, o cardeal dom João de Aviz.
Na Capital Federal, no mês de junho, a CRB Nacional pretende, com o apoio da CNBB, da arquidiocese de Brasília e do governo, realizar uma caminhada na Esplanada dos Ministérios em memória das vítimas do Tráfico de Pessoas e da Escravidão Moderna.
A vice-presidente da CRB Nacional, Irmã Maria Inês Ribeiro, mad, destacou que a Campanha é motivada “pela própria missão da Vida Religiosa Consagrada no Brasil, de ser presença profética em situações de fronteiras, nas periferias em especial entre as juventudes e onde a vida é mais ameaçada”. Esclareceu que não é somente por causa da Copa do Mundo que a CRB enfrenta o Tráfico de Pessoas, a entidade assumiu essa missão já no ano 2006.
O secretário-geral da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, ofm, avaliou que “a Campanha da Fraternidade (CF) ajudou o Brasil a abrir os olhos para a realidade sofrida do Tráfico Humano onde as pessoas não são mais tratadas como pessoas, muito menos como filhos e filhas de Deus”. Segundo o bispo, o tema da CF 2014 foi fruto do trabalho da Vida Religiosa, no enfrentamento do Tráfico de Pessoas. Dom Leonardo prevê que “o país abrirá ainda mais os olhos com o ‘gol’ que a CRB está fazendo desde já, com esta Campanha e está incidindo como Vida Religiosa, lá onde as pessoas mais sofrem, de maneira discreta, mas muito eficaz e evangélica, consoladora e samaritana”, complementou.
Na opinião do secretário de Justiça do Distrito Federal, Jefferson Ribeiro, no combate ao Tráfico de Pessoas, o governo deve unir forças com a sociedade civil. Ele recordou ainda que a Lei Áurea foi promulgada há 126 anos (13 de maio de 1888), mas até hoje não conseguimos acabar com a escravidão. “Esse é um assunto que envergonha o povo brasileiro”. Em seguida, explicou que, por ser “um crime de porão” se torna mais difícil combatê-lo. “Estamos diante de um monstro e esperamos continuar firmes contando com a parceria da CRB, da CNBB e da arquidiocese de Brasília”.
Esteve também presente na Coletiva, o Dr. Marcello Lavenère Machado, membro vitalício do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e professor de Direito Civil na Universidade de Brasília (UnB). Ao avaliar o comportamento dos grandes meios de comunicação, o jurista disse que, “a sociedade brasileira tem dificuldades de abortar certos temas pela falta de acesso a um elenco amplo e plural de notícias. Esperava ver aqui jornalistas dos grandes meio de comunicação, mas já sabia que essa esperança não seria correspondida”, observou. “Num país com 200 milhões de habitantes onde apenas quatro famílias controlam os principais meios de comunicação, a sociedade civil não organizada fica refém da opinião publicada”.
Pediu ainda que o “aparelho repressor do estado” que quase sempre se voltou seletivamente contra os segmentos mais vulneráveis da sociedade, durante a Copa e das manifestações que estão sendo esperadas, mude de atitude. Quando ao enfrentamento do Tráfico de Pessoas, disse que esse e outros crimes existem “por que há um regime injusto que considera cada sentimento humano uma mercadoria. Temos ainda esperança, uma esperança que tem duas filhas, como dizia Santo Agostinho: a indignação para não aceitar isso como algo natural e a coragem para denunciar essas práticas”.
A CRB Nacional expressou agradecimentos pela parceria da CNBB, Secretaria de Justiça do DF, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), Pontifícias Obras Missionárias (POM), Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Cáritas Brasileira, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), CRB Regional de Brasília e Goiânia da arquidiocese de Brasília, Rede Vida de Televisão, Canção Nova Notícias e Agência Zenit.
Fundada em 1954 a Conferência dos Religiosos do Brasil celebra, este ano, 60 anos de existência. A entidade congrega cerca de 40 mil religiosos e religiosas de diversas congregações e ordens de Vida Consagrada.
Mais informações: Blog da Rede um Grito para a Vida

Um comentário:

  1. Penso que seria interessante articular essa luta com entidades civis que atuam em defesa dos direitos humanos e da vida com dignidade, em diversos segmentos. Focados nos direitos da população de zero a dezoito anos, os Conselhos Tutelares dos Direitos das Crianças e Adolescentes bem como os Foruns de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional.
    Na defesa das mulheres, as Promotoras Legais Populares atuam em todos estados da Federação. As Agentes "Bem-querer-mulher", formadas no "Projeto Maria, Maria", vinculado à Unifem, braço da ONU, para a defesa dos direitos das mulheres.....Enfim, considero que a união de esforços da sociedade civil , ao lado das ações das diversas Igrejas e confissões religiosas, entrosadas com as ações governamentais, seria uma forma de combater, com mais resultados, essa terrível realidade do tráfico humano, para diferentes fins.

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