Economia verde, economia includente



Frei Betto

[Escritor e assessor de movimentos sociais]



O Documento da ONU para a Rio+20 continha de positivo o reconhecimento de que a crise atual é estrutural, transcende os aspectos econômicos e financeiros, e resulta do esgotamento e das fragilidades do atual modelo capitalista de desenvolvimento.

Se o diagnóstico estava correto, a medicação agrava o estado do doente: a economia verde.

Esta economia não foge ao paradigma neoliberal de mercantilização dos recursos naturais. No frigir dos ovos, prioriza o capital privado.

A economia includente ou sustentável procura atender as necessidades e direitos de todos os seres humanos; promove a distribuição equitativa da riqueza e das oportunidades para a geração de renda e o acesso a bens e serviços públicos; e assegura, assim, condições de vida digna a toda a população, erradicando a pobreza e reduzindo as desigualdades sociais.



A crise atual é um momento privilegiado para se avançar na transição para novos modelos de governança, capazes de redirecionar os diversos capitais na criação de oportunidades de negócios e empregos que representem alternativas de desenvolvimento sustentável e sustentado.

Frente a esse cenário, o Instituto Ethos propõe Compromissos de Ação, entre os quais vale destacar: buscar a ecoefetividade de nossas atividades, por meio da redução do consumo total e da intensidade de insumos (como água e energia); reduzir emissões de gases de efeito estufa e mitigar seus efeitos já inevitáveis; investir no desenvolvimento de novas tecnologias, processos, produtos e modelos de negócio, pautados pelos princípios de sustentabilidade.

Propõe ainda o desenvolvimento territorial sustentável, contribuindo para erradicar a miséria e a pobreza; trabalhar por uma economia a serviço do desenvolvimento humano; implementar políticas e ações nas empresas e cadeias produtivas, visando ao desenvolvimento do capital humano e social, com ênfase equivalente à aplicada aos capitais econômico e financeiro, e a redução das desigualdades de oportunidades e remuneração em razão de origem social, racial, étnica, geracional ou de gênero.

Isso requer melhoria da governança e promoção da transparência e integridade, além do compromisso de trabalhar pela erradicação da corrupção e pelo estabelecimento de novas arquiteturas institucionais que prezem pela participação plural dos diversos atores sociais.

Há que enfatizar a importância do aperfeiçoamento dos mecanismos de promoção da integridade e da transparência dos processos de planejamento, decisão e operação, públicos e privados; e empenhar-se para o aperfeiçoamento do sistema político e da democracia.
É preciso também contribuir com conhecimentos e competências de modo a aprimorar as políticas públicas e fortalecer a gestão pública e dos mecanismos de controle e participação social, bem como exercer cidadania ativa e fiscalizadora, tanto nos processos eleitorais quanto durante os mandatos eletivos.
[fonte: Adital]


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