Fonte da notícia:
Mobilização Nacional Indígena – Apib e
Conselho Indigenista Missionário – Cimi
(24/04/2015).
O governo brasileiro bem que tentou esconder,
mas lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) levaram ao
Fórum Permanente para Questões Indígenas da Organização das Nações Unidas
(ONU), na tarde desta sexta-feira, 24, em Nova York (EUA), a realidade das
comunidades país afora. Lindomar Terena (na foto, de cocar), por volta das 17
horas, horário de Brasília, leu uma carta da Articulação dos Povos Indígenas do
Brasil (Apib) dirigida à mesa diretora do Fórum (leia a carta na íntegra no
sitio da Apib e do Cimi). A repercussão do pronunciamento foi tamanha, que
virou debate.
A carta gerou protestos de representantes do
Ministério de Relações Exteriores do Brasil, que enviou uma comensal para
rebater no Plenário e passar o recibo. “O nosso pronunciamento gerou um debate
de 30 minutos. O governo respondeu a carta dizendo que a realidade dos povos
indígenas é difícil em todo o mundo e desafiou os demais países a apresentarem
números maiores de demarcações de terras indígenas. Disse ainda que reconhece
os problemas, mas que estão trabalhando para a solução. De que país essa gente
estava falando eu não sei”, afirma Sônia Bone Guajajara (na foto, de touca
rosa), da Apib, presente no Fórum.
Conforme a Guajajara, a vice-presidente do
Fórum, Ida Nicolaisen, disse que ficou espantada com as denúncias dos indígenas
do Brasil. E surpresa. “O governo federal vende aqui fora que está tudo bem, os
povos vivem em harmonia com o projeto governamental. Para o governo brasileiro
foi um constrangimento, porque inclusive eles tinham acabado de lançar os jogos
mundiais”, complementa Sônia. Antes do bloco da tarde, nesse que é o 14º
Período de Sessões do Fórum, o governo brasileiro lançou os Jogos Mundiais
Indígenas, previsto para acontecer no 2º semestre, em Palmas (TO).
“A nossa fala contradiz tudo o que eles estão
mostrando. Para os participantes também ficou evidente essa manipulação. A
vice-presidente afirmou com todas as letras que a situação do Brasil não pode
mais uma vez ser deixada de lado, que a ONU precisa pressionar o governo a
demarcar terras, melhorar a situação”, ressalta Sônia.
Demarcação
Para Eliseu Guarani e Kaiowá (na foto, de
fone) as demarcações são a pauta central dos povos indígenas no Mato Grosso do
Sul e no país. “É duro viver entre o veneno da soja e as balas dos pistoleiros;
entre a cerca e o asfalto, enquanto o governo diz que está tudo bem. Faz clima
de festa. Um desrespeito isso”, diz.
Eliseu já andou meio mundo. Passou por vários
países da Europa, América Latina, foi aos Estados Unidos outras vezes. Em seu
tekoha – lugar onde se é –, o Kurusu Ambá, vive com a cabeça a prêmio. É assim
que funciona as coisas para os indígenas que lutam por terra no cone sul do
Mato Grosso do Sul. É assim em praticamente todo o país. “Podem me matar quando
eu votar, posso nem ver as terras demarcadas, mas vamos lutar. Na ONU podemos
denunciar fora do país, para mostrar a nossa realidade, o que vivemos dia a
dia”, afirma. A PEC 215, as reintegrações de posse, os assassinatos e as
lideranças desaparecidas foram outros pontos abordados.
De acordo com o pronunciamento da delegação
do Brasil de lideranças indígenas, 18 terras indígenas estão na mesa da
presidente Dilma Rousseff aguardando homologação. Já na mesa do ministro da
Justiça José Eduardo Cardozo, 12 terras, sem nenhum impedimento jurídico, aguardam
a publicação da Portaria Declaratória. “Então não vamos acreditar que este
governo tem comprometimento conosco porque no último dia 19 de abril homologou
quatro terras na Amazônia, sendo que uma foi obrigada pelas condicionantes da
UHE Belo Monte”, pontua Sônia Guajajara.
O Fórum segue até a próxima sexta-feira, 31,
e as exposições serão voltadas ao acesso à Justiça dos povos indígenas.
Foi preciso que o clamor dos Povos Indígenas chegasse à ONU, para serem finalmente ouvidos.....A partir de agora, não há mais como ficar postergando ou enredando os atingidos por essa causa humanitária. Porque o Governo Federal, o Parlamento e até o Judiciário serão pressionados à adoção de medidas urgentes para o cumprimento da Constituição - restituir às Nações Indígenas as terras que lhes pertencem, por direito - e combate aos facínoras que expulsaram e dizimaram seres humanos indefesos, acreditando na impunidade!
ResponderExcluirQue venha logo a Justiça!!!!!!