“Diga aos meus bispos que avancem!”
Na
recepção pelo Papa Francisco, entreguei um pequeno texto sobre o fato de que
70% das nossas comunidades estão sem eucaristia. Confrontei a realidade com
textos do magistério da Igreja. O papa me respondeu: “Eu falei aos bispos no
Rio que, particularmente, na Amazônia precisam ter coragem e propor soluções.”
Carência eucarística segundo
Aparecida
“O
número insuficiente de sacerdotes e sua não equitativa distribuição
impossibilitam que muitíssimas comunidades possam participar regularmente na
celebração da Eucaristia. Recordando que a Eucaristia faz Igreja, preocupa-nos
a situação de milhares dessas comunidades privadas da Eucaristia dominical por
longos períodos de tempo” (DAp 100e).
Lamento dos bispos da
Amazônia legal
Em
sua “Carta do Primeiro Encontro da Igreja Católica na Amazônia legal”, de 2 de
novembro de 2013, os bispos da região lamentam: “Causa-nos uma profunda dor ver
milhares de nossas comunidades excluídas da eucaristia dominical. A maioria
delas só tem a graça de celebrar o Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do
Senhor uma, duas ou três vezes ao ano.”
O
Decreto “Presbyterorum ordinis” é
taxativo: “Nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu
centro na celebração da santíssima Eucaristia, a partir da qual, portanto, deve
começar toda a educação do espírito comunitário” (PO 6). Também a Constituição
Dogmática “Lumen gentium” fala da
Eucaristia como “fonte” e “ponto culminante de todas a vida cristã” (LG 11).
Torna-se urgentemente necessário criar estruturas em nossa Igreja para que os
70% de comunidades, que hoje estão excluídos da celebração eucarística
dominical, possam participar da “fração do pão” (At 1,42), do “sacramento da
piedade, sinal de unidade, vínculo da caridade, banquete pascal” (SC 47).
Valor da Eucaristia segundo Aparecida
“A
ação de graças a Deus pelos numerosos e admiráveis dons que nos outorgou
culmina com a celebração central da Igreja, que é a Eucaristia, alimento
substancial dos discípulos e missionários” (DAp 25; cf. 363).
Adicionar legenda |
A
comunhão trinitária na Igreja “tem seu ponto alto na Eucaristia, que é
princípio e projeto da missão do cristão” (DAp 153).
“Os
fiéis devem viver sua fé na centralidade do mistério pascal de Cristo através
da Eucaristia, de maneira que toda a sua vida seja cada vez mais vida
eucarística. A eucaristia, fonte inesgotável da vocação cistã é, ao mesmo
tempo, fonte inextinguível do impulso missionário (DAp 251).
“Sem
uma participação ativa na celebração eucarística dominical e nas festas de
preceito, não existirá um discípulo missionário maduro” (DAp 252).
Responsabilidade
eclesial
A
Igreja é responsável para esta situação. Ela deve fazer tudo para que milhares
de comunidades, privadas do pão de cada dia, não sejam também privadas da
celebração do Sacramentum caritatis
(SCa), da celebração do amor, da cruz e da ressurreição que vivem a cada dia.
Proposta
Se
“a salvação das almas deve ser sempre a lei suprema” (Cân. 1752) como o Direito
Canônico afirma, deve ter soluções. A Igreja, que é sacramento de vida, assume
coletivamente essa carência e a sana coletivamente: um grupo de viri probati celebra em conjunto a
Eucaristia. A Igreja os convoca e encarrega para fazer comunitariamente, o que
nenhum deles pode fazer sozinho. O vínculo com a comunidade e para a
comunidade, no interior de uma diocese e paróquia vai fazer da Igreja local uma
“comunidade de comunidades” (DSD 58, DAp 99e, 309). São Paulo deixou nenhuma comunidade que fundou, sem eucaristia. Precisamos voltar aos tempos apostólicos!
Essa proposta corajosa e necessária vem de encontro aos anseios das comunidades que desejam ardentemente receber a Eucaristia, como alimento de vida eterna.
ResponderExcluirMuito bem fundamentada e plausível, a forma de proporcionar a riqueza maior da nossa fé, a todos que procuram fortalecer sua vivência sacramental.