A Escola de Mecânica da Armada - ESMA é uma unidade da
Marinha da Argentina, destinada à formação de suboficiais especialistas em
mecânica e engenharia de navegação, na cidade de Buenos Aires. A ESMA foi o
mais emblemático centro clandestino de detenção e tortura utilizados pela
repressão argentina do regime militar (1976-1983), por onde passaram mais de
5000 presos, posteriormente, desaparecidos. Fechado após o retorno da
democracia, em 2004 foi convertido em centro de memória para recordar a
repressão, o terrorismo de estado e promover o respeito aos Direitos Humanos.
Sobre esses assassinatos reinava um silêncio mortal.
Os desaparecidos
Os opositores do regime presos clandestinamente na ESMA,
após serem interrogados e torturados, mais de 90% deles foram assassinados, na
maior parte sedados e jogados no Rio da Prata, outros fuzilados ou mortos sob
tortura, incinerados e enterrados próximo ao campo de desportos do prédio.
Jorge Eduardo Acosta: el Tigre - ontem e hoje |
No Centro Clandestino de Detenção-CCD da ESMA funcionavam
dois grupos-tarefa, o 333, a serviço do SIN (Serviço de Inteligência Naval) e o
332, da Marinha, encarregado da zona norte da Grande Buenos Aires e da Capital
Federal, este dirigido pelo contra-almirante Rubén Jacinto Chamorro, auxiliado
pelo capitão Jorge Eduardo Acosta (el Tigre).
Atuaram nesse local 120 assassinos e torturadores, entre os
quais Alfredo Astiz, Ricardo Miguel Cavallo e Adolfo Scilingo, que dependiam
indiretamente do comandante da Marinha, almirante Emilio Eduardo Massera.
Adolfo Scilingo foi um dos primeiros militares que quebrou seu silencia e
admitiu, em 1997, sua participação em duas “missões” mortais. Em Abril 2005,
depois de um processo de oito anos, foi condenado a 640 anos de prisão e, em
2007, pela participação de outros 255 casos, para 1084 anos.
Adolfo Scillingo |
No livro “El Vuelo”,
se encontra uma descrição minuciosa desses voos feitos por Scillingo, ao
jornalista argentino Verbitsky. Apesar de muitos cuidados, alguns dos cadáveres
apareceram nas praias e foram identificados. Entre essas, os restos mortais de
duas das fundadoras das “Madres da Plaza de Mayo”.
Enrique Fukman |
O repressor Jorge “Tigre” Acosta, ex capitão da Marinha,
admitio ante o Tribunal Oral Federal 5 ser “absolutamente responsable,
militarmente, de toda ordem que deu na Escuela de Mecánica de la Armada. Enrique
Fukman, sobreviviente do centro clandestino e membro da Associação de ex
Detentos e Desaparecidos confirmou que “é a primeira vez que um membro do rupo
de tarefas que funcionou na ESMA, reconhece os crimes la cometidos”. Fukman
relatou a dolorosa experiência que teve como um dos prisioneiros na Escuela de
Mecánica de la Armada.
Não basta alimentar bem as pombas, precisa-se eliminar os tigres
e os ratos.
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