O Papa Francisco assinou
nesta quinta-feira, de 3 de abril um decreto que proclama santo o jesuíta espanhol José de
Anchieta, conhecido como Padre Anchieta, mais de 400 anos após a abertura de
seu processo de canonização.
A assinatura, esperada
inicialmente para acontecer na quarta-feira (2), ocorreu durante uma reunião
entre o pontífice e o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas
dos Santos.
Nascido nas
Ilhas Canárias, arquipélago que pertence à Espanha, Anchieta ingressou aos 17
anos na Companhia de Jesus, e chegou ao Brasil com 19 anos. Em 1554, participou
da fundação de São Paulo. Ao longo de sua vida ficou conhecido pela
característica de conciliador. Teve papel fundamental durante o conflito entre
os índios Tamoios (ou tupinambás) e os tupiniquins, denominado Confederação dos
Tamoios, que ocorreu entre 1563 e 1564.
Na época,
os Tamoios, apoiados pelos franceses, se rebelaram contra os tupiniquins, que
recebiam suporte dos portugueses. Para apaziguar os ânimos, Anchieta se
ofereceu para ficar de refém com os tamoios na aldeia de Iperoig, enquanto
outro jesuíta, o padre Manoel da Nóbrega, seguiu para o litoral de São Paulo
para negociar a paz.
Enquanto
esteve “preso”, sua devoção à Virgem Maria o fez escrever na areia a obra
“Poema à Virgem”, com quase cinco mil versos. A imagem deste momento foi
retratada séculos depois pelo artista Benedito Calixto.
Anos
depois, foi nomeado Províncial do Brasil da Companhia de Jesus, responsável por
todas as missões jesuítas do Brasil. Visitou várias regiões até morrer em 1597,
aos 63 anos.
Nas ruas de São Paulo, estátuas
de Anchieta e de Anhangüera disputam a atenção dos transeuntes. A Grande São Paulo é atravessada por uma
"Via Anchieta", mas também por uma "Via dos Bandeirantes" e
uma "Raposo Tavares", lembrando o chamado "ciclo de caça ao
índio". O povo herdou a alquimia de sua sobrevivência dos índios
colonizados e sabe como pode ser útil acender uma vela a Deus e outra ao diabo.
O embate do bem contra o mal – tantas vezes invocado nos autos de Anchieta –, o
povo o enfrenta nas ruas de São Paulo, onde a violência real supera a
imaginação alegórica do missionário quinhentista. Hoje, os interlocutores
principais de Anchieta, os tupinambá, são "Outros" desaparecidos. Sua
memória pode significar lembrança e saudade, mas também indignação que visa à
ruptura com a barbárie contemporânea.
Hoje, na missa quaresmal da manhã, tivemos a alegria de proferir a Oração a São José de Anchieta, pela primeira vez, a partir de sua canonização.
ResponderExcluirEntão, a partir dessa efeméride, podemos rezar, diariamente, invocando a proteção desse grande Apóstolo Missionário, sobre todos os missionários sacerdotes, religiosos, leigos, consagrados à causa do Reino.
Excelente texto sobre o significado do Anchieta histórico e evangelizador do Novo Mundo!
Brilhante, como sempre!!!!