Caminhando para Aparecida do Norte

4. Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida

A imagem original de Nossa Senhora Aparecida é uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, que precede por muitos séculos a proclamação do dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Três pescadores encontraram, no dia 12 de outubro de 1717, uma imagem de barro cozido no rio Paraíba. Levaram a imagem para casa, onde atraiu devotos e operou milagres. No decorrer dos anos, muitas graças foram alcançadas pelos devotos da “Cidinha”, como carinhosamente é chamada.

Em muitos lugares do mundo se conta histórias semelhantes da origem humilde de uma devoção ou aparição de Nossa Senhora. Depois, quando o movimento cresce, a classe dominante percebe o alcance político do fenômeno religioso, manda construir capelas cada vez maiores, Igrejas e Basílicas. Inicia-se um processo de embelezamento dos fatos e das imagens e a integração na religiosidade oficial. Assim a pobre virgem de Nazaré se torna rainha dos cristãos. O povo gosta dessa ascensão social de suas devoções, sem considerar uma ameaça de seu protagonismo e imaginário religioso.

Meio ano depois da assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, que aboliu a escravatura, a Princesa Isabel visitou a basílica e ofertou à santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com um manto azul, ricamente adornado. Seis anos mais tarde, em oito de setembro de 1904, a imagem foi coroada. O evento contou com a presença do Núncio Apostólico, bispos, o Presidente da República Rodrigues Alves e muitos fieis. Em 16 de julho de 1930, por decreto do papa Pio XI, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial. Durante a ditadura militar, em 30 de junho de 1980, o dia 12 de outubro foi decretado oficialmente feriado. Em 1980, João Paulo II, e em 2007, Bento XVI visitaram Aparecida. O “Documento de Aparecida”, resultado da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, de 13 a 31 de maio de 2007, levou mito e realidade, graça e grandeza de Aparecida até os confins do mundo católico.
Entre a “Madona Negra”, a “Imaculada” e a “Aparecidaexistem diferenças e semelhanças. A festa da Imaculada é celebrada 8 de dezembro e a festa da Aparecida, 12 de outubro. A “Madona Negranão tem data determinada. A “Imaculada”, geralmente, é branca e sem filho. A imagem da “Aparecida” é também sem filho, mas negra. A “Aparecidaintroduziu a negritude naImaculada” e a “Imaculadaintroduziu a pureza naAparecida”. A “Aparecidatem a cor em comum com a “Madona Negra”. Mas o triunfo da “Madona Negra” é o filho. A “Imaculadaespiritualizou o filho. Se a “Virgem Imaculadafoi redimida por Cristo de maneira preventiva, a sua mera existência de “Imaculadapressupõe sempre o “Filho Redentor”.

Que a festa da “Cidinhanos faça lembrar, que sua imagem de barro cozido e escurecido pela longa permanência nas águas do rio Paraíba, não foi encontrada num berço esplêndido! Desde as profundezas das águas da nossa realidade e do nosso imaginário, onde convivem pobreza e realeza, Nossa Senhora Aparecida é nossa intercessora, nos convoca e envia - a serviço do Reino. O gritoViva Nossa Senhora Aparecida!” nos lembre da mobilização continental do 12° Grito dos/as Excluídos/as, que se realiza nesse mesmo 12 de outobro sob o lema "Trabalho, Justiça e Vida". Para mais informações, acesse: http://www.gritodelosexcluidos.org

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